domingo, 31 de julho de 2011

Livro Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional

O trabalho ganhador do Prêmio Nacional de Desenvolvimento Regional 2010, editado pelo Ministério da Integração Nacional em parceria com Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp) na forma do livro “Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional” encontra-se disponível para download gratuitamente no Blog Economia, Política e Religião.

 Download do livro

 

RESUMO DO LIVRO

Nos últimos anos os Arranjos Produtivos Locais (APLs) vêm se constituindo como um importante instrumento de política econômica. Em que pese isto, grande parte da ação pública que objetiva o apoio ao desenvolvimento destes aglomerados carece de uma agenda que dê direção e coerência para a intervenção, potencializando e otimizando a ação do Estado. Este livro, portanto, com foco nesta problemática, procura levantar os limites e as possibilidades de intervenção do setor público nas aglomerações produtivas industriais brasileiras, estabelecendo uma agenda de intervenção para o desenvolvimento de APLs consolidados. A conclusão do trabalho é que de forma dialética os arranjos produtivos estabelecem-se, por um lado, como um importante instrumento de desenvolvimento em regiões periféricas e, por outro, como o resultado de políticas adequadas, articuladas e pactuadas de desenvolvimento regional.


SORTEIO DE LIVROS

O Blog Economia, Política e Religião sorteará 10 livros impressos dentre os seus seguidores no dia 21 de agosto. Cadastre-se no Blog e concorra!

sábado, 30 de julho de 2011

Prorrogado prazo para submissão de trabalhos ao Prêmio de Monografias Centro Celso Furtado e BNB

O Prêmio de Monografias Centro Celso Furtado e BNB, Aspectos do pensamento de Celso Furtado, que tem por objetivo estimular a leitura da obra de Celso Furtado teve o seu prazo derradeiro para entrega de trabalhos prorrogado para dia 12 de agosto de 2011
Maiores informações sobre o prêmio podem ser obtidas no sítio do Centro Celso Furtado: http://www.centrocelsofurtado.org.br/


Lançamento do livro "Raúl Prebisch (1901-1986) – A construção da América Latina e do Terceiro Mundo"


             O Centro Internacional Celso Furtado, em coedição com a Contraponto, acaba de lançar a biografia de Raúl Prebisch, de autoria de Edgar L. Dosman, “Raúl Prebisch (1901-1986) – A construção da América Latina e do Terceiro Mundo”.
             A convite do Centro, o professor Dosman (York University, Toronto, Canadá) fará uma conferência em Brasília dia 12 de agosto, em São Paulo dia 16 de agosto e no Rio de Janeiro dia 19 de agosto. Veja a programação detalhada.
             A obra, eleita um dos melhores livros de 2009 pela revista The Economist, foi saudada por Krishnamurti Rangaswami, ex-diretor da UNCTAD, como "Um estudo monumental, o produto de uma investigação massiva baseada em valiosas fontes de arquivo, conversas íntimas e, sobretudo, a percepção e análise magistral das idéias de Prebisch e das situações que enfrentou ao longo de sua carreira. Este livro é uma leitura de referência essencial para a compreensão de nossa era atual de globalização e domínio do mercado livre, e é altamente recomendado para os decisores políticos”.


Raúl Prebisch (1901-1986) A construção da América Latina e do Terceiro Mundo
Edgar J. Dosman
Centro Internacional Celso Furtado e Contraponto Editora
Rio de Janeiro, 2011
656 páginas
ISBN: 9788578660406

Logo comemorativa aos 60 anos de regulamentação da profissão de economista no Brasil

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Reflexões sobre a profissão de economista - Parte 9 - A Necessidade de Reinvenção da Amazônia

A mensagem derradeira que quero deixar neste conjunto inicial de ensaios é relativa à nossa apatia como sociedade paraense a posição que está sendo delegada para a Amazônia em nosso pacto federativo. Hoje a Amazônia, e o estado do Pará como parte integrante de seu território, está relegada a um papel de mera fornecedora de insumos, matérias-primas e produtos com baixo valor agregado para a garantia do processo de acumulação do capital no centro-sul do Brasil ou em outras partes do mundo. O economista e amigo João Tertuliano Lins Neto em um de nossos debates no CORECON-PA expressou isto de forma muito clara ao afirmar que quando se pensa a Amazônia se pensa somente no fluxo out, o fluxo in é desconsiderado.
Continuamos sendo a periferia da periferia, ou uma periferia ativa como alguns assim nos chamam. Como se isto fosse um prêmio de consolação que amenizasse os nossos péssimos indicadores sociais. Continuamos sendo um estado com inúmeras riquezas naturais, elevadas potencialidades, mas com um povo pobre. Somos campeões em prostituição infantil, trabalho escravo, violência contra a mulher, violência no campo e uma série de outros indicadores que como paraense me envergonho. Sem falar que os nossos times de futebol que já não ganham mais nada. Até a nossa prata da casa, os nossos meninos prodígios, são exportados sem nenhuma compensação para os clubes regionais.
Neste contexto, alguns iluminados surgem com uma solução mágica. Vamos separar! Como se a situação atual do estado fosse decorrente apenas da incapacidade do Estado em gerir um território com dimensões enormes e não da posição que historicamente tem sido determinada ao Pará, como mera província de recursos naturais, de nosso modelo arcaico de fazer gestão pública e da irresponsabilidade administrativa de alguns. Mais uma vez uma pequena elite política e/ou econômica, muitos destes importados, coloca o seu projeto pessoal acima dos interesses de uma coletividade. Precisamos realmente reler o mestre Celso Furtado.
Muitas vezes me choco com a apatia com que determinados temas fundamentais são tratados aqui no estado. Ao lado desta apatia, há sem dúvida a falta de um claro e efetivo projeto de desenvolvimento para o estado do Pará capaz de unir a classe política, a elite econômica, os movimentos sociais e a sociedade em geral, e que permita com que os nossos interesses possam ser honradamente defendidos. A forma como Belo Monte nos foi empurrada goela a baixo praticamente sem resistência é um exemplo. Grande parte dos condicionantes prévios ainda não foram atendidos e a “ilógica lógica” de cobrança do ICMS de energia no destino continuará, para tristeza de quem aqui fica. Ficaremos mais uma vez com significativos impactos sociais e ambientais do empreendimento sem uma devida compensação financeira que permita que políticas públicas pró-ativas e adequadas possam ser implementadas. Ao lado disto, continuamos sendo lesados com as perdas da Lei Kandir e com o não repasse das compensações financeiras que teoricamente o Pará tem direito.
A nossa região está sendo tratada como um simples almoxarifado. Daqui tudo se tira e muito pouco é deixado a título de compensação. Um conjunto de rock regional, Mosaico de Ravena, na música Belém, Pará, Brasil, expressou muito bem este sentimento de abandono. Aqui transcrevo apenas um refrão da música que vale ser ouvida por inteira: “A culpa é da mentalidade criada sobre a região. Por que é que tanta gente teme? Norte não é com M. Nossos índios não comem ninguém. Agora é só hambúrguer. Por que ninguém nos leva a sério? Só o nosso minério.”
                    Por que digo isto neste ensaio? Por que se cabe a uma categoria profissional ter uma visão clara deste processo, este profissional é o economista, que é ensinado a ter uma visão holística e crítica de mundo. O economista paraense não pode ficar calado em relação a este novo processo de colonização que está nos sendo imposto. Qual é o projeto de Brasil que temos para a Amazônia? Aliás, temos algum projeto de nação?  
                    No último Encontro de Economistas da Amazônia (ENAM) realizado na Cidade de Manaus fiz alusão a uma obra clássica de Armando Dias Mendes, A Invenção da Amazônia. Se em algum momento a Amazônia como nós hoje a conhecemos foi inventada, e o foi, principalmente através de políticas e ações coordenadas pelo Governo Federal, hoje a Amazônia precisa ser reinventada e nós economistas precisamos exercitar o nosso espírito criativo neste momento. Como nos ensinou Celso Furtado, o planejamento do desenvolvimento envolve criatividade e inventividade. Mais do que nunca a sociedade paraense precisa do economista!   

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Programação da Semana do Economista 2011

60 ANOS DA PROFISSÃO DO ECONOMISTA NO BRASIL

Organização: Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (CORECON-PA) e Sindicato dos Economistas do Estado do Pará (SINDECON-PA).

Eventos Pré-Semana do Economista

Oficina de Trabalho: Como Elaborar Pré-Projeto para Pós-Graduação em Economia?
Ministrante: Prof. Dr. Danilo Fernandes (FACECON/UFPA)
Dia: 03 de agosto
Horário: 16 às 18h
Local: Casa do Economista

Palestra de Educação Financeira: “Como pagar dívidas, sair do aperto e ter o orçamento familiar equilibrado?”
Ministrante: Oberdan Duarte (Vice-Presidente do CORECON-PA e Diretor do SINDECON-PA)
Obs.: Atividade aberta para a sociedade em geral
Dia: 05 de agosto
Horário: 16h
Local: Casa do Economista


Semana do Economista

Dia 08 de Agosto
Local: Auditório do TRT

17h - Abertura

18h – Conferência Magna de Abertura: Simão Jatene (Governador do Estado do Pará)

19h – Lançamentos

1.    Perfil do Economista do Estado do Pará
Marcus Holanda (Conselheiro do CORECON-PA e Coordenador da Comissão de Valorização Profissional)

2.    Anotação de Responsabilidade Técnica do CORECON-PA
Patrícia Maslova Godoy (Conselheira do CORECON-PA e Coordenadora da Comissão de Economistas Projetistas)

3.    Cartilha de Educação Financeira
Oberdan Duarte (Vice-Presidente do CORECON-PA e Diretor do SINDECON-PA)

19:30h – Conferência Especial: Economia brasileira: tendências recentes e cenários para o futuro
Gesner José de Oliveira Filho (FGV/SP)


Dia 09 de Agosto
Local: Casa do Economista

16h – Mesa Redonda - Conversa com Jovens e Futuros Economistas: O Segredo do Sucesso na Profissão de Economista
Moderador: Joy Colares (Conselheiro do CORECON-PA)
Debatedores: André Reis (Diretor do IBRAM e Conselheiro do CORECON-PA), Antonio Braga (Presidente da COSANPA), João Olinto Tourinho (Projetista e Conselheiro do CORECON-PA) e Antônio Pádua (Economista).

18h – Apresentação do Perfil do Economista do Estado do Pará
Marcus Holanda (Conselheiro do CORECON-PA), Paula Campello (Conselheira do CORECON-PA) e Pablo Reis – Coordenadores da Comissão de Valorização Profissional

19h - Conferência Magna: Os Desafios para o Desenvolvimento do Estado do Pará
David Ferreira Carvalho (UFPA)


Dia 10 de Agosto
Local: Casa do Economista

16h – Desafios da Formação Profissional do Economista no Estado do Pará
Moderador: Hélio Mairata (SINDECON-PA)
Debatedores: Gedson Thiago (Representante do CAECON/UFPA), Kleber Mourão (Coordenador do Curso de Graduação em Economia da UNAMA), Cleo Resque (Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFPA), José Lima (Coordenador do Curso de Economia da FIT) e José Nilo (Coordenador do PPGE/UFPA)

18h – Apresentação da Cartilha de Educação Financeira do CORECON-PA
Oberdan Duarte (Vice-Presidente do CORECON-PA e Diretor do SINDECON-PA)

19h - Conferência Magna: Economistas, Amazônia e Século XXI
Armando Dias Mendes


Dia 11 de Agosto
Local: Casa do Economista

16h - Mesa redonda: O Papel da Amazônia no Desenvolvimento Nacional
Moderador: Eduardo Costa (Presidente do CORECON-PA)
Armando Dias Mendes, Fábio Silva (NAEA/UFPA), Sérgio Bacury (Conselheiro do CORECON-PA e Secretário de Estado de Planejamento)

18h – Apresentação da Anotação de Responsabilidade Técnica do CORECON-PA
Patrícia Godoy (Conselheira do CORECON-PA), Nélio Bordalo e Erik Douglas – Coordenadores da Comissão de Economistas Projetistas

19h – Mesa Redonda: 60 Anos da Profissão do Economista no Brasil e os Desafios dos Economistas no Estado do Pará
Moderador: Edson Roffé (Vice-Presidente da FENECON)
Debatedores: Eduardo Costa (Presidente do CORECON-PA), João Tertuliano (Movimento de Renovação dos Economistas), Luiz Vieira Régis de Souza (Presidente do SINDECON-PA em exercício) e Luis Alberto Machado (FAAP/SP e COFECON).


Dia 12 de Agosto
Local: Auditório do IDESP

16h – Conferência Magna: O Planejamento Estratégico da Profissão de Economistas
Luis Alberto Machado (FAAP/SP e COFECON)

18h – Lançamento do Livro “O Economista e a Sociedade”

18:30h – Conferência de Encerramento: Desafios para a Construção de um Projeto Nacional de Desenvolvimento
Carlos Américo Pacheco (Unicamp)

19h – Entrega de Premiações


Dia 13 de Agosto – Dia do Economista

Jantar por Adesão

terça-feira, 26 de julho de 2011

Reflexões sobre a profissão de economista - Parte 8 - A Mudança de Mentalidade Necessária

Não há dúvida de que um Conselho fortalecido significa uma categoria prestigiada e valorizada. Ainda estamos longe do ideal, mas estamos construindo uma trajetória diferente. Melhoramos significativamente, mas a categoria precisa se envolver ainda mais nas atividades do Conselho, afinal a nossa instituição é formada por todos os economistas. Acredito que todo economista deveria ao menos uma vez na vida participar das atividades do CORECON-PA, principalmente porque envolvido nestas atividades o economista consegue ter uma visão mais clara da profissão.
Não dá para ficar reclamando que o Conselho não faz isto ou aquilo. O Conselho somos nós. Será que todos nós estamos dando a nossa parcela de contribuição? Às vezes queremos que o CORECON-PA tome determinadas providências, mas não nos dispomos a colaborar, a ceder uma parte de nosso tempo. Temos a nossa agenda pessoal, os nossos compromissos, que afinal de contas são mais urgentes e importantes. Afinal de contas, estamos sempre atrasados! Talvez se tivéssemos mais consciência de classe às coisas estivessem noutro patamar. Mas para alguns é mais fácil ser um free rider do que se envolver. Ajudar nas ações do Conselho realmente dá trabalho e exige responsabilidade.   
Iniciamos no ano de 2010 um novo movimento de renovação dos economistas no estado do Pará. Resgatamos uma filosofia que ficou perdida lá no passado. Temos sangue novo no CORECON-PA, que muitas vezes não é novo na idade, mas na mentalidade, na forma de participação e engajamento. Neste ponto temos jovens e participativos economistas e velhos jovens economistas, acho que entenderam, não?   
Há economistas que estão verdadeiramente se entregando a um trabalho coletivo, mas que infelizmente muitas vezes ainda não é reconhecido e prestigiado. Confesso que fico triste quando um economista, e acredito que estes fazem parte de uma minoria, chegam ao Conselho dizendo que o CORECON-PA não faz nada pela categoria. Ou desiludido com o Conselho vem solicitar o seu desligamento. Mais do que um simples desligamento de uma entidade ao fazer isto ele está na prática renunciando o seu direito de ser chamado de economista. Isto mesmo, sabemos que de acordo com a nossa lei, que está fazendo 60 anos de regulamentada, somente pode ser denominado de economista o bacharel em Ciências Econômicas devidamente registrado em seu órgão de classe, no caso do Pará o CORECON-PA.
Tenho a consciência de que fizemos nestes quase dois anos mais do que o possível. Superamos as nossas expectativas, principalmente em função do diminuto número de colaboradores de que dispomos. Conclamo a categoria a se envolver mais com as atividades do CORECON-PA. Precisamos manter acessa esta chama de renovação. Precisamos mudar a mentalidade que muitas vezes impera. O cargo de Conselheiro não é para economistas experientes com uma trajetória definida de vida que apenas aparecem nas Plenárias. É para qualquer economista que tenha gana para colaborar com a categoria. Ademais, o título de Conselheiro não pode ser visto apenas como um status na categoria e na sociedade, mas acima de tudo o Conselheiro precisa se envolver com as ações do CORECON-PA.
Há, portanto, uma mensagem que quero deixar nestas breves linhas. Se sonhamos com uma profissão forte, reconhecida e valorizada no mercado, precisamos fortalecer o nosso Conselho Regional de Economia do Estado do Pará. Conselho forte é sinônimo de profissão forte, reconhecida e valorizada. Dom Quixote já nos ensinava que o sonho que se sonha só é somente um sonho, mas o sonho que se sonha junto passa a ser o começo de uma realidade. Fica o convite para você que ainda não se envolveu neste sonho passar a sonhar junto conosco.

sábado, 23 de julho de 2011

A próxima reunião do Fórum de Belo Monte acontecerá dia 04 de agosto

O Fórum de Belo Monte é um espaço amplo, aberto e democrático criado para discutir e monitorar os impactos sociais, ambientais e econômicos da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Participam do Fórum diversas instituições, órgãos de classe, ONG e entidades representativas de movimentos sociais, com destaque para o Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (CORECON-PA), que atua como secretaria executiva do Fórum, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA), o Conselho Regional de Contabilidade (CRC), o Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), a Defensoria Pública do Estado do Pará e a Fundação Villas-Bôas, dentre outras.
A próxima reunião ampliada do Fórum está agendada para o dia 04 de agosto e terá como pauta: a atualização da situação dos condicionantes prévios da obra, as compensações financeiras do empreendimento e uma agenda com atividades propositivas para o segundo semestre. Esta é mais uma plenária aberta que acontecerá às 16h na sede do Conselho Regional de Economia do Estado do Pará, Rua Cônego Jerônimo Pimentel, 918.
O Fórum, que já realizou uma audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA) e outra na Câmara Federal, está tentando viabilizar uma audiência com o Governador do Estado do Pará, Simão Jatene, para discutir ações pró-ativas por parte do Governo do Estado, uma audiência pública na Cidade de Altamira com a comunidade local e uma audiência pública no Senado Federal. O principal objetivo do Fórum é se constituir como um mecanismo de controle social do empreendimento.  


Reflexões sobre a profissão de economista - Parte 7 - Fortalecimento Institucional e Valorização Profissional

Após a eleição realizada no ano de 2010 e a recondução para a Presidência do CORECON-PA, a Gestão 2011, “Fortalecimento Institucional e Valorização Profissional”, realizou na data do dia 21 de janeiro de 2011, a exemplo do ano anterior, nova oficina de planejamento com as ações distribuídas nas seguintes comissões: Administrativo-Financeira, Assuntos Jurídicos, Assuntos Estratégicos, Valorização Profissional, Economistas Projetistas, Semana do Economista 2011 e Comunicação (A íntegra das apresentações pode ser acessada no sítio: http://www.coreconpara.org.br/apresentacao.asp). É com base neste planejamento que o trabalho vem sendo desenvolvido no CORECON-PA.
É de bom alvitre destacar que ainda em janeiro de 2011 criamos o Fórum de Presidentes dos Conselhos Regionais de Economia da Amazônia que passou a se reunir periodicamente tendo como principal objetivo a união de esforços em prol da valorização do profissional economista na região. Já tivemos algumas reuniões e frutos concretos já foram extraídos desta unidade.
Voltando especificamente para o CORECON-PA, o fato é que estamos agora começando a colher os frutos do que plantamos no ano passado e no início deste ano. Hoje o CORECON-PA já é uma instituição respeitada na sociedade. Prova disto é que o seu presidente recebe uma série de convites para participar de eventos e proferir palestras. Hoje quando o CORECON-PA se posiciona quanto a temas importantes a sociedade paraense presta atenção. A nossa voz é ouvida e respeitada. A Casa do Economista se consolidou na sociedade paraense como um lugar no qual a democracia é praticada. O nosso Conselho se tornou uma referência em termos de debates sobre assuntos fundamentais para o desenvolvimento do estado do Pará. Somente neste ano já realizamos debates sobre a problemática ambiental, a agenda mineral, o separatismo, a construção da UHE de Belo Monte, a reforma política e a reforma tributária. Hoje o que se discute dentro das paredes do Conselho reverbera amplamente. Isto é sem dúvida o resultado de uma gestão democrática e participativa. Diversos colaboradores participam de nossas atividades. Como sempre digo, a Casa do Economista é um espaço político que respeita e acima de tudo sabe trabalhar com as diferenças.
Chamo a atenção para os lançamentos que ocorrerão na Semana do Economista 2011 da Cartilha de Educação Financeira, da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do CORECON-PA, do Perfil do Economista do Estado do Pará e do livro O Economista e a Sociedade. O primeiro - fruto de um brilhante trabalho do Vice-Presidente do CORECON-PA, o economista Oberdan Duarte - é além de um serviço que o Conselho presta a sociedade em geral, um canal efetivo de divulgação da profissão do economista. O segundo, a ART, é um antigo sonho que graças ao esforço da Comissão de Economistas Projetistas será efetivamente implementado pelo CORECON-PA e que irá valorizar e fortalecer a nossa categoria. O terceiro, elaborado pela Comissão de Valorização Profissional, finalmente apresenta um diagnóstico do profissional economista do estado do Pará que deve servir para fins de atuação do CORECON-PA e para reflexões sobre a nossa formação e atuação profissional. O quarto, fruto da Semana do Economista 2010, procura levar as discussões que travamos diariamente dentro da Casa do Economista para além de nossas paredes.
Com isto e as demais ações em andamento (cursos, palestras, oficinas de trabalho, ações no campo jurídico, visita a instituições públicas e empresas privadas), acreditamos que estamos efetivamente contribuindo para a efetiva valorização da profissão do economista e para o fortalecimento institucional de nosso Conselho. Aproveitando a oportunidade, convido todos para estarem no amplo debate que realizaremos por ocasião da Semana do Economista 2011. Tendo como principal tema a comemoração dos 60 anos de regulamentação da profissão do economista no Brasil, a Semana que acontecerá de 08 a 13 de agosto irá discutir desde a formação e a atuação profissional do economista até temas relacionados ao desenvolvimento do Pará, da Amazônia e do Brasil.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Enquete sobre a divisão territorial do estado do Pará

A sociedade paraense está às portas do seu mais importante fato histórico desde que foi assinada a Adesão do Pará à independência do Brasil em 15 de agosto de 1823. Deverá acontecer ainda este ano, provavelmente no mês de dezembro, o pebliscito sobre a divisão territorial do estado do Pará e criação dos estados de Carajás e Tapajós. Trata-se de um fato que condicionará a trajetória futura de desenvolvimento da região. Participe da enquete do blog Economia, Política e Religião votando se você é favorável, contrário ou  se está indeciso sobre a divisão.   


terça-feira, 19 de julho de 2011

Reflexões sobre a profissão de economista - Parte 6 - Conselho Regional de Economia do Estado do Pará: “Nova Sede, Novas Conquistas!”

O Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (CORECON-PA) foi o nono Conselho a ser criado no Brasil em 11 de junho de 1965 por meio da Resolução de n.º 145 do Conselho Federal de Economia (COFECON), sendo por isto considerado o da 9ª Região. Desde então o Plenário do CORECON-PA é formado por 18 economistas, sendo 9 Conselheiros Efetivos e 9 Conselheiros Suplentes, havendo renovação anual de 1/3 da Plenária através de votação direta dos economistas, ocasião na qual também é feita a consulta para Presidente. Ao todo 23 economistas já assumiram o cargo de Presidente do CORECON-PA, sendo que o primeiro presidente da entidade foi o economista Pedro José Martin de Mello, empossado no ano de 1966.
Ao CORECON-PA, de acordo com o conjunto legal que regulamenta a profissão de economista, compete: organizar e manter o registro profissional dos economistas; expedir as carteiras profissionais; arrecadar multas, anuidades, taxas e demais rendimentos, bem como promover a distribuição das cotas de arrecadação conforme os critérios de repartição fixados em lei; fiscalizar a profissão de economista; impor as penalidades previstas; organizar e desenvolver cursos, palestras, seminários e discussões para a atualização profissional e a respeito da ética profissional; elaborar o seu regimento interno para exame e aprovação pelo COFECON; e auxiliar o COFECON no que se refere à contribuição para a formação de sadia mentalidade econômica através da disseminação da técnica econômica nos diversos setores da economia nacional e promoção de estudos e campanhas em prol da racionalização econômica do País.
Quando assumi a presidência do CORECON-PA nos primeiros dias do ano de 2010 o quadro que se apresentava era demasiadamente preocupante e exigia um esforço grande na retomada do prestígio do Conselho ante a categoria e ante a sociedade paraense. Passos concretos haviam sido dados por diversas gestões anteriores. Para citar apenas dois que eu considero dos mais importantes, no ano de 2005, na gestão do Presidente Omar Corrêa Mourão Filho, foi adquirida uma nova propriedade. E no ano de 2009, na gestão do Presidente Sérgio Roberto Bacury de Lira, foi entregue para a categoria uma nova sede. Se até então o CORECON-PA tinha as suas atividades limitadas por falta de estrutura, esta não poderia mais ser desculpas para a gestão que se iniciou no ano de 2010.
Tive a honra de ter sido o primeiro presidente eleito na nova sede e o nome da chapa que se lançou naquele momento era emblemático: “Nova Sede, Novas Conquistas!”. Nome sugerido pelo economista João Tertuliano Lins Neto em um de nossos calorosos debates acerca dos rumos futuros que a nova gestão do CORECON-PA deveria tomar.
Com o objetivo de enfrentar os desafios que se colocavam foi proposta e aceita uma mudança na filosofia de gestão do CORECON-PA, que passou a ser participativa e descentralizada, buscando o envolvimento e prestígio de todo e qualquer economista que quisesse colaborar. Foi dentro desta filosofia de trabalho que no dia 23 de janeiro de 2010, sábado, foi realizado uma oficina de planejamento de ações com mais de 50 economistas presentes que elegeu pontos prioritários que deveriam ser enfrentados pela nova gestão. Dentre estes pontos merecem destaque: realização de ações concretas em defesa do mercado de trabalho; valorização do registro profissional; promoção de maior interação com estudantes e recém formados; promoção de ações para melhoria nos estágios; realização de ações com o objetivo de aumentar o número de profissionais registrados; estreitamento de relações e busca de parcerias com outros órgãos de classe; posicionar a categoria quanto a temas importantes e polêmicos que afetem a sociedade paraense; realização de palestras, seminários e mesas redondas; ampliação da Semana do Economista; realização de  cursos para aumentar a qualificação e empregabilidade dos economistas; e, melhoria do canal de comunicação do Conselho para a com a categoria. Ademais, implementamos no CORECON-PA a filosofia do serviço ao economista. Estávamos lá não para usufruir do CORECON-PA mas para servir a categoria.
Havia uma leitura por parte dos participantes de que as metas traçadas eram demasiadamente ousadas. Mas para a surpresa de muitos, grande parte do que foi planejado foi efetivamente realizado e aos poucos os economistas passaram a voltar a prestigiar a Casa do Economista. As poucas metas que não foram cumpridas em sua integralidade decorreram da falta de mais colaboradores.
É de bom alvitre, como diria o mestre José Marcelino Monteiro da Costa, destacar que o ano de 2010 também foi marcado pela criação de quatro comissões que passaram a desempenhar papel estratégico. A Comissão Administrativo-Financeira, que ficou encarregada de consolidar um “choque de gestão”, a Comissão de Assuntos Estratégicos, a Comissão de Economistas Projetistas e a Comissão de Valorização Profissional. Esta última coordenou o estudo inédito Perfil do Economista do Estado do Pará, concluído em outubro de 2010 que pôde nos dar informações extremamente valiosas para o planejamento das ações do Conselho.
Outros fatos que também aconteceram no ano de 2010 e que merecem destaque foram o lançamento da Carteira do Estudante de Economia, a ampla publicidade do Relatório de Gestão 2010 e o lançamento do Projeto Corecon Solidário, que teve por objetivo desenvolver a responsabilidade social do Conselho e despertar no economista a vocação social e solidária através da realização de palestras de educação financeira e eventos solidários em comunidades carentes, como o Dia das Crianças e o Natal Solidário, e a doação de gêneros alimentícios arrecadados em nossas atividades. No ano de 2011 já ultrapassamos a marca de 1,5 toneladas de alimentos doados para instituições sociais.
Aqui faço uma confissão pública que os mais próximos sabem. Eu não pretendia concorrer a um segundo mandato. Estava convencido de que a renovação que iniciamos no Conselho deveria funcionar com um regime de rodízio a frente da gestão. Novas lideranças precisavam ser trabalhadas e deveriam assumir com o gás que é natural de quem está iniciando um trabalho. Mas após uma reunião com um grupo de colaboradores fui convencido de que deveria consolidar as mudanças que estavam em curso, principalmente no que se referia ao fortalecimento institucional e a valorização profissional.

sábado, 16 de julho de 2011

Reflexões sobre a profissão de economista - Parte 5 - Saber aprender: ser ou não ser, eis a questão!

Hamlet na obra prima de Shakespeare defronta-se com uma escolha ética que o coloca no centro de uma querela existencial. Quem dera todos os alunos de economia no decorrer do curso, melhor que fosse ainda no início, refletissem sobre o seu projeto de vida. O que noto em meus alunos é que poucos têm efetivamente um projeto de vida. E destes, grande parte não está disposto em incorrer nos custos de oportunidade, ou seja, não se dispõe a pagar o preço por uma boa formação, que exige sem dúvida certo sacrifício, horas dedicadas à leitura e a reflexão.
Estou convencido de que o conhecimento não se pega por osmose. Há quem acredite nisto, mas o estabelecimento de metas pessoais, seja um concurso público, uma carreira em uma empresa privada, uma especialização, um mestrado ou um doutorado, caminha em paralelo com dedicação e sacrifício. O insucesso profissional não pode ser atribuído ao curso ou aos professores que o indivíduo teve. Culpar terceiros é a melhor forma de se eximir da responsabilidade pessoal pelo fracasso.  O pacto de mediocridade precisa ser rompido. Chega da hipocrisia de que um finge que ensina e outro finge que aprende.  
Ser um bom “ornitorrinco”, que dizer um bom economista, exige dedicação e em muitos momentos a superação dos próprios limites. Outro dia, dado aula para os meus alunos, e refletindo com eles sobre a formação profissional e a construção de um projeto de vida, fiz alusão à história da lebre e da tartaruga que todos nós em algum momento de nossa infância já a escutamos. O mercado de trabalho está cada vez mais concorrido. Exige profissionais com domínio amplo de uma série de ferramentas, uma visão holística de mundo. Percebo que o economista, dada a sua formação, deveria ser o profissional mais habilitado para se destacar neste cenário. Isto mesmo, você não leu errado. Deveria! Na prática percebemos que temos perdido espaço para outros profissionais que em tese não possuem a mesma solidez de formação que o economista. Isto me lembra a história da lebre e da tartaruga. A lebre confiante em sua destreza passa a menosprezar a tartaruga e resolve tirar um cochilo. É neste momento que a tartaruga, dando um exemplo de determinação, supera a displicente lebre. Muitos estudantes de economia e até mesmo economistas estão ainda dormindo no berço esplêndido de nossa formação e estão perdendo espaço para outros profissionais. São como o jóquei que monta no mais veloz cavalo e perde para aquele que está sobre um pangaré. Lição: a persistência quase sempre vence a destreza displicente.
Ao lado disto, a pós-modernidade construiu a sociedade do individualismo. Os projetos sociais e coletivos são subjugados pela agenda pessoal e individual. É neste momento que muitos entram em uma rotina diária que chega as beiras do insuportável. Uma rotina da compressão do tempo, na qual não sobra tempo para o que realmente importa. Muitos estão lendo estas linhas com pressa, pensando em uma série de coisa que ainda estão pendentes. Alguns nem sequer chegarão a terminar esta leitura, se é que chegaram até aqui. A grande maioria já acorda atrasada e passa o dia inteiro como se o mundo fosse acabar daqui a pouco. Estamos construindo uma sociedade doente, com valores distorcidos.
As pessoas não são mais julgadas pelas suas condutas éticas e morais. Mas pelo que possuem como patrimônio ou pela capacidade que detêm de influência política e/ou econômica. O verbo ser foi substituído pelo verbo ter e a crise moral e ética é notória, está diariamente em destaque nos jornais e telejornais. Não há escrúpulos que impeçam a gana de enriquecimento pessoal. Os fins justificam o meio. A meta dominante em nossa sociedade é o acumulo pessoal de riquezas, infelizmente em muitos casos por meio de atalhos. Para mim é curioso quando achincalhamos a nossa classe política. Curioso porque ela reflete os valores de nossa sociedade. Não vejo diferença entre aqueles que enfiam dinheiro na cueca ou aqueles que tentam burlar a ética acadêmica levando e se valendo de cola em uma prova para a qual não estudou. É tudo uma questão de oportunidade. A nossa sociedade está doente e nós precisamos trazer as questões morais e éticas novamente para o centro do debate.   
Por que falo disto ao falar sobre o aprendizado em economia? Falo porque precisamos resgatar o verbo ser nas universidades. Os alunos precisam refletir muito mais no que eles serão do que o que eles terão. Neste caso a posologia é simples, mas envolve uma mudança de mentalidade. Envolve: dedicação aos estudos, construção de um projeto de vida, incursão em determinados momentos em custos de oportunidade e acima de tudo em uma alta dose de reflexão pessoal. Construindo o ser o ter passa a ser quase que uma conseqüência natural. Assim, fazendo isto eles não estarão batendo a porta do Conselho pedido urgentemente uma reciclagem profissional para obterem um grau mínimo de empregabilidade porque aquele “padrinho” não conseguiu o emprego que havia prometido (sic). Eu já tive que escutar isto!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Reflexões sobre a profissão de economista - Parte 4 - O ensino da economia, precisamos de uma revolução!

Estou convencido de que precisamos reinventar a nossa profissão, e esta reinvenção precisa começar na forma como ensinamos e aprendemos economia. Falando em ensino de economia, relatos apontam que em 1795 fora feita na França uma tentativa de criação de um Curso de Economia Política sem, entretanto, obter continuidade. Somente em 1819 sobre a liderança de Jean-Baptiste Say foi que o Conservatório de Artes e Ofícios da França implantou o primeiro Curso de Economia Política. Na Inglaterra há relatos de que Thomas Robert Malthus criou no ano de 1805 a cadeira de História, Comércio e Finanças no East India College. Contudo, o primeiro Curso de Economia Política da Inglaterra foi implementado na Universidade de Oxford no ano de 1825 sob a liderança de Nassau Senior. Já em Portugal o primeiro Curso de Economia Política surge em 1836 na Universidade de Coimbra.
No Brasil a Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, criada no ano de 1909 e reconhecida por decreto no ano de 1926, foi a primeira faculdade de economia estabelecida no Brasil. No Pará o ensino de economia foi resultado do empenho de Armando Correia Pinto – e é por causa disto que o CORECON-PA o homenageia anualmente dando o seu nome a premiação da melhor monografia de conclusão de curso de graduação durante a Semana do Economista – que liderou dentro da Fênix Caixeiral Paraense a criação da Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais, autorizada a funcionar no ano de 1947 e iniciando efetivamente as aulas no ano de 1949. 
Atualmente existem três cursos de graduação em economia em funcionamento no estado do Pará, o Curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Pará (UFPA), o Curso de Ciências Econômicas da Universidade da Amazônia (UNAMA) e o Curso de Ciências Econômicas das Faculdades Integradas do Tapajós (FIT), além do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFPA, que possui atualmente o único curso de mestrado em economia em funcionamento na Amazônia.
Aqui chegamos a um assunto nevrálgico. Quando falamos da atuação profissional do economista há um tripé analítico básico: legislação profissional, fiscalização e formação. Bem, deixemos os dois primeiros e fiquemos com a formação profissional.
É comum escutarmos referência a existência de uma crise na profissão. Ao menos alguns indicadores apontam para isto: queda na demanda pelo vestibular, não fechamento de turmas em universidades privadas, fechamento de cursos, queda na qualidade dos alunos que adentram o curso, alunos desinteressados, alto índice de evasão, queda no número de formandos, baixo número de novos registros profissionais e aumento na quantidade de pedidos de cancelamento de registro nos Conselhos. Bem, por enquanto vamos ficar apenas com a questão do ensino e eu por ser professor da UFPA vou tecer comentários a luz do que vejo em minha universidade. Em relação às outras instituições de ensino não tenho vivência para tecer nenhum tipo de comentário.
Ano passado me ofereci para lecionar no primeiro semestre a disciplina Introdução a Teoria Econômica. Quis trabalhar com os calouros. Acho que este é o momento certo para colocar os alunos em uma trajetória acadêmica adequada. A docência é sem dúvida uma vocação. Muito mais do que passar conhecimento teórico compete ao professor transformar vidas. Não pude deixar de recordar de dois autores, Karl Marx e Paulo Freire. O primeiro, reconhecido por ser um dos mais brilhantes economistas de todos os tempos e que alterou radicalmente os rumos de todas as ciências sociais advogando que muito mais do que interpretar o mundo de várias maneiras competia aos filósofos modernos a sua transformação. Roubei esta idéia e a adaptei para os economistas, aqui confesso este crime. O segundo, conhecido internacionalmente como o mentor da educação para consciência, ensinou durante muito tempo, e continua ensinando, que ao educador compete levar o aluno a um processo de libertação a partir do momento em que a tomada de consciência de sua situação permite ao mesmo tornar-se sujeito de sua própria história. Ou seja, educação não é mera transmissão de conhecimento, é dar oportunidade ao aluno para que ele mesmo possa produzir em determinado momento conhecimento.
Todo bom educador busca desenvolver em seus alunos a consciência crítica e a autonomia intelectual. É um processo de incitação a curiosidade, de busca pelo novo e, principalmente, de superação de desafios e limitações. É, por outro lado, um processo dialético e social. Ninguém aprende sozinho e ninguém possui a verdade absoluta. É um processo interativo, no qual aluno vira professor e professor, aluno. Neste processo conhecimento, culturas e valores são compartilhados. Pontos de vistas, muitas vezes, modificados. Olhos, “abertos”.
Todo bom educador deve ter por objetivo derradeiro a ampliação dos horizontes de possibilidades de seus alunos, ajudando-os na construção de um futuro melhor. Em última instância é um idealista por natureza. Busca transformar a sociedade por meio da difusão do conhecimento, da tomada de consciência individual e coletiva e do desenvolvimento da autonomia intelectual. Ser educador não é ter uma profissão, é viver uma vocação. A sala de aula é um momento de gozo, de alegria, de compartilhamento, de auto-realização. Ver os avanços, o desenvolvimento dos alunos com o passar do tempo é a melhor recompensa que um educador pode ter. Por isso, o educador não poder cauterizar o seu coração e se desviar de seus ideais em função de obstáculos que surgem ao longo de seu caminhar.
O verdadeiro educador deve saber claramente quais são os seus limites e antes de qualquer coisa também saber se impor limites. Mais ainda, deve aprender com os limites e usar estes para ensinar. Educar é viver, é sonhar, é rir, é chorar e também se decepcionar. Mas usar todas as experiências da vida para aprender e ensinar. Somente assim podemos fazer da universidade uma instituição capaz de transformar vidas e a própria sociedade.
Eureka! A reinvenção de nossa profissão passa fundamentalmente pela revolução na forma como ensinamos economia. Precisamos de mais professores interessados, verdadeiramente comprometidos com o que fazem e com o projeto pedagógico de suas universidades. O bom educador prepara aula com antecedência, não falta aula, chega no horário e cumpre o seu horário. Entra em sala motivado e sabe motivar os alunos. Mais do que isto, vive a universidade e não aparece somente para dar a sua aulinha. Ademais, ele é um crítico de si mesmo. Será que a minha aula está boa? Estou atualizado? Estou passando o conhecimento adequado? Enfim, mais do que professores, precisamos de educadores e de referências para os alunos em nossas salas de aula. Bem, mas o processo educativo envolve também outro ator, o aluno. Mas isto é assunto do próximo ato...