Nesta última edição do Relatório Focus,
a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2013
permaneceu em R$ 2,25 por dólar. Para o fechamento de 2014, a estimativa dos
analistas dos bancos para o dólar ficou estável em R$ 2,40. A projeção dos economistas
do mercado financeiro para o superávit da balança comercial (exportações menos
importações) em 2013 caiu de US$ 2 bilhões para US$ 1,97 bilhão na semana
passada. Para 2014, a previsão de superávit comercial avançou de US$ 8,20
bilhões para US$ 8,50 bilhões na última semana. Para 2013, a projeção de
entrada de investimentos no Brasil ficou inalterada em US$ 60 bilhões. Para
2014, a estimativa dos analistas para o aporte de investimentos estrangeiros
continuou em US$ 60 bilhões na última semana.
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Brasil, o país dos juros e da dívida pública
De acordo com o último Boletim Focus, divulgado na semana passada, a
maior parte dos analistas segue acreditando que os juros básicos da economia,
atualmente em 9,5% ao ano, avançarão para 10% ao ano na última reunião do
Comitê de Política Monetária do Banco Central deste ano. Com a manutenção desta
política de juros alto, grande parte do orçamento público federal do ano que
vem continuará destinada ao pagamento de juros e amortizações da dívida
pública. No ano de 2012, somente o pagamento de juros e amortizações da dívida
pública “abocanharam” 43% do orçamento da União.
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Mercado prevê menos inflação e crescimento econômico em 2014
De
acordo com o Boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, que é fruto de uma
ampla pesquisa nas instituições financeiras, os economistas do mercado
financeiro baixaram a sua estimativa para o crescimento do Produto Interno
Bruto e da inflação para o ano que vem (2014). A taxa prevista para o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou de 5,94% para 5,92%. Já em
termos de crescimento econômico, a estimativa para o crescimento da economia
recuou de 2,20% para 2,13%.
Brasil, país da burocracia
Estudo
realizado pelo Banco Mundial, divulgado recentemente, mostra que o Brasil encontra-se
na 116ª posição no ranking que mede a facilidade de se fazer negócios em 189
países, estando inclusive abaixo da média latino-americana. Se queremos
acelerar o crescimento econômico, um ponto fundamental da agenda é diminuir a
burocracia a qual os empresários são submetidos para abertura de seus negócios.
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Mario Couto (PSDB) se destaca na primeira sondagem eleitoral para eleição de senador em 2014
A sondagem eleitoral para a eleição 2014 coordenada
pelo prof. Edir Veiga também inferiu o comportamento do eleitor para eleição ao
senado. Segundo os dados apresentados o atual senador Mário Couto (PSDB) larga
na frente da disputa. Confira o resultado da pesquisa.
Primeira sondagem eleitoral para eleição 2014 aponta vitória do PMDB no segundo turno no estado do Pará
Inferindo sobre o comportamento do eleitor
num eventual segundo turno, a primeira sondagem eleitoral a respeito das
intensões de votos para governo do estado do Pará em 2014, aponta para uma
vitória do PMDB nas eleições de 2014, caso caminhem para a disputa o atual
governador Simão Jatene (PSDB) e o ex-prefeito de Ananindeua Helder Barbalho
(PMDB).
Confira o resultado da pesquisa.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Primeira sondagem eleitoral para eleição 2014 no estado do Pará
Nesta semana foi divulgada a primeira
sondagem eleitoral a respeito das intensões de voto para governo do estado do
Pará em 2014. Coordenado pelo prof. Edir Veiga, da UFPA, esta primeira sondagem
acendeu a luz amarela Palácio do Despacho. A sondagem ouviu 400 eleitores nas
seis mesorregiões do Pará (Baixo Amazonas, Marajó, Metropolitana, Nordeste
Paraense, Sudeste Paraense e Sudoeste Paraense), no período de 14 a 20 de
outubro de 2013.
Com uma margem de erro de 5 pontos
percentuais para mais ou para menos, a sondagem para governo do estado apresentou
os seguintes resultados.
Espontânea
Estimulada 1
Estimulada 2
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Zé Francisco assume a presidência estadual do PMN
No
dia de ontem o sindicalista Zé Francisco assumiu a Presidência Estadual do PMN.
Atual suplente de deputado, foi na eleição passada candidato a vice-prefeito de
Belém pelo PV na coligação com o PPS, tendo como cabeça de chapa o Deputado
Federal Arnaldo Jordy. Findada a eleição tomou a decisão de se afastar do PV.
Após diversas especulações e convites, aceitou ingressar nas fileiras do PMN.
Com o fracasso da tentativa de fusão do PMN com o PPS, que formariam o
Mobilização Democrática, cabe ao novo presidente do PMN a elaboração de uma
estratégia para fortalecimento da sigla no Pará. Ao que tudo indica, Zé
Francisco, agora do PMN, deverá ser candidato a Deputado Estadual em 2014.
Jeferson Lima (PP) candidato ao Senado?
Eis
que no dia de hoje mais um pré-candidato a única vaga ao Senado da eleição do
ano que vem apareceu. Conforme notícia divulgada, o radialista, que foi
candidato a prefeito de Belém na eleição passada, Jeferson Lima (PP),
manifestou a sua intensão de ser candidato. Ao que tudo indica esta candidatura
conta com o incentivo do presidente estadual do PP, Gerson Peres. Se todos que
se lançaram pré-candidato a esta única vaga efetivarem a sua candidatura, esta
disputa será das mais concorridas.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Projeto de criação de novos municípios
O Senado Federal aprovou ontem o Projeto de
Lei Complementar 98/2002 que define as regras para a criação, incorporação,
fusão e desmembramento de municípios.
Somente no estado do Pará tramitam na
Assembleia Legislativa 51 projetos de criação de novos municípios, sendo que 24
em situação bem avançada. De acordo com as regras que foram aprovadas no
Congresso Nacional, e que segue para sanção da Presidente Dilma Rousseff, a
aprovação da criação dos novos municípios será uma responsabilidade do
legislativo estadual, desde que respeitem alguns critérios, como a elaboração de
Estudo de Viabilidade Municipal (EVM), realização de plebiscito junto a
população, população mínima, renda própria e capacidade de cumprir a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
De acordo com o projeto, não haverá aumento
no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Isto significa que o
montante existente deverá ser dividido entre os municípios já existentes e os
novos a serem criados.
PT – Resistência local a composição com o PMDB
A Executiva Nacional do PT já teria costurado
com o PMDB a coligação dos dois partidos na eleição para governo do estado do
Pará em 2014. Contudo, o atual Presidente nacional da legenda, Rui Falcão, está
se surpreendendo com a forte resistência de algumas correntes contra este arco
de aliança. Cresce, inclusive, um movimento dentro do PT regional de
candidatura própria, que vem sendo articulado por algumas correntes, tendo a
frente o Dep. Federal Claudio Puty.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Três economistas norte-americanos dividem Prêmio Nobel de Economia 2013
O Prêmio Nobel de Economia de 2013 será
dividido por três economistas norte-americanos. Eugene F. Fama e Lars Peter
Hansen, ambos da Universidade de Chicago, e Robert J. Shiller, da Universidade
de Yale, foram escolhidos por suas análises empíricas dos preços de ativos. O
anúncio foi feito nesta segunda-feira (14) pela Real Academia Sueca de
Ciências.
Eugene F. Fama nasceu em 1939 em Boston,
Massachusetts. É Ph.D. (1964) pela Universidade de Chicago, onde atua como
professor de Finanças.
Lars Peter Hansen nasceu em 1952 e tornou-se
Ph.D. (1978) pela Universidade de Minnesota. É professor de Economia e
Estatística na Universidade de Chicago.
Robert J. Shiller nasceu em 1946 em Detroit.
Tornou-se Ph.D. em 1972 pelo Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), em
Boston. É professor de Economia na Universidade de Yale.
Os três dividirão um prêmio de oito milhões
de coroas suecas - o que, em cotações de 1º de outubro, corresponde a um total
de R$ 2.781.600,00, ou R$ 927.200,00 para cada um.
Comunicado
"Não há maneira de prever o preço de
ações e títulos nos próximos dias ou semanas. Mas é possível antever o curso
dos preços por longos períodos, como os próximos três ou cinco anos. Estas
descobertas, que podem ser ao mesmo tempo surpreendentes e contraditórias,
foram feitas e analisadas pelos premiados deste ano", afirmou a Real
Academia Sueca de Ciências em comunicado divulgado à imprensa.
Em seguida, o comunicado fala sobre o legado
de cada um dos ganhadores do Prêmio Nobel 2013. "Começando nos anos 60,
Eugene Fama e vários colaboradores demonstraram que estes preços eram difíceis
de prever no curto prazo e que novas informações são muito rapidamente
incorporadas aos preços. Estas descobertas não apenas tiveram um profundo
impacto nas pesquisas subsequentes como também mudaram a prática de
mercado".
Em seguida o destaque vem para os estudos de
Robert Shiller. "Se os preços são quase impossíveis de prever no curto
prazo, não deveria ser mais difícil prevê-los ao longo de vários anos? A
resposta é não, como Robert Shiller descobriu no início dos anos 80. Ele
verificou que os preços das ações flutuam muito mais do que os dividendos das
empresas e que as taxas dos dividendos tendem a cair quando eles são altos e
tendem a subir quando eles são baixos. Este padrão se mantém não só para ações,
mas também para títulos e outros ativos".
O comunicado apresenta em seguida o legado de
Lars Peter Hansen. "Uma abordagem interpreta estes achados em termos de
resposta por parte de investidores racionais para a incerteza nos preços.
Grandes retornos no futuro são vistos como compensação pela manutenção de
ativos em tempos de um risco incomum. Lars Peter Hansen desenvolveu um método
estatístico que foi particularmente adequado para testar teorias racionais de
precificação de ativos. Usando este método, Hansen e outros pesquisadores
descobriram que modificações nestas teorias precisariam percorrer um longo
caminho para explicar os preços de ativos.
Por fim, o comunicado justifica a escolha dos
ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2013. "Os premiados
estabeleceram os alicerces do entendimento atual sobre preços de ativos. Ela se
baseia em parte nas flutuações durante o risco e nas atitudes de risco e em
parte nas tendências comportamentais e fricções do mercado".
O
Prêmio Nobel
O Prêmio Nobel foi criado em 27 de novembro
1895, no testamento de Alfred Nobel, cientista sueco que ficou muito rico com a
invenção da dinamite. As áreas premiadas eram: Física, Química, Medicina ou
Fisiologia, Literatura e Paz. Os prêmios começaram a ser entregues em 1901.
Em respeito ao testamento de Alfred Nobel,
nenhuma outra área de atuação é acrescentada nas premiações. A única exceção
foi a Economia. Isso porque em 1968 o Sverige Riksbank (Banco Central da
Suécia), comemorando seu tricentenário, instituiu o "Prêmio Sverige
Riksbank de Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel", patrocinado
pelo próprio banco. Por esta diferença, ele não leva o nome de "Prêmio
Nobel" em sua nomenclatura oficial, mas é anunciado e entregue juntamente
com os outros Prêmios Nobel (embora não na mesma semana), além de ter o
ganhador escolhido pela Real Academia Sueca de Ciências.
O primeiro Prêmio Nobel de Economia foi
entregue em 1969 para o norueguês Ragnar Frisch e para o holandês Jan
Tinbergen. Nesta área, a maioria dos premiados são norte-americanos (alguns
deles naturalizados). Outra curiosidade: o mais velho ganhador de um Prêmio
Nobel foi o economista Leonid Hurwicz (nascido na Rússia, naturalizado
norte-americano), aos 90 anos, em 2007, enquanto o mais jovem foi o
novaiorquino Kenneth J. Arrow, aos 51 anos, em 1972. E apenas uma vez uma
mulher ganhou o Nobel de Economia: foi Elinor Ostrom, em 2009, falecida menos
de três anos depois.
Além disso, há uma tendência recente de
divisão do Nobel de Economia: desde 2000, houve apenas dois prêmios
individuais: Edmund Phelps, em 2006, e Paul Krugman, em 2008. Nos outros anos
deste período os prêmios foram divididos entre dois ou mais ganhadores. Esta
tendência fez com que, em 2013, o número de prêmios divididos superasse o de
prêmios individuais: 23 a 22.
Elaboração: Manoel Castanho (COFECON).
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Lira Maia (DEM) estaria cogitando a vice-governadoria
Em política aprendemos que nem tudo o que
corre no boca a boca tem fundamento. Há muita fofoca e muito jogo de cena.
Movimentos são ensaiados para se tentar ajustes e compensações. Digo isto
porque há rumores de que o ex-prefeito de Santarém e atual Deputado Federal,
Lira Maia (DEM), que teria comentado que não seria mais candidato a reeleição para
a Câmara, estaria pleiteando o lugar de Helenilson Pontes (PSD) como vice na
chapa do PSDB na eleição de 2014.
Está muito claro de que um vice do oeste do
Pará fortalece qualquer chapa majoritária ao governo. Agora se a correlação de
forças que dá suporte ao governo Jatene (PSDB) irá atender a demanda de Lira
Maia e preterir Helenilson é outros quinhentos.
Duciomar candidato a governo do Pará?
Correu com muita força nos
bastidores no dia de hoje a notícia de que o ex-prefeito de Belém, Duciomar
Costa (PTB), estaria cogitando fortemente a sua candidatura ao governo do
estado do Pará. Sei que em política tudo pode acontecer. Contudo,
particularmente, avalio esta notícia como parte de uma estratégia do Dudu de
pressionar o PSDB para uma composição na eleição do ano que vem. Veremos...
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Muro de Berlim ou Wall Street? Algumas indicações da teoria econômica
Escrito por Fernando
de Aquino Fonseca Neto (*)
Dezenove anos depois, outro “muro” foi
seriamente abalado, Wall Street, agora como conseqüência de um “excesso de
mercado”. O chamado “neoliberalismo”, que tanto tem prejudicado o crescimento
econômico e a distribuição de oportunidades entre os países pobres e
emergentes, gerou uma crise financeira com efeitos bem reais no mundo
desenvolvido. Para os seus defensores, nos países ainda não desenvolvidos o
desenvolvimento não tem sido satisfatório porque as reformas liberalizantes não
foram suficientes. Os céticos de tal receituário, todavia, têm a seu favor a
hipótese que o único processo de desenvolvimento capitalista a ter êxito contando
apenas com as forças do mercado foi o da Inglaterra, possivelmente por ter
partido na frente.
É impressionante a parcela dos trabalhos
acadêmicos de economia, ao menos nas últimas décadas, que trazem entre seus
principais resultados recomendações acerca da participação do Estado na
economia. No final das contas, resta a impressão de que a participação mais
adequada do Estado seria uma questão de crença e estaria baseada em uma
determinada concepção de natureza humana, mesmo quando os “crentes” não se dão
conta. Num enfoque mais economicista, poderíamos dizer que depende dos
“microfundamentos” adotados. Com tal ponto de vista, é mais fácil aceitar que
as opiniões mais extremas sobre essa participação, como a “marxista” e a
“neoliberal”, se apoiam em microfundamentos bastante toscos.
O que poderia ser mais utópico que todos
os seres humanos se tornarem plenamente virtuosos, solidários e construtivos,
após a superação do capitalismo, como profetiza o marxismo? Por outro lado, não menos utópica seria uma
sociedade constituída de unidades familiares autônomas capazes de sempre fazer
as melhores escolhas, como assume o neoliberalismo. É interessante notar que
ambos alimentam alta expectativa da natureza humana, de um lado a superação das
atitudes destrutivas, tão presentes no comportamento humano em geral, de outro,
a faculdade de fazer as escolhas, de forma autônoma e para todos os períodos
futuros, que levariam a unidade familiar ao bem-estar total máximo permitido
por sua dotação inicial de recursos e habilidades.
O que muitos não sabem é que a própria
teoria econômica fornece muitas indicações sobre questão da participação do
Estado na economia. A teoria neoclássica argumenta que, sob certas condições, o
mercado alocará os recursos de modo a maximizar o bem-estar de todos os
agentes, dadas as suas dotações iniciais. Observem que são admitidas duas
restrições ao mecanismo de mercado: “sob certas condições” e “dadas suas
dotações iniciais”. A primeira seria equivalente ao que, no jargão dos
economistas, chama-se “ausência de falhas do mercado”, ao invés de considerar
que as falhas estariam nos microfundamentos, os quais, quanto mais próximos do
comportamento humano como de fato ele é, melhor funcionam como base para
dimensionar a participação mais apropriada do Estado. Nesse sentido, avanços
têm sido registrados na teoria econômica, tais como:
• Aplicações da teoria dos jogos, em que os agentes
teriam um “comportamento estratégico”, onde cada um leva em conta também o que
espera do comportamento dos demais envolvidos. Com isso, a hipótese de
otimização individual, sem considerar as possíveis reações dos demais agentes,
como assumido pela teoria neoclássica tradicional, seria relaxada.
• Desenvolvimento da economia da informação, onde a
hipótese neoclássica de que os agentes têm acesso e processam corretamente
todas as informações relevantes para realizar suas escolhas, também passa a ser
relaxada.
• Modelos de formação de bolhas, com a hipótese de
agentes heterogêneos, como o caso em que os racionais, da teoria neoclássica
tradicional, passam a interagir com os chamados “agente exuberantes”, que
tendem a exagerar em suas avaliações, otimistas ou pessimistas, como grande
parte das pessoas no mundo real.
Tais avanços justificam a atuação do
Estado (i) para regular monopólios e cartéis que praticam barreiras à entrada,
decorrentes de comportamento estratégico, (ii) para manter sistemas públicos de
previdência, em função das limitações dos agentes realizarem otimização
intertemporal de longo prazo, e (iii) para regular mercados financeiros e de
capitais, minimizando a formação de bolhas que possam ter efeitos sistêmicos
perniciosos. Acrescente-se a tais inovações nas justificativas de intervenção,
“falhas do mercado” percebidas há mais tempo, como os oligopólios e monopólios
naturais, que também mostram a necessidade de regulação pelo Estado.
Quanto à segunda restrição, relativa às
dotações iniciais de recursos e habilidades, a teoria econômica também fornece
algumas indicações. Para tanto, observe-se que a principal forma de
participação do Estado na economia é transferindo, compulsoriamente, recursos
entre os agentes. Assim, agentes com recursos excedentes tenderão a ter parte
deles apropriada pelo Estado, enquanto agentes com carência de recursos
tenderão a se beneficiar da atuação do Estado de forma mais visível. Não é por
acaso que os mais ricos em geral preferem menor participação do Estado, e os
mais pobres desejam exatamente o inverso. Então, seria possível alguma
objetividade nessa questão? Uma solução foi proposta pelo filósofo americano
John Rawls, a partir do que chamou de “véu da ignorância”, que seria uma
situação hipotética em que os agentes deliberariam sobre a participação
adequada do Estado antes de saber as dotações iniciais que teriam.
Então, tais condições possibilitariam
uma escolha objetiva, o que tenderia levar à aceitação da participação de
Estado para garantir condições mínimas aos agentes com menores dotações
iniciais. Esse princípio estaria plenamente ajustável à abordagem neoclássica,
tendo sido incorporado com a “Função de bem-estar social hawlsiana”. Nesse
contexto, essas “condições mínimas” seriam as suficientes para minimizar as
desigualdades de oportunidades, pois mais que disso começaria a ser injusta com
os que possuem recursos gerados com esforço e competência próprios, ou
transmitidos e recebidos livremente de alguém, como os pais, para passar para
outros usufruírem.
Além dessas restrições ao mecanismo de
mercado, a teoria econômica dá suporte à participação do Estado com outros
propósitos, dos quais se destacariam a manutenção do equilíbrio macroeconômico
e a promoção do crescimento econômico. Ainda que alguns economistas discordem,
a maioria recomenda um “ativismo” do Estado, tanto conduzindo a política macroeconômica
para compatibilizar a demanda agregada com a capacidade produtiva da economia,
de modo a condicionar o máximo de emprego dos recursos com estabilidade nos
níveis de preços, quanto com políticas para incentivar os investimentos.
Neste último propósito, é interessante
notar abordagens totalmente divergentes, com propostas totalmente diferentes,
mas que envolvem a participação do Estado. Nesse sentido, vale citar dois
trabalhos recentes: (i) Crescimento Clássico e crescimento retardatário, de um
de nossos decanos, o estruturalista João Paulo de Almeida Magalhães, defendendo
que o Estado direcione os investimentos, tanto públicos quanto privados, para
setores e cadeias produtivas em que haja mercado sustentável em evolução; (ii)
Desigualdades Regionais no Brasil, de um economista mais ortodoxo, Alexandre
Rands Barros, propondo um outro tipo de intervenção do Estado, qual seja, na
promoção de investimentos em capital humano como forma de induzir os
investimentos em capital físico. Não é objetivo deste artigo entrar no mérito
dessas propostas, mas apenas ilustrar que abordagens tão diferentes terminam
recomendando a participação do Estado.
Pode-se assumir, então, que a
participação adequada do Estado estaria entre a máxima e a mínima. Nessa
altura, deve-se ainda descartar a crença de que a corrupção ocorre apenas
quando o Estado está envolvido. Também existe corrupção dentro e entre as
empresas. Assim como as falhas do mercado, as falhas do Estado precisam ser
corrigidas por adequados sistemas de incentivos e de controle. Enfim, para um
fechamento meio inspirado, pode-se arriscar em dizer que o mercado é, ao mesmo
tempo, uma selva e um espaço libertário, assim como o Estado é, ao mesmo tempo,
um Leviatã e um ente civilizatório.
(*) Doutor em economia pela Universidade de Brasília
(UnB) e Presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE)
O exercício legal da profissão é garantido pelo setor de fiscalização
Setor
de fiscalização do Corecon-PA atua para defender os direitos dos economistas
Você já imaginou ser atendido numa consulta
médica por um engenheiro ou entregar o cálculo estrutural da sua casa para um
sociólogo? Situações como estas não fazem parte do seu cotidiano? Se a resposta
foi não, você está contribuindo para valorização profissional nos diversos
setores.
Visando coibir práticas ilegais o Conselho
Regional de Economia do Pará atualmente conta com a ação efetiva do setor de
fiscalização. Para atender as demandas foi criado o cargo de fiscal da
profissão, hoje, ocupado pela economista Samara Faro, que tem empreendido todos
os esforços para executar as ações voltadas para a defesa das prerrogativas dos
economistas, fiscalizando nas entidades públicas federais, estaduais e
municipais e também nas organizações privadas.
A função do setor de fiscalização é de grande
relevância, pois garante o exercício da profissão aos economistas legalmente
habilitadas, além de contribuir para a sociedade por meio da segurança e
credibilidade dos serviços prestados. Existem outros focos da fiscalização, a
defesa e ampliação do espaço no mercado de trabalho é uma delas, assim como
questionamentos dos editais de concursos públicos.
Para o Corecon-PA a fiscalização é
extremamente necessária, pois é uma via de mão dupla, trazendo benefício tanto
aos profissionais, quanto para a sociedade que oferece os serviços.
Exercício ilegal da profissão? Denuncie. A
fiscalização dispõe de serviço de atendimento nos casos de exercício ilegal da
profissão. A sua denúncia pode ser feita de forma presencial na sede do
Conselho, sito à rua Jerônimo Pimentel, 918, ou pelo e-mail
fiscal@coreconpara.org.br, se preferir entre em contato por telefone (91)
3242.0207.
Texto:
Ascom Corecon-PA
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