sábado, 23 de abril de 2011

Sobre o Surgimento da Ciência Econômica

Os livros clássicos de introdução a economia apresentam que a etimologia da palavra economia deriva do grego oikonomia, na qual oiko significa casa, propriedade, riqueza ou fortuna, e nomos significa regra, lei, organização ou até mesmo gestão. Neste sentido, na Grécia Antiga a economia era o ramo do conhecimento que cuidava da administração da comunidade doméstica, indo desde aspectos micro relacionados ao oikos até aspectos macro relacionados à Pólis (cidade, campo ou território). Convém ressaltar, entretanto, em que pese alguns poucos autores insistirem que Xenofontes (430-355 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) teriam sido os autores seminais desta ciência, que na Grécia Antiga não havia um estudo sistemático que observasse princípios autônomos neste ramo do conhecimento. A economia era apenas um campo do conhecimento integrante da “Ciência mãe”, a filosofia, estando integrada a um arranjo social e político mais amplo da qual não podia ser dissociada.
Um estudo mais aprofundado sobre a etimologia da palavra economista nos revela que ela deriva do latim oeconomus e esta do grego oikonomo, significando literalmente servo, mordomo ou dispensador, podendo ser entendida no sentido mais usual da época como o administrador de uma grande propriedade ou de uma instituição pública ou particular. Ou seja, em seus primórdios, na Grécia Antiga, o economista era claramente um servidor público, entendido este como aquele que serve aos outros ou a coisa pública. Esta visão mais de mil anos depois pode ainda ser encontrada em São Tomaz de Aquino (1225-1274), um clássico teólogo e filósofo da Idade Média que denominava de economos quem administrava bens, rendas e despesas do lar ou, como ele mais usualmente utilizava, monastérios.
No ano de 1615 um autor mercantilista francês denominado Antoine de Montchrétien (1575-1621) publicou a obra Tratado de Economia Política na qual pela primeira vez a expressão Economia Política aparece. Esta obra é simbólica na medida em que com ela pode-se perceber que a economia passa a figurar para os autores mercantilistas como um campo do conhecimento relacionado à gestão do Estado, inclusa, portanto, no campo de interesse das Ciências Políticas, sobrepujando desta forma as demais visões que denominavam este campo do conhecimento de “Crematística” ou “Catalactica”, palavras derivadas do grego khrema e katallactein que significam respectivamente Ciência da Riqueza e Ciência das Trocas.
Em 1755 foi publicada post-mortem a obra Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral do irlandês residente na França Richard de Cantilon (1680-1734), escrita ainda na década de 1730. A obra de Richard de Cantilon permaneceu obscura até por volta de 1880 quando William Stanley Jevons (1835-1882), um renomado economista da Escola Neoclássica, deu os devidos créditos ao ineditismo deste livro destacando-o como a mais metódica e completa formulação econômica anterior a Adam Smith, chamando o autor inclusive de primeiro economista político. De fato é indiscutível a influencia que as idéias de Cantilon tiveram sobre as formulações da Escola Clássica, a começar por Adam Smith, e da Escola Fisiocrata, com destaque para a teoria dos salários relativos, a visão circular da renda, a teoria do valor da terra, o papel dos metais preciosos na economia internacional e a relação entre moeda e inflação.
Outra data importante para a história desta ciência é o ano de 1758 quando o autor fisiocrata francês François Quesnay publicou o tratado Tabela Econômica mostrando pela primeira vez que a atividade produtiva funcionava a partir de uma lógica sistêmica, com a economia nacional sendo formada por conjuntos interdependentes (agricultura, indústria e comércio) articulados pela formação, distribuição e consumo das riquezas.
Entretanto, o surgimento formal da Ciência Econômica é atribuído ao lançamento do livro Um Inquérito sobre a Natureza e as Causas das Riquezas das Nações do filósofo escocês Adam Smith no ano de 1776, obra que estabeleceu a economia como ramo do conhecimento independente da Filosofia e da Ciência Política. Nesta obra Smith construiu um modelo abstrato e relativamente coerente da natureza, estrutura e funcionamento do sistema capitalista, no qual havia importantes ligações entre as principais classes sociais, os vários setores da produção, circulação e distribuição, riqueza e renda, comércio, moeda, formação dos preços e dinâmica de crescimento econômico. Este sistema, para Smith, poderia ser explicado por sua própria lógica interna.
Sua formulação teórica foi o reflexo de três progênies. Em primeiro lugar foi enfaticamente influenciada pelo ambiente da Grã-Bretanha nos idos da Revolução Industrial, aonde a visão de mundo anteriormente apregoada iria ruir em prol de uma nova sociedade regulada pelo e para o mercado. O segundo pilar estrutural de sua análise fundamentava-se no pensamento sociológico influenciado diretamente pela doutrina do individualismo através do pensamento de Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704), Anthony Ashley-Cooper – Terceiro Conde de Shaftesbury – (1671-1713), Francis Hutcheson (1694-1746), Bernard Mandeville (1670-1733) e David Hume (1711-1776). A terceira fonte de influência foi o iluminismo, mais especificamente a concepção de “ordem natural” das coisas, importando a idéia de que o mundo é regido por “leis naturais” como arquitetada por Isaak Newton (1643-1727) para as ciências naturais. Tal fenômeno filosófico derivou-se, fundamentalmente, do surgimento na Europa do racionalismo embutido nos ideais iluministas no qual o homem começou a buscar explicações racionais para os acontecimentos, suplantando a idéia de “ordem natural”. Assim, influenciada pela filosofia das luzes, a sociedade passava de uma visão de mundo teocêntrica para outra racional, visando transpor leis comportamentais do mundo físico para o âmbito do social, dando início à Economia Política como disciplina autônoma na qual a preocupação com a “lei natural” pressupunha a identificação de um princípio unificador que reduzisse todos os fenômenos da vida econômica a um sistema inteligível e coerente.
Não há dúvida que a obra de Smith apresenta um conjunto teórico mais amadurecido e consistente que os seus antecessores, mas a alcunha de “Pai da Economia” certamente só lhe foi outorgada pelo fato do autor de A Riqueza das Nações ter participado do movimento das luzes, ter escrito na língua inglesa e em um período de intensas transformações pelo qual passava a Grã-Bretanha, posteriormente batizado de Revolução Industrial, no qual se tornava fundamental a formulação de modelos teóricos de referência que permitissem a explicação dos fenômenos econômicos e sociais. Assim, a partir de Adam Smith a economia passou a estudar a formação, distribuição e consumo das riquezas com base em modelos econômicos autônomos, estando este desiderato muito claro nas formulações de autores clássicos como Thomas Robert Malthus (1766-1834), John Stuart Mill (1806-1873), David Ricardo (1772-1823) e Jean Baptiste Say (1767-1832).

terça-feira, 12 de abril de 2011

Peniel: Eu não te largarei enquanto não me abençoares

Durante muito tempo vaguei sem te encontrar
Em terra distante acabei indo morar
Prosperei, mas não te encontrei
Voltei, Te procurei, mais uma vez o meu eu queria me derrotar
Foi nesta hora que Te peguei para lutar

Não quero mais suplantar
Sei que sobre os outros procurei triunfar
Porém descobri que é contra mim que devo lutar
Coloca a Tua marca em mim e transforma o meu ser
Quero uma aliança Contigo para nunca mais Te perder

Os Segredos do Empreendedor Cristão de Sucesso

Nos últimos meses a crise econômica mundial tem provocado o crescimento da incerteza nos mercados, uma retração do nível de consumo e investimentos e uma cautela exacerbada dos empreendedores ante ao quadro econômico incerto que se apresenta. Por outro lado, a crise econômica pode também representar uma “janela de oportunidades” que se bem aproveitada pode conduzir a uma trilha de sucesso. Contudo, alguns cuidados precisam ser tomados para que a oportunidade de melhoria de vida não acabe levando o empreendedor e a sua família para uma situação delicada em decorrência do insucesso na nova empreitada. Esta situação nos permite questionar quais seriam os segredos do empreendedor cristão de sucesso?
Estudos de mercado demonstram que a taxa de mortalidade entre micro e pequenas empresas no Brasil são muito elevadas. Cerca de 60% das empresas fecham as portas com até 4 anos após iniciadas as atividades. Duas perguntas surgem naturalmente. O que leva alguém a abrir um negócio próprio? E, quais fatores contribuem com maior intensidade para o sucesso de uns e fracasso de outros?
Pesquisas recentes demonstram que as principais razões alegadas para a constituição de novas empresas são: o desejo de abrir um negócio próprio, a identificação de uma oportunidade, a necessidade de aumentar a renda familiar, a existência de recursos disponíveis, ou mesmo uma situação de desemprego. Entretanto, para muitos o que começa como um sonho acaba em pouco tempo virando um pesadelo.
Diversos fatores contribuem para o elevado índice de insucesso: falta de capital de giro, carga tributária elevada, insuficiência de demanda, concorrência elevada, baixa taxa de lucro, inadimplência elevada, má localização da empresa, falta e/ou desconhecimento de linhas de crédito, inexistência de uma estratégia de marketing ou estratégia de marketing mal elaborada, precificação equivocada, inadequação dos produtos e/ou serviços às necessidades do mercado, inexperiência dos gestores e desconhecimento de ferramental administrativo e contábil básico.
Como contraponto os principais fatores de sucesso das empresas que sobrevivem à selva do mercado são: criatividade, perseverança e capacidade de liderança do empresário, aproveitamento de oportunidades, capacidade para assumir riscos, conhecimento do ferramental administrativo e contábil, precificação correta do produto, utilização de capital próprio no investimento, existência de capital de giro, reinvestimento dos lucros na empresa e boa estratégia de marketing e vendas.
Entretanto, a primeira pergunta continua ainda sem ser respondida: Quais seriam os segredos do empreendedor cristão de sucesso?
Em primeiro lugar, além de observar e aprender com o fracasso de uns e sucesso de outros, é importante ter em mente que a abertura de um negócio é uma decisão muito séria. Não pode ser derivada de um impulso momentâneo, ou como dizem “por empolgação”, e sem a devida análise de riscos e alternativas. É preciso pensar com cautela, analisar as inúmeras possibilidades (custos de oportunidade), para somente quando houver a certeza de que este é o ramo certo e de que o empresário tem realmente vocação para esta atividade, a iniciativa deve ser tomada.
Paralelamente a isto é fundamental saber que a atividade profissional de qualquer cristão encontra-se no campo da vontade permissiva de Deus. Deus não decide por você. Ele orienta e abençoa. Assim, antes de tomar a decisão final é aconselhável colocar todos seus os planos no altar do Altíssimo. Não tenha pressa. Busque intensamente uma resposta de Deus. Escute a voz do Espírito Santo. Ele certamente testificará no seu coração e haverá paz acerca da decisão correta. Mas, fica uma observação. Não coloque a sua vontade acima da vontade do Senhor. Muitas vezes queremos tanto alguma coisa que não paramos para escutar a voz do Espírito Santo. Tenha paciência. O Senhor tem o seu tempo certo para agir e responder. Além disto, esteja também preparado para uma resposta negativa.
Após o Espírito Santo ter testificado em seu coração positivamente, a hora é de agir. Aí vem a segunda orientação. Elabore um Plano de Negócios. Ele vai ser a sua “bússola” para as tomadas de decisões corretas. Todo Plano de Negócios é composto por um: estudo de mercado do setor onde a empresa irá atuar; descrição da forma jurídica da empresa; análise de curtos fixos e variáveis; enquadramento tributário; composição do capital social; mobilização de capital humano, estrutura organizacional e definição de fluxos; Plano de Marketing; definição de metas; descrição da estrutura de comercialização e distribuição; análise de cenários envolvendo a matriz SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças); diferencial competitivo; indicadores de viabilidade econômica; elementos estratégicos de viabilidade; e, plano operacional.
O mercado demonstra que os empresários que inicialmente elaboram um Plano de Negócios cometem menos erros, aumentam consideravelmente as chances de sucesso e aumentam a sua margem de lucro.
Finalmente, não esqueça nunca do seu abençoador. Coloque o seu negócio sempre nas mãos do Senhor. Habitue-se a todo dia antes de iniciar as atividades fazer um devocional no próprio local de trabalho, lendo a palavra, orando pela sua empresa, colocando nas mãos de Deus os problemas e as decisões que precisam ser tomadas. Ore também pelos seus funcionários, pelas pessoas que trabalham com você, pelos seus fornecedores e clientes. Estabeleça um momento na semana para na própria empresa realizar um momento de comunhão com leitura da palavra e oração. A sua empresa tem de ser muito mais do que uma fonte de renda para você e sua família. Ela tem de se tornar um espaço de evangelização, no qual a paz reine e as pessoas se sintam bem ao entrar, desejando sempre retornar.
Não deixe de devolver ao Senhor parte do que ele irá te dar por meio da sua empresa. Contribua alegremente para a obra por meio do dízimo, que é bíblico, e é uma demonstração de agradecimento por tudo àquilo que Deus dá e de subserviência a partir de uma vida dedicada ao Senhor.
Em síntese, o segredo do empreendedor cristão de sucesso é a adoção de uma gestão correta, respeitando os princípios da administração e utilizando corretamente as ferramentas de gestão disponíveis, e uma vida consagrada no altar do Senhor. Na próxima edição da revista daremos continuidade a este assunto.
Que o Senhor possa abençoar grandemente a sua vida!  

Os desafios para o Governo Simão Jatene

No último dia 31 de outubro a sociedade paraense vivenciou uma grande festa democrática. Após meses de debates, neste dia foi eleito um novo governador para o estado do Pará, Simão Jatene. Partindo do pressuposto de que a gestão pública é pautada por um tripé envolvendo planejamento, governabilidade e capacidade de governo, este artigo procura apresentar alguns dos mais importantes desafios que a nova gestão do Governo do Estado deverá enfrentar.
O planejamento precisa ser encarado como elemento estratégico e central na nova gestão. Precisamos construir uma visão de futuro para o nosso estado envolvendo ações de curto, médio e longo prazo, capazes de com imensa criatividade encontrar saída para a nossa condição de economia periférica. Para isto, precisamos desenvolver mecanismos indutores da diversificação da nossa base produtiva, agregação de valor a produção regional, geração de empregos qualificados e renda digna à nossa população, diminuição da dependência econômica dos produtos primários voltados ao comércio exterior e desenvolvimento de nosso mercado interno. Parodiando o grande economista Ragnar Nurkse que cunhou a expressão “círculo vicioso da pobreza”, nós precisamos encontrar alternativas para romper com o nosso “círculo vicioso da periferia e da dependência externa”. E isto somente pode ser construído com um processo de planejamento criativo, sistêmico e regionalizado.
Este processo de planejamento deve ser acompanhado da governabilidade do sistema. Para isto a nova gestão terá como principais desafios a busca pela integração e complementariedade com as ações do Governo Federal, a construção de maioria na Assembléia Legislativa, a manutenção do controle das pastas setoriais no processo de composição política, a integração e complementariedade com as ações das prefeituras por meio de uma gestão republicana, a transparência e a responsabilidade no trato com a coisa pública e a construção de um canal de diálogo com a sociedade fomentando o controle social das políticas públicas.
Entretanto, ao lado destes dois elementos, planejamento e governabilidade, é de fundamental importância a construção de uma efetiva capacidade de governo. Para isto a nova gestão precisa promover uma reforma administrativa capaz de dar maior celeridade, eficiência, eficácia e efetividade as ações de políticas públicas, enxugar a máquina pública acabando com sombreamentos entre secretarias e duplicidade de ações, diminuir os gastos com custeio para aumentar os investimentos, criar mecanismos que garantam a efetiva descentralização das ações de governo (levando o Estado para as regiões mais distantes da capital), qualificar o quadro técnico do estado, valorizar o servidor público e priorizar a meritocracia no seio da gestão.
É, portanto, uma tarefa complexa. Mas gestão pública é isto, e se isto for na prática efetivado é o povo do Pará quem será o verdadeiro vencedor desta eleição.

Os Camelôs e Problema da Informalidade

A recente iniciativa da Secretaria Municipal de Economia (SECON), de retirar cerca de 120 camelôs da Av. Padre Eutíquio trouxe a tona o problema do comércio informal de ambulantes em Belém. Trata-se de uma ação mais ampla da Prefeitura que começou em 2008 com a retirada de cerca de 500 ambulantes da Av. Presidente Vargas, com as próximas retiradas estando programadas para as avenidas João Alfredo e Santo Antônio. Ao todo a SECON pretende remanejar cerca de 2.500 ambulantes informais para áreas específicas com objetivo de desobstruir as calçadas da cidade.
O fato é que a questão dos ambulantes informais, ou camelôs como são comumente chamados, já se tornou um problema que não pode ser mais ignorado em nossa cidade, que desde a sua fundação tem a sua história ligada ao comércio. Alguns dados nos dão a dimensão exata do problema. Estudos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE) e levantamentos da SECON apontam para o fato de que 70% dos empregos em Belém estão no setor informal, existindo em Belém cerca de 6 mil camelôs.
Não são poucas as queixas advindas dos problemas gerados por esta atividade: caos urbano, calçadas obstruídas, engarrafamentos, falta de higiene, falta de garantia de qualidade dos produtos comercializados, concorrência desleal com comerciantes formalizados e a questão estética das vias públicas. Em que pese tudo isto, a informalidade é uma problemática crescente em nossa cidade e que por vezes passa a sensação de que o poder público perdeu o controle.
Entretanto, esta questão é muito mais profunda do que imaginamos. E o seu tratamento vai para além do simples remanejamento destes trabalhadores para áreas adequadas. Estamos tratando com uma parcela de nossa população que vive em situação de vulnerabilidade social, estando a margem de qualquer direito do trabalhador (previdência, fundo de garantia, férias, décimo terceiro etc.). São trabalhadores, na sua maioria com idade inferior a 30 anos, que mesmo à margem da sociedade seguem lutando contra a segregação. Apenas uma pequena parcela deles entrou na informalidade por opção. Cerca de 30% acabaram herdando a profissão dos pais e a grande maioria encontrou nesta atividade a única alternativa de sobrevivência decorrente da baixa qualificação profissional e da baixa empregabilidade. Para se ter uma idéia, cerca de 70% deles não possuem ensino médio e muitos não concluíram nem o ensino fundamental.  Ou seja, a informalidade, longe de ser uma questão de escolha, acabou sendo a única alternativa para toda uma geração de jovens que não encontraram no poder público políticas públicas que os capacitassem a ocupar postos de trabalho no mercado formal.
Desta forma, sem tentar defender o mercado informal, que traz uma série de conseqüências danosas para a sociedade, precisamos refletir melhor sobre a situação destes trabalhadores. A situação da economia informal em Belém é uma questão social fundamental que precisa ser enfrentada pelos nossos governantes com ações concretas. E isto passa fundamentalmente por um planejamento urbano consistente e pela construção de políticas públicas adequadas e integradas que focalizem questões como: qualificação, empregabilidade, formalização e acesso ao crédito.
Ou seja, por meio do planejamento e da integração de ações, o poder público, Prefeitura e Governo do Estado, precisa encontra uma alternativa socialmente adequada para estes trabalhadores. Não podemos virar as costas ou não nos sensibilizarmos com a situação destes cidadãos que estão buscando uma mínima condição de dignidade e que dependem muitas fezes desta atividade como única fonte de renda de sua família.

O Papel do Educador no Ensino Universitário

No primeiro semestre de 2010 fui agraciado com uma nobre e prazerosa missão, ministrar uma disciplina introdutória para os calouros do Curso de Ciências Econômicas da UFPA. Este fato acabou me levando a refletir sobre o papel do educador no ensino universitário. Recordei-me inicialmente de dois autores, Karl Marx e Paulo Freire. O primeiro, reconhecido por ser um dos mais brilhantes pensadores de todos os tempos e que alterou radicalmente os rumos de todas as ciências sociais advogando que muito mais do que interpretar o mundo de várias maneiras competia aos filósofos modernos a sua transformação. O segundo, conhecido internacionalmente como o mentor da educação para consciência, ensinou durante muito tempo, e continua ensinando, que ao educador compete levar o aluno a um processo de libertação a partir do momento em que a tomada de consciência de sua situação permite ao mesmo tornar-se sujeito de sua própria história. Ou seja, educação não é mera transmissão de conhecimento, é dar oportunidade ao aluno para que ele mesmo possa produzir em determinado momento conhecimento.
Todo bom educador busca desenvolver em seus alunos a consciência crítica e a autonomia intelectual. É um processo de incitação a curiosidade, de busca pelo novo e, principalmente, de superação de desafios e limitações. É, por outro lado, um processo dialético e social. Ninguém aprende sozinho e ninguém possui a verdade absoluta. É um processo interativo, no qual aluno vira professor e professor, aluno. Neste processo conhecimento, culturas e valores são compartilhados. Pontos de vistas, muitas vezes, modificados. Olhos, “abertos”.
Todo bom educador deve ter por objetivo derradeiro a ampliação dos horizontes de possibilidades de seus alunos, ajudando-os na construção de um futuro melhor. Todo bom educador é um idealista por natureza. Busca transformar a sociedade por meio da difusão do conhecimento, da tomada de consciência individual e coletiva e do desenvolvimento da autonomia intelectual. Ser educador não é ter uma profissão, é viver uma vocação. A sala de aula é um momento de gozo, de alegria, de compartilhamento, de auto-realização. Ver os avanços, o desenvolvimento dos alunos com o passar do tempo é a melhor recompensa que um educador pode ter. Por isso, o educador não poder cauterizar o seu coração e desviar de seus ideais em função de obstáculos que surgem ao longo de seu caminhar.
                 Todo bom educador deve saber claramente quais são os seus limites e antes de qualquer coisa também saber se impor limites. Mais ainda, deve aprender com os limites e usar estes para ensinar. Educar é viver, é sonhar, é rir, é chorar e também se decepcionar. Mas usar todas as experiências da vida para aprender e ensinar. Somente assim faremos da universidade uma instituição capaz de transformar vidas e própria sociedade.

Para pensarmos o desenvolvimento do estado do Pará

Quando se pensa em planejar o desenvolvimento, seja de um país, estado ou região, é questão basilar a realização de um amplo diagnóstico do espaço objeto da intervenção. Para intervir corretamente é necessário conhecer adequadamente. Ou seja, para prescrever políticas públicas eficientes e eficazes é necessário, dentre outras coisas, ter um diagnóstico claro dos entraves, que limitam o dinamismo econômico, e potencialidades, que podem ser indutoras de virtuosidades. Sem ter a mínima pretensão de expor um diagnóstico completo do estado do Pará, este artigo procura apresentar seis questões que precisam ser consideradas ao se pensar o planejamento do desenvolvimento do estado do Pará.
A primeira questão que deve ser considerada é a dimensão geográfica. O estado do Pará é o segundo maior estado federativo do Brasil. Engloba uma grande região geográfica heterogênea de 1,24 milhão de km2, situada inteiramente na Amazônia, e equivalente a 14% do território nacional. Esta vastidão territorial ao mesmo tempo em que lhe confere uma riqueza natural ímpar, oferece, por outro lado, algumas peculiaridades e entraves ao seu processo de desenvolvimento.
Em se tratando de um estado maior que inúmeros países e que possui alguns municípios maiores que diversos estados federativos do Brasil, esta grande extensão territorial dificulta a articulação e a integração econômica e social entre suas sub-regiões. Em que pese isto, durante muito tempo houve a insistência no entendimento de seu espaço construído como pertencente a uma única plataforma homogênea de planejamento, o que obstaculizou a construção de uma efetiva política de desenvolvimento regional no estado. Duas lições importantes devem ser tiradas disto. A forma de se pensar a intervenção pública no estado tem de levar em consideração este fato. Hipoteticamente, arquiteturas burocráticas institucionais adequadas para estados como Sergipe, Rio Grande do Norte, São Paulo ou Paraná, tornam-se em grande parte inadequadas para o estado do Pará. Desta maneira, é necessário construir uma arquitetura institucional burocrática adequada às especificidades do Pará. Uma pergunta deve nortear esta discussão, como levar as ações do Estado para mais próximas das demandas da população? Para isto, as ações devem ser pensadas de forma regionalizada. Políticas públicas adequadas para a realidade do Marajó podem ser em grande parte inadequadas para as regiões do Tapajós, Carajás ou Metropolitana, por exemplo. Ademais, qualquer política séria de desenvolvimento regional deve ter em sua base ações concretas em termos de regularização fundiária, ordenamento territorial e detalhamento do zoneamento econômico-ecológico.
A segunda consideração a ser feita diz respeito às características demográficas do Pará. Em termos demográficos, o estado com uma população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2007 em torno de 7 milhões de habitantes, e em decorrência de sua vastidão territorial, possui uma baixa densidade demográfica de 5,67 hab/km2, sendo que a maior parte de sua população (66,5%) reside em áreas citadinas. Contudo, comparativamente a outros estados brasileiros o Pará ainda possui uma significativa parte da sua população residindo em áreas rurais. Este fato é importante para se pensar ações de políticas públicas porque o custo e as dificuldades da intervenção tendem, em decorrência tanto da dimensão territorial quanto da demográfica, a ser bem mais elevados que em outras regiões do país. Em regiões nas quais a conurbação é maior, ganha-se em escala e reduz-se o custo das políticas.
A terceira consideração está relacionada à característica da rede urbana do estado. A função de metrópole regional é exercida pela cidade de Belém, que possui forte poder de comando sobre os fluxos regionais, estabelecendo-se como centro primaz de decisão. As enormes distâncias e as dificuldades geográficas de acesso a muitas das diversas sub-regiões, todavia, limitam o estabelecimento de fluxos interurbanos mais consistentes e a consolidação de uma rede urbana mais equilibrada. Por este motivo, a rede urbana paraense pode ser considerada como ainda não plenamente estruturada, em que pese à complexificação, redirecionamento e diversificação recente dos fluxos interurbanos. Como conseqüência, Belém não pode ser mais considerada como única opção em termos de serviços públicos especializados. As ações de políticas públicas precisam caminhar para a consolidação de uma rede urbana densa e equilibrada, e isto somente ocorrerá com o desenvolvimento de pólos como: Marabá, Redenção, Tucuruí, Paragominas, Capanema, Castanhal, Altamira, Santarém, Itaituba, Breves e Soure.   
A quarta consideração está relacionada às características da história econômica recente do estado e a conformação de sua base infraestrutural. No específico à economia do estado, até a década de 1960, esta se baseava na exportação do extrativismo de produtos florestais, havendo, entretanto, uma pequena variedade de oferta de bens de consumo industriais: refrigerantes, confecções, mobiliário e alimentos. Com a construção da rodovia BR-010, a Belém-Brasília, os produtores regionais se viram expostos a concorrência de empresas do Centro-Sul do Brasil, cujo nível de competitividade era maior, provocando, conseqüentemente, a decadência e o desaparecimento de várias empresas no estado.
Outra via de ordenamento econômico espacial do estado ocorreu com a construção de rodovias federais na década de 1970 que tiveram por finalidade integrar seu território à economia nacional, paralelamente à ocupação de sua vastidão territorial. O principal exemplo deste processo foi a construção da rodovia federal BR-230, a Transamazônica, que buscou a integração leste-oeste sob o lema “integrar para não entregar”. A implantação dessa rodovia foi acompanhada de um plano de colonização, o Polamazônia, baseado em um sistema de vilas rurais, denominadas Agrópolis e Rurópolis. Esse plano trouxe migrantes de outros estados, principalmente do Sul e do Nordeste, que deram início ao processo de colonização ao longo da rodovia. Criou-se, desta forma, um segundo fluxo de expansão da rede urbana e uma nova fronteira por onde se expandiu a atividade agrária do estado. Entretanto, as ações do plano, num determinado momento, não seguiram como previsto e a ocupação tomou outros rumos, inclusive com descontrole de desmatamentos e deficiência em termos de assistência técnica.
Na década de 1970 a economia do estado passa por sua mais significativa transformação, alterando profundamente sua estrutura produtiva, decorrente das mudanças estruturais na economia mundial e da crise energética, e principalmente da necessidade de geração de divisas para o pagamento da dívida externa brasileira. Estas mudanças estão diretamente relacionadas com a descoberta de inúmeros recursos minerais no estado e conseqüente implantação de projetos extrativos e de transformação, que acabaram exigindo, para seu funcionamento, a construção de toda uma infraestrutura, derivando daí o surgimento de hidrelétrica, rodovias, portos, aeroportos etc. Entretanto, apesar de todo este esforço, a infraestrutura econômica estadual hodierna ainda é inapropriada para dar o suporte adequado ao seu processo de desenvolvimento. Assim, na medida em que a infraestrutura econômica é fator limitante ou potencializador do desenvolvimento econômico, deve ser priorizada em termos de políticas públicas, posto que uma adequada infraestrutura reduz o custo de operação, induz ao adensamento de fluxos intra-regionais e propicia externalidades para a economia local.
A quinta consideração diz respeito aos impactos recentes na economia paraense em função de novos investimentos. Recentemente o ordenamento econômico e espacial do estado têm sido conduzidos pelo dinamismo do agro-negócio, pelo processo de verticalização da produção mineral, principalmente o Projeto Salobo em Marabá, o Projeto Onça Puma no município de Ourilândia do Norte, e a implantação de uma usina siderúrgica em Marabá; e pelas obras do Plano de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC).
No específico as obras do PAC, estas procuram: ampliar a infra-estrutura existente com a finalidade de integrar o território do estado e melhorar as condições de interligação do Pará com os demais estados do Norte e Centro-Oeste, reduzindo os custos de transporte de cargas; ampliar a infra-estrutura hidroviária, estruturando um corredor exportador da produção regional, propiciando o aumento da competitividade regional; e expandir o acesso fluvial aos municípios da região amazônica, beneficiando o transporte de passageiros e de cargas, ao longo de todo ano e com maior segurança e eficiência. Dentre as principais obras do PAC para o estado convêm destacar: a pavimentação das BR 163 (Cuiabá-Santarém) e BR 230 (Transamazônica); a construção da Hidrelétrica de Belo Monte; a conclusão das eclusas de Tucuruí; o prolongamento da Ferrovia Norte-Sul (em fase de estudo); a ampliação do Porto de Vila do Conde (construção da Rampa roll-on roll-off); a construção de terminais hidroviários (Santarém, Monte Alegre, Breves); e as linhas de transmissão de energia elétrica Tucuruí-Macapá-Manaus e Marabá-Serra da Mesa.
Em que pese este cenário econômico promissor, o Pará com um PIB estimado para 2007 em torno de R$ 49,5 bilhões – equivalente a 1,86% do PIB nacional –, e com um PIB per capita de R$ 7.007,00, ainda constitui-se como uma típica região periférica ativa da economia mundial, com os seus baixos índices de desenvolvimento decorrendo diretamente do processo histórico de ocupação da Região Amazônica. Este processo de ocupação acabou conformando uma sociedade que tem como característica deter uma economia eminentemente fundada em interesses exógenos que se aproveitam de suas riquezas naturais, principalmente de sua biodiversidade, de sua riqueza mineral e de seus recursos hídricos, exportando produtos com baixo valor agregado e energia barata para o restante do país; em paralelo com a baixa internalização relativa da riqueza e da renda.
O desafio a ser enfrentado é que todo esse potencial não tem conseguido se efetivar através da gestação de encadeamentos internos, de forças centrípetas e centrífugas, e da conformação de fluxos mais densos entre os agentes regionais. A verticalização da produção também não é significativa a ponto de conferir maior agregação de valor aos produtos regionais, empregos mais qualificados, ampliação da base econômica e diversificação da pauta de exportação.
Este modelo torna-se ainda mais perverso na medida em que a estrutura tributária brasileira desonera grande parte das exportações do Pará, obrigando o Governo do Estado a ressarcir os impostos pagos nas compras locais por parte das grandes mineradoras; e, no específico a energia elétrica, que produz em abundância, tem o seu sistema arrecadatório invertido, ou seja, a arrecadação se dá no destino, o que beneficia grandemente os estados do Centro-Sul da federação. Desta forma, o modelo tributário e econômico brasileiro apresenta-se como extremamente deletério ao desenvolvimento do estado, na medida em que cria as condições efetivas de perpetuação do subdesenvolvimento e da situação de dependência.
O Pará, como uma típica região subdesenvolvida, possui setores de alta tecnologia, como as grandes mineradoras e o agronegócio, e um significativo contingente de sua população vivendo em condições de subsistência e em nível absoluto de pobreza. Por outro lado, necessita de maciços investimentos com o objetivo de resgatar o atraso histórico no sistema educacional, no sistema de saúde, no incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias apropriadas, na conservação infraestrutura de transporte – principalmente portos, aeroportos e rodovias –; sem falar da necessidade de resolver o problema fundiário do estado que tem levado a sérios conflitos pela posse de terra.
Finalmente, como última consideração, afora os aspectos econômicos e sociais, convém destacar que a questão político-institucional do estado também contribuiu para a manutenção deste quadro, com destaque para o quadro histórico de: desarticulação político-institucional; frágeis ligações institucionais entre os entes federativos (União, Estado e Municípios); frágil diálogo do Governo do Estado com a sociedade civil organizada; ausência de um efetivo pacto territorial em prol do desenvolvimento; e ausência de uma efetiva política de desenvolvimento regional por parte da escala estadual.
Como conseqüência deste quadro sócio-econômico e político-institucional tem-se assistido no estado nos últimos anos: um processo de desarticulação física, comercial, produtiva e social; um quadro de manutenção e agudização das desigualdades sub-regionais; a manutenção de algumas sub-regiões à margem do desenvolvimento; a existência de fluxos migratórios desordenados, grilagem de terras, concentração fundiária e desmatamento; e, talvez o mais importante, a ausência de políticas públicas articuladas e pactuadas entre as múltiplas escalas do planejamento e entre o Estado e a sociedade.
A alteração desta trajetória depende fundamentalmente da mudança deste quadro, colocando o destino do estado na mão da coletividade que nele habita, internalizando os principais centros decisórios, e implementando um outro modelo de desenvolvimento capaz de: descobrir formas locais e sustentáveis de aproveitamento econômico dos recursos naturais, aproveitando a biodiversidade regional; internalizar a riqueza e a renda gerada a partir da exportação de seus recursos naturais, principalmente os produtos minerais e florestais; desenvolver tecnologias apropriadas às necessidades dos produtores regionais; apoiar o desenvolvimento de micro e pequenos empreendimentos e da agricultura familiar; articular as múltiplas escalas de planejamento a partir de um objetivo comum; desenvolver o capital social e a capacidade de governança das comunidades locais; fomentar a construção de territórios; além de pactuar com a sociedade diretrizes, ações e investimentos prioritários.

O múltiplo papel dos Economistas

A próxima sexta-feira, 13 de Agosto, é uma data importantíssima para a categoria profissional dos Economistas. No dia 13 de agosto de 1951 o presidente Getúlio Vargas sancionou a Lei 1.441 que regulamenta o exercício profissional do Economista. Em função disto, todo o ano, neste dia, é comemorado o Dia do Economista. É um dia de festa, mas, principalmente, um dia de reflexão sobre o papel do Economista na sociedade e os desafios e oportunidades de sua atuação profissional.
O Economista, muitas vezes visto como o profissional das crises, destaca-se no mundo global e instantâneo contemporâneo por sua formação holística. É ao mesmo tempo técnico e Cientista Social. Domina matemática, estatística e econometria tão bem quanto transita pela história, geografia, filosofia, sociologia e política. Vai da dimensão temporal para a espacial com extrema facilidade. Enxerga o global sem perder o olho do particular, e o particular com uma perspectiva global. Discute e interage com questões gerais tão bem quanto é pragmático na resolução de problemas específicos. Atua no setor privado, público ou terceiro setor. É conhecido por ser o profissional da prosperidade, seja no âmbito micro, quando procura melhorar o desempenho das empresas, ou no âmbito macro, quando procura interferir na economia nacional e mundial com objetivo de acelerar o crescimento econômico sustentado. Entretanto, engana-se quem pensa que o Economista é apenas um profissional da riqueza, do dinheiro. Acima de tudo o Economista é o profissional do bem-estar social. É um interprete da sociedade que se coloca também como importante agente de transformação da própria sociedade. Pensa, desta forma, caminhos e alternativas de desenvolvimento de modo que as condições de vida da sociedade como um todo melhore. É o profissional que busca a prosperidade, mas não perde o foco da pobreza, da miséria e do meio-ambiente. Pelo contrário, busca construir uma sociedade mais justa e igualitária, na qual todos tenham acesso às condições básicas de humanização e desenvolvimento. É um profissional que pensa o abstrato sem perder a sensibilidade do concreto. Ou seja, ser Economista não é para qualquer um, é fundamental a existência de uma vocação para o exercício da profissão. É uma atividade profissional das mais difíceis. E a sociedade como um todo precisa deste profissional.
O dia 13 de Agosto é, portanto, um dia de festa e de reflexão. Precisamos comemorar o Dia do Economista com uma grande festa. Mas precisamos ao mesmo tempo refletir acerca do papel do Economista na sociedade e sobre o reconhecimento e valorização deste profissional. Viva o Economista!

O Dia do Senhor

Os Dez Mandamentos, ou Decálogo, é o nome dado ao conjunto de leis que segundo a Bíblia foram originalmente escritos por Deus em tábuas de pedra e entregues ao profeta Moisés, também conhecidas com “As Tábuas da Lei”. As tábuas de pedra originais foram quebradas, de modo que, segundo Êxodo 34:1, Deus teve de escrever outras. Encontramos primeiramente os Dez Mandamentos em Êxodo 20:2-17. É repetido novamente em Deuteronômio 5:6-21, usando palavras similares.
Decálogo significa dez palavras (Ex 34,28). Estas palavras resumem a Lei, dada por Deus ao povo de Israel, no contexto da Aliança, por meio de Moisés. Este, ao apresentar os mandamentos do amor a Deus (os quatro primeiros) e ao próximo (os outros seis), traça, para o povo eleito e para cada um em particular, o caminho a ser seguido para se obter uma vida liberta da escravidão do pecado.
De acordo com o livro bíblico de Êxodo, Moisés conduziu os israelitas que haviam sido escravizados no Egito, atravessando o Mar Vermelho dirigindo-se ao Monte Horeb, na Península do Sinai. No sopé do Monte Sinai, Moisés ao receber as duas "Tábuas da Lei" contendo os dez mandamentos de Deus, estabeleceu solenemente um pacto (ou aliança) entre Deus e o povo de Israel.
Os cristãos reconhecem no Decálogo uma importância e um significado basilar. Algumas igrejas ordenam a sua completa observância. Outros enfatizam a importância de seguir seus princípios, pois creem que Cristo resumiu todos os mandamentos no amor a Deus e ao próximo. Jesus interpreta a Lei do Amor da seguinte maneira: "Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente e a teu próximo como a ti mesmo". Assim, Cristo dividiu a Lei conforme suas tábuas em o “Amor a Deus” na primeira tábua e o “Amor ao próximo” na segunda tábua.
Um dos dez mandamentos fala sobre a guarda de um dia da semana para o Senhor, sendo este dia conhecido com o dia do Senhor: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou.” (Êxodo 20:8 a 11).
A Lei de Deus aí está e é perfeita: “A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos simples” (Salmos 19:7). Ela não salva o pecador, mas simplesmente ela aponta o pecado, a vitória depende de a pessoa obedecer não cometendo o pecado.
Com a vinda de Cristo a terra as coisas mudaram, Cristo não veio invalidar a Lei, mas cumpri-la, (Mateus 5:17): “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir”. Nada caiu da Lei a não ser a parte cerimonial porque Cristo é o cumprimento das promessas de Deus Pai.
Portanto os dez mandamentos continuam válidos sim para os dias de hoje e a guarda de um dia da semana para o Senhor é uma ordenança. Mas, fica uma observação de nada adiantará seguir os dez mandamentos sem a fé em Cristo Jesus, a única escada verdadeira para o céu, que subjugou o “Tempo da Lei” pelo “Tempo da Graça”.
De Isaías ao Apocalipse, a frase "dia do Senhor" aparece em 25 versículos, e expressões semelhantes surgem em vários outros. A linguagem bíblica, freqüentemente citando "o dia do Senhor", é facilmente interpretada como se falasse de um só dia, talvez o dia final quando o Senhor voltará para julgar todas as pessoas. Mas o assunto não é simples assim. Esta pergunta serve para ilustrar bem uma regra fundamental de estudo bíblico: é necessário examinar palavras e frases em seus contextos.
Considerando as citações bíblicas sobre o "dia do Senhor", podemos ver que a mesma frase têm, pelo menos, quatro significados diferentes. Em cada caso, discernimos o sentido no contexto. Vamos examinar exemplos destes significados.
Um dia de julgamento de pessoas, cidades, povos ou nações. Este é o sentido mais comum, especialmente nas profecias do Velho Testamento. Isaías falou desta maneira do castigo da Babilônia (Isaías 13:6,9). Jeremias descreveu o castigo do Egito como "o Dia do Senhor... dia de vingança contra os seus adversários" (Jeremias 46:10). Seu contemporâneo, Ezequiel, também usou a mesma linguagem ao falar sobre o castigo do Egito (Ezequiel 30:3) e o de Jerusalém (Ezequiel 13:5; veja Sofonias 1:7,14). Joel usa esta frase para falar do castigo do povo judeu (Joel 1:15; 2:1) e do julgamento de várias nações (Joel 3:14).
Uma referência ao cumprimento do plano de Deus por meio de Jesus Cristo em sua primeira vinda (Joel 2:31; Malaquias 4:5; Atos 2:20).
O dia final, quando Jesus voltará e chamará todos ao julgamento (1 Tessalonicenses 5:2; 2 Pedro 3:10).
O dia santificado para o louvor do Senhor. Entre os israelitas do Antigo Testamento, foi o dia do sábado, quando lembraram do descanso de Deus da obra da criação (Isaías 58:13). Para os cristãos na Nova Aliança, é o primeiro dia da semana, quando lembramos da obra de Jesus, morrendo na cruz e sendo ressuscitado no primeiro dia para nos mostrar-nos o caminho à vida eterna (Apocalipse 1:10; veja Lucas 24:1; Atos 20:7; 1 Coríntios 16:2).
O dia do Senhor representa duas opções e dois destinos. É dia de destruição e de salvação. O mesmo dia que trouxe castigo aos opressores livrou os oprimidos. O mesmo dia que trouxe salvação aos que receberam a palavra condenou os desobedientes. O mesmo dia que marcará a entrada no céu para alguns será o começo do castigo eterno para outros (Mateus 25:46). E o mesmo dia em que os cristãos comemoram o sofrimento de Jesus na cruz é ocasião de escândalo e loucura para outros (1 Coríntios 1:23-25).
O Dia do Senhor: salvação ou condenação? A decisão é nossa!

Homem: Imagem e Semelhança de Deus

Somos feitos a imagem e semelhança de Deus? A princípio parece uma afirmação forte, pretensiosa. Porém, a fonte desta afirmativa é a própria palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. De acordo com o Livro de Gêneses, no último dia da criação disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26).
Teria Deus guardado a sua “obra prima” para o final? O que difere o homem dos outros seres viventes até então criados? A frase acima dá uma pista. Somos os únicos realmente feitos a imagem e semelhança de Deus. Mas o que significa isto? Existe distinção entre imagem e semelhança? O que estes termos querem afirmar?
Podemos inferir que as duas palavras não estão aí por acaso. Imagem e semelhança estão propositalmente colocadas. São complementares. Não são termos substitutos, em que pese alguns teólogos gastarem tempo discutindo o propósito e o significado das duas palavras.
Se somos a imagem de Deus, de que forma expressamos isto? Imagem significa reflexo. Quando olhamos o nosso reflexo no espelho percebemos que os traços são idênticos. Mas em que sentido podemos ser idênticos a Deus? Certamente esta identidade não está ligada ao mundo material. Deus não é feito de carne e osso. A sua essência é espiritual. Deus é um Ser espiritual. Daí vem a nossa semelhança. Somos os únicos seres viventes tricotômicos. Ou seja, somos os únicos objetos da criação de Deus que possuímos corpo, alma e espírito. Temos consciência da nossa existência. O filósofo francês René Descartes no auge do Movimento das Luzes na Europa afirmava: Cogito, ergo sum (Penso, logo sou).
Pensamos. Temos consciência de nossa existência. Podemos distinguir entre o bem e o mal. Podemos pensar, projetar, planejar, sonhar. Agimos premeditadamente e não por instinto. Somos muito mais do que um ser vivente. Somos um ser que tem um propósito e que incansavelmente busca um sentido para a existência. Não buscamos sobreviver, mas sim um sentido para o viver.
É este diferencial que permite a este ser, esta criação divinal, ter um relacionamento com o criador. Só podemos nos relacionar em “espírito e em verdade” porque temos uma partícula divina que nos permite termos consciência, livre-arbítrio e sentido de viver. A partir disto, temos a capacidade de buscarmos e termos a comunhão plena com o nosso criador. É desta forma que somos mentalmente semelhantes a Deus.
Mas não é somente isto. Somos, também, moralmente semelhantes a Deus. No ato da criação Deus fez o homem a sua imagem e semelhança também no sentido moral. O pai da psicanálise, Sigmund Freud, demonstra que em nossa disposição mental possuímos o superego que representa os sentimentos morais e éticos internalizados e que se contrapõe incessantemente contra o id, que representa os nossos processos primitivos de pensamento, ou seja, as nossas pulsões que agem no sentido da auto-preservação.
Entretanto, no inicio o homem como obra da criação de Deus era justo e inocente. Nenhum pecado podia lhe ser imputado. Havia pureza no homem, e esta pureza refletia a imagem da santidade de Deus. Talvez o superego de Freud não seja nada mais do que um vestígio do estado original do ser humano. Assim, podemos inferir que o que há de bom no ser humano, a justiça, o amor, a compaixão, a caridade, a pureza de espírito, a mansidão, a inocência... seja o que resta da imagem de Deus no ato da sua criação.
Se mentalmente e moralmente somos semelhantes ao criador, e se isto já não bastasse, somos, além disto, um ser social. Precisamos de comunhão. Comunhão com outros de nossa espécie e com o criador. O homem é um ser social por natureza. Necessita da convivência para desenvolver plenamente o seu sentido de humanidade. O homem precisa interagir, de um lado com outros homem, e de outro com o criador. O homem é o único ser vivente que tem consciência da existência de um Ser Supremo, um Deus que lhe criou, e que lhe presta culto.
Contudo, a história que a Bíblia Sagrada narra no Livro de Gêneses demonstra que nossa comunhão com o criador precede a comunhão com outros homens. O primeiro relacionamento do homem foi com Deus. Somente depois Deus fez a mulher dizendo que não era bom que o homem estivesse só (Gênesis 2:18).
Sendo Adão a imagem e semelhança de Deus, tinha livre-arbítrio. Podia ir contra os seus preceitos morais se assim o quisesse. No estado de pureza era inocente, justificado, mas a partir do momento em que experimentou o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, foi maculado. Maculado pelo pecado, Adão manchou a imagem de Deus dentro de si, e acabou passando adiante esta semelhança maculada a todos os seus filhos (Romanos 5:12).
Hoje, o ser humano ainda possui a imagem de Deus (Tiago 3:9), mas traz dentro de si a cicatriz do pecado. Ou seja, temos uma imagem desfigurada de Deus em nós. João Calvino, teólogo reformador, afirmara isto ao dizer que depois da queda o homem passou a ter uma imagem “deformada, doentia e desfigurada”.
Entretanto este não é o fim da história. A história da humanidade ainda não acabou como prega o historiador Francis Fukuyama. O próprio Deus que criou o homem imaculado permite a sua plena justificação. Ele restaura a imagem original de Deus no homem criando “o novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios 4:24; ver também Colossenses 3:10).
Esta plena restauração da imagem de Deus em nossas vidas somente é possível mediante a Cruz de Cristo, que é a imagem perfeita de Deus. O homem, no caminho de sua justificação, precisa buscar se tornar a cada dia mais semelhante a Jesus Cristo, e isto somente pode ocorrer, conforme afirma Calvino, através da nossa regeneração espiritual. Em I João 3:2 lemos: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-lo como ele é.”
Em suma, conforme afirma o Apóstolo Paulo em II Coríntios 3:18, a restauração da imagem de Deus em nós através de Cristo é um processo contínuo: “transformados de glória em glória”. Ou seja, para que possamos restaurar imagem de Deus em nós é necessário que nos tornemos a cada dia cada vez mais parecidos com Jesus Cristo.

Do Emprego para a Empregabilidade

O estado do Pará está vivenciando uma onda de investimentos públicos e privados que vêm gerando significativos impactos multiplicadores em sua economia. Reflexos disto pode ser notado em múltiplas declarações ufanistas de que o Pará é o “estado do momento”, ou se constituirá no “mais importante estado da federação”, ou em poucos anos será um dos estados brasileiros que possuirá a “economia mais pulsante”.
Pesquisas recentes mostram que de fato vivemos um período de crescimento econômico com geração de emprego e renda. Este cenário aponta para o fato de que o Pará irá gerar até 2014 mais de 120 mil postos de trabalho. Somente até o final do ano de 2010 estimativas apontam que serão gerados mais de 32 mil postos de trabalho. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Pará registrou de janeiro a julho do corrente ano 26.733 admissões, contra 20.640 demissões, restando um saldo positivo de 6.093 novos postos de trabalho. Os dados do CAGED mostram, por outro lado, que o Pará foi responsável neste período por mais da metade dos empregos formais gerados na Região Norte.
Grande parte deste dinamismo econômico é decorrente da expansão do agro-negócio, e do processo de verticalização da produção mineral, principalmente o Projeto Salobo em Marabá, o Projeto Onça Puma no município de Ourilândia do Norte, e a implantação de uma usina siderúrgica em Marabá. Pegando somente este último empreendimento, somente em sua fase de construção está previsto a geração de 16 mil empregos diretos; e mais 5.300 empregos diretos, entre próprios e terceirizados, na fase de operação. Além disto, ainda temos importantes obras de infraestrutura em fase de construção ou com previsão de execução dentro de um horizonte de curto e médio prazo.
O dito boom da construção civil acaba sendo um reflexo deste dinamismo. Sabemos que a construção civil acaba se constituindo como um importante termômetro da economia e das expectativas dos agentes. Basta andarmos pelas ruas de Belém que é notório que o setor encontra-se aquecido. Entretanto, todo este dinamismo é preciso ser observado com cautela e com ações estruturantes por parte dos gestores públicos.
Hoje a discussão principal no estado do Pará não é mais a geração de emprego. Passou a ser a questão da empregabilidade, termo de utilização recente que designa a capacidade que a força de trabalho tem para se adequar as necessidades do mercado. Com base nisto, duas perguntas precisam ser feitas e respondidas. Em que medida os paraenses de nascimento ou de opção estão aptos a acessarem estes promissores postos de trabalho? Que mecanismos vão impedir que migrantes vindo de outros estados ocupem as vagas abertas e os paraenses fiquem mais uma vez marginalizados no processo?
É preciso lembrar que estamos diante de uma enorme oportunidade para induzirmos a mobilidade social em nosso estado. Todavia, há a necessidade urgente de elaboração e implementação de políticas públicas adequadas de modo que o nosso povo adquira empregabilidade, e se torne apto a acessar os postos de trabalho que serão gerados.
Estimativas do IBGE apontam que nos próximos 4 anos cerca de 500 mil pessoas adentrarão ao estado do Pará na busca de melhores oportunidades e emprego. Estes migrantes de um lado concorrerão com os atuais moradores do estado, de outro promoverão impactos significativos em nosso meio urbano. Mas será que a nossa população está apta a concorrer com os forasteiros?
Dados do último Censo Populacional do IBGE, realizado no ano de 2000, apontam para o fato de que a taxa de analfabetismo entre crianças de 7 e 14 anos era de 24%, e de adultos era de 16%. Hoje estas crianças já se encontram no grupo da população economicamente ativa. Daí, surge um questionamento, que tipo de empregabilidade possui um analfabeto? Dados divulgados recentemente do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), demonstram que o estado do Pará possui uma das piores redes de ensino públicas. Ficamos em último lugar no ranking nacional.
A nossa população possui empregabilidade? Quantos estão aptos a acessarem os postos de trabalhos que serão gerados? Mais uma vez a nossa população vai olhar a festa sem ser convidada para o banquete? Questões como esta trazem mais uma vez a tona a importância do planejamento e das políticas públicas, de modo que o nosso povo possa adquirir a necessária empregabilidade, e possa participar ativamente deste processo virtuoso, almejando a tão sonhada mobilidade social. 

Dicas para a boa utilização do décimo terceiro

A chegada do final do ano representa um período de reflexão, festa e transição. Refletimos sobre o que deu certo e errado e planejamos o ano vindouro de modo que alcancemos os nossos objetivos. Festejamos na época natalina o nascimento de nosso salvador Jesus Cristo com a confraternização entre amigos e com a família, é o tradicional momento da troca de presentes. Neste período conscientemente ou inconscientemente fazemos a transição do ano que está terminando para o ano que ainda irá começar. Para alguns é hora de recomeçar e fazer tudo diferente. Para outros é um momento de pensar em como avançar mais. E dentro de toda esta reflexão surge no seio de muitas famílias o questionamento de como utilizar bem o décimo terceiro salário. É neste momento que muito economistas são procurados para dar dicas de como utilizar bem o décimo terceiro salário.
A época natalia é uma época de apelo às compras. As campanhas publicitárias se intensificam e o décimo terceiro pode representar para muitos a possibilidade de comprar aquele bem especial. Mas é preciso ter cautela na utilização do décimo terceiro. A prioridade deve ser o pagamento de dívidas pretéritas. Para isto, é fundamental listar todas as dívidas e escaloná-las de acordo com a taxa de juros corrente em cada uma. Assim, as dívidas prioritárias para a quitação são as com juros mais elevados, principalmente cartão de crédito e cheque especial.
Precisamos lembrar, também, que no início do ano temos alguns gastos sazonais que pesam significativamente no orçamento familiar: Imposto de Renda, IPTU, IPVA e licenciamento, matrícula escolar e compra de material escolar. É fundamental que as famílias se programem para estes gastos, e guardem parte do décimo terceiro para honrar estes compromissos.
Em terceiro lugar, uma boa dica é poupar parte do décimo terceiro para cobrir eventualidades ou para consumo futuro planejamento: uma viajem, a compra de um carro novo, a reforma da casa, uma cirurgia plástica, ou algo que a família planeje fazer. Uma boa dica é poupar entre 20% e 30% do décimo terceiro para estas despesas.  
Após quitar dívidas passadas, reservar parte do décimo terceiro para as despesas do começo do ano e poupar uma parcela para despesas planejadas, aí sim chegou a hora do consumo consciente na época do natal. Para isto, é fundamental gastar dentro das possibilidades do seu orçamento. É neste momento que o planejamento correto da utilização do seu décimo terceiro faz a diferença. Se você colocou no papel as suas receitas, as suas despesas e as suas dívidas, é possível ter uma dimensão exata de quanto você pode gastar no natal, seja com a ceia em família, seja com a compra de presentes para amigos e entres queridos. Assim, a compra deve ser de itens que cabem exatamente nas suas possibilidades de gasto. Lembre-se que presentes afetuosos, inteligentes, interessantes, divertidos e úteis não são necessariamente presentes caros. Ademais, priorize as compras à vista, pechinche e peça descontos.
Planejar o orçamento doméstico é na atualidade questão fundamental para as famílias. Com estas dicas, certamente as famílias irão evitar o endividamento futuro, irão ter um feliz natal e gozarão de um próspero ano novo!

Planejamento, regionalização, descentralização e participação popular

Nos últimos anos a Teoria do Desenvolvimento Regional tem evoluído para paradigmas de intervenção que valorizam as especificidades de determinados espaços, bem como as individualidades e sentimentos de pertencimento das comunidades locais. Desta maneira, cada vez mais as políticas públicas necessitam ser pensadas de forma regionalizada, e em grande parte isto caminha em paralelo com um processo de descentralização das ações de governo. Ou seja, planejamento, regionalização, descentralização e participação popular, caminham de forma paralela.
Sabe-se que nenhum processo de planejamento é neutro em si. Não é tarefa eminentemente burocrática, em que pese conter em grande parte participação da burocracia. O planejamento é, também, um processo político, que envolve interesses e projetos, uns que se quer apoiar e outros combater. Todo planejamento envolve um diagnóstico e a proposição de objetivos com metas e indicadores. Os objetivos a serem alcançados não são neutros. Respondem a interesses de grupos organizados, que por meio de um processo dialético são construídos e interferem na construção do ambiente, através de elementos de ordem econômica, infraestrutural, cultural, política e institucional.
Neste sentido, a moderna teoria do desenvolvimento destaca que o sucesso de um setor da economia ou de uma região não é função de uma nação per se, mas da combinação específica de indivíduos, cultura e instituições nesse setor ou nessa região. Desta forma, a transformação de ambientes sociais e institucionais pode alterar a geografia do desenvolvimento.
Em função disso o conceito de região – entendida como um espaço homogêneo, identificado por aspectos físicos, econômicos, culturais e de ocupação, com uma rede urbana específica – é atualmente substituído pelo de território, entendido como um espaço construído social e historicamente por meio da cultura, das instituições micro e meso-regionais e da política. O território, seja este uma cidade ou uma região, é, assim, um emaranhado de interesses de uma comunidade – um espaço de disputa por poder –, possuindo uma identidade própria que em grande parte requer autonomia para sua delimitação.
Logo, o desenvolvimento de uma economia é sempre promovido por agentes de uma sociedade que tem uma cultura, formas e mecanismos próprios de organização. Cada território dá origem a formas específicas de organizações e instituições que lhe são peculiares e que hão de incentivar ou coibir o seu desenvolvimento.
Isto posto, o subdesenvolvimento de uma sociedade acaba sendo sempre a expressão de um insuficiente nível de racionalidade pública e social, no qual os interesses individuais, ou externos acabam prevalecendo. Desta forma, a sua superação somente pode ser concebida no quadro de um projeto político transescalar, articulado e coordenado pelo Estado como centro de decisão válido –, capaz de subordinar os interesses individuais aos interesses regionais e nacionais coletivos buscados a médio e longo prazo através do planejamento do desenvolvimento, fundamentados, sempre, numa clara compreensão da estrutura socioeconômica e espacial da região objeto, e suas sub-regiões, e na superação da situação de dependência e exploração. Implica, portanto, na tentativa de encontrar respostas a múltiplas questões.
Desta maneira, qualquer tentativa de superação do subdesenvolvimento deve estar assentada num projeto político, fundado em percuciente conhecimento da realidade e esposado por amplos segmentos sociais, que aumente o poder regulador das atividades econômicas, única forma de colocá-las a serviço da satisfação das necessidades sociais legitimamente conhecidas, e capaz de romper com o quadro de dependência estrutural de uma economia periférica. Nesta construção, qualquer concepção de desenvolvimento não pode alienar-se de sua estrutura social, e nem tampouco a formulação de uma estratégia desenvolvimentista pode ser concebida sem preparação ideológica e respaldo social.
É em função disto que o processo de descentralização emerge com força, na medida em que estimula a participação das comunidades locais no processo de planejamento e gestão das políticas públicas, tornando mais densas e complexas as relações entre níveis de governo e a sociedade.  
Isto pressupõe o exercício de uma vontade política socialmente respaldada e num projeto político-social tendo em vista sempre que o desenvolvimento precisa ser entendido como um processo dinâmico que transcende aspectos de natureza puramente econômica, alcançando toda a estrutura de organização da sociedade, comportando sempre elementos de intervenção e invenção. É um processo autônomo, sustentado e civilizador, baseado no progresso tecnológico e manifesto numa estrutura de sociedade mais adiantada, englobando aspectos culturais, institucionais, sociais e econômicos, que alargam os horizontes de possibilidades dos agentes. Em última instância, implica na ampliação da liberdade em todas as esferas da vida e da sociedade. Neste sentido, na sua morfogênese, o desenvolvimento necessita desobstruir as forças que tencionam pela manutenção das estruturas tradicionais de dominação e reprodução do poder, requerendo, portanto, ser implantado e coordenado por uma unidade dominante possuidora de poder, força e coação. Possui inerentemente dois aspectos peculiares: um mais atraente próprio de um processo de arranjo, montagem, dar sentido, direção, coerência as transformações que uma sociedade quer armar e projetar para o futuro, dispondo de certos instrumentos eleitos para determinados fins; e aquele menos atraente, próprio dos processos de se desmontar, desarranjar, importunar, constranger, frustrar expectativas e ações deletérias à construção social.