Obrigado ao Conselho Regional de Economia (CORECON-PA)
pelo cartão virtual que compartilho no blog.
sábado, 30 de novembro de 2013
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Corrupção: a necessidade de mudança cultural
Para
acabarmos com a corrupção no Brasil é fundamental mudarmos esta cultura e a
nossa forma de participação no processo político! Lamentavelmente o processo
político no Brasil ainda é dominado pelo poderio econômico, que usa e abusa do financiamento
das campanhas políticas e da cooptação de parlamentares para formação de uma
maioria nas casas legislativas, como foi o exemplo do “mensalão”.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Corrupção e hipocrisia
Precisamos
acabar com a hipocrisia em nosso país. É a hipocrisia que proclama que só é
corrupção algo que é praticado por outros. Véspera de processo eleitoral esta
prática aparece travestida desde favores, prestações de serviços públicos,
patrocínio a atividades culturais, até a compra de voto explícita feita por
aqueles que doam milheiros de tijolo, telhas, areia, cimento, camisas, dentaduras,
óculos, consultas médicas, cadeiras de rodas, cestas básicas, ou promessa de
emprego, dentre outras inúmeras promessas.
Muitos de nossos eleitores votam em
um candidato não pelas qualidades que ele possuirá como gestor ou legislador,
mas pelos favores presentes ou futuros que ele poderá ofertar! Ao fazermos
isto, estamos trocando o direito por uma sociedade melhor, pela eterna
dependência de práticas paternalistas, fisiologistas, patrimonialistas,
personalistas e coronelistas. Pior, estamos nos auto condenando a perpetuação
da nossa condição de sociedade subdesenvolvida, com vergonhosos índices de
exclusão social. Além disto, estamos abrindo mão de nosso direito democrático
de lutar e reivindicar uma sociedade melhor, mais justa, mais igualitária, que
gere efetivas oportunidades de inclusão social.
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Curso de capacitação e formação de pregoeiros e SRP é realizado no Corecon-PA
O Corecon-PA traz
para a cidade de Belém o curso de Capacitação e Formação de Pregoeiros e SRP,
com o objetivo de fornecer conhecimentos gerais, procedimentos e orientações
acerca de pregão presencial e eletrônico. Com carga horária de 16 horas, o
curso será realizado nos dias 11 e 12 de dezembro, na sede do Conselho Regional
de Economia do Pará.
Queda da pobreza e melhoria da distribuição pessoal de renda permite falar em nova classe média?
Participei hoje à tarde, como pauta da 653ª
Plenária Ordinária do Conselho Federal de Economia, do debate “Queda da pobreza
e melhoria da distribuição pessoal de renda permite falar em nova classe
média?”, proferida por Jorge Abrahão de Castro, Doutor em Economia e Diretor da
Diretoria de Planejamento da Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos
do Ministério do Planejamento.
De acordo com a sua palestra é possível
concluir que na última década:
1.
Não
houve alteração do estoque de riquezas, na posse do volume de patrimônio. Pelo
contrário, a elite econômica brasileira manteve o seu estoque de riqueza
inalterado. Ou seja, não houve redistribuição, mas sim distribuição, que levou
a diminuição da pobreza e da desigualdade;
2.
A
distribuição da renda que aconteceu é explicada pela dinâmica do mercado de
trabalho (com o aumento do salário mínimo acima da produtividade média do
trabalhador), pelo Programa Bolsa Família (que responde por algo em torno de
0,6% do PIB e atinge 50 milhões de brasileiros), e pela dinâmica previdenciária
recente (também atrelada à questão do salário mínimo);
3.
A
manutenção desta dinâmica distributiva só terá sustentação com a construção de um
cenário de crescimento econômico do país;
4.
Atualmente
o salário mínimo impacta diretamente 30 milhões de trabalhadores e
indiretamente 120 milhões de brasileiros;
5.
Atualmente,
segundo dados do IPEA, a população brasileira está fatiada da seguinte forma:
43% não pobres, 43% vulneráveis e 16% pobres e extremamente pobres;
6.
A
manutenção de parte da população na situação de pobreza e extrema pobreza é
consequência da sua baixa empregabilidade;
7.
A
“nova classe média”, muito mais um instrumento de marketing político, é
composta por trabalhadores que ganham acima de 2 salários mínimos mensais e que
passam a ter um perfil de consumo “similar” ao de uma classe média, explicado,
também, pelo aumento do crédito e do endividamento destas famílias. Em geral
esta “nova classe média” permanece em condição de vulnerabilidade social;
8.
Há
no país uma dicotomia entre o gasto público e a política tributária, os gastos
são progressivos e a tributação é altamente regressiva. Ou seja, com uma mão o
governo dá para os mais pobres e com outra ele tira dos mais pobres que pagam
proporcionalmente mais impostos;
9.
Os
20% mais ricos da população brasileira possuem 63% do estoque da riqueza
nacional, enquanto os 20% mais pobre da população possuem apenas 4,2%;
10.
A perpetuação e a melhoria da distribuição de
renda no país está diretamente vinculada a aspectos relacionados a educação,
reforma tributária, políticas afirmativas e distributivas, salário mínimo, aumento
da empregabilidade e crescimento econômico;
11.
O pagamento de juros e amortizações da dívida
pública, advindas de uma política monetárias ortodoxa com juros elevados,
consolida-se como o pior tipo de gasto público posto apresentar baixo efeito
multiplicador, elevado vazamento, baixo efeito distributivo e pouco retorno
social;
12.
A quantidade de brasileiros beneficiados pela
transferência de renda oriunda do pagamento de juros e amortizações da dívida
pública ainda é uma caixa preta, mas certamente é um número reduzido da
população. Assim, a política monetária ortodoxa condena a sociedade brasileira
à manutenção da elevada desigualdade social existente no país.
A “micro corrupção”
Percebo
que muitos se escandalizam com notícias que são dadas sobre corrupção no
Brasil, mas os mesmos acabam no dia a dia praticando atos “não percebidos” de
corrupção. A “micro corrupção”, como chamo os pequenos desvios de conduta moral
do dia a dia, passa para muitos como algo despercebido. É a lógica do
individualismo e do se dar bem! Quem nunca presenciou alguém furando uma fila,
por exemplo? Ou se prevalecendo de contatos privilegiados para obter favores ou
facilidades?
terça-feira, 26 de novembro de 2013
TJPA prioriza Controle Interno
A presidente do TJPA, desembargadora Luzia
Nadia Nascimento, abriu, na manhã desta segunda-feira, 25 no auditório do Fórum
Cível de Belém, o II Seminário de Controle Interno do Tribunal de Justiça do
Pará, que tem como foco “O Controle Interno e a governança estratégica do Poder
Judiciário do Pará”. Para a dirigente, o
Controle Interno é prioridade para sua gestão. “Desde o momento em que fui
eleita para dirigir o Judiciário paraense, no biêncio de 2013/2014, compreendi
com muita clareza que o fortalecimento do controle interno seria uma das minhas
mais nobres realizações”, disse durante o evento. Ela ressaltou que os avanços
do controle interno sinalizam o fortalecimento da gestão.
O evento direcionado aos chefes,
coordenadores e diretores das unidades organizacionais do TJPA, contou com a
participação do secretário de Controle Interno do CNJ, Salatiel Gomes dos
Santos. O secretário abordou “os desafios do Controle Interno no Poder
Judiciário Brasileiro”.
Eduardo José Monteiro da Costa, secretário de
Controle Interno do Tribunal, proferiu palestra sobre “Governança Estratégica e
o Controle Interno do TJPA”. Na abordagem, o secretário destacou a importância
no cumprimento das metas, que visam, em linhas gerais, fortalecer a estrutura
do Judiciário para realização das atividades de administração, fiscalização e
avaliação dos controles internos.
Conforme frisou o secretário de controle interno, o objetivo é
disseminar as atribuições e competências do controle interno no âmbito do Poder
Judiciário.
O Judiciário do Pará é o 2º mais avançado em
termos de Controle Interno, com 88% do cumprimento da Meta 16, do Conselho
Nacional de Justiça, conforme informou o secretário de administração do TJPA,
Igor Abdon, com base em dados do CNJ. O secretário destacou a importância em
avançar com o controle interno, e projeta para o começo do próximo ano que esse
percentual deverá atingir quase 100% de cumprimento.
Durante o evento foi apresentado o Plano
Anual de Atividades de Auditoria Interna de 2014, pela chefe de divisão Leila
Márcia Elias. Em seguida Eliana Vasques, da Divisão de Auditoria, apresentou o
Sistema (programa) de auditoria interna (AUDI), desenvolvido pelo servidor
Carlos Jatene em parceria com técnicos da Secretaria de Informática do TJ.
Fonte:
Coordenadoria de Imprensa
Texto:
Glória Lima
PPS elegerá novo Diretório Estadual
Acontecerá no
próximo sábado, dia 30 de novembro, o Congresso Estadual do PPS no Pará. Com as
declarações do atual presidente estadual da legenda, Deputado Arnaldo Jordy, de
que não pretende concorrer a reeleição, articulações internas no partido estão
acontecendo para definir quem estará a frente do projeto partidário nos
próximos dois anos. Até o momento apenas o Deputado Estadual Augusto Pantoja
demonstrou publicamente intenção de concorrer. Pantoja vem defendendo como
bandeiras a alternância, a transparência, a democracia interna e um papel mais
incisivo do PPS no cenário político estadual. Outros nomes que são especulados
são o do prefeito de Tucuruí, Sancler Ferreira, e o do vereador por Belém,
Elias Almeida, que segundo “especulações”, estaria sendo apoiado por Jordy.
Torço para que os
debates que acontecerão em torno das candidaturas aconteçam com a diretriz de
fortalecer e unir o partido. Espero que também haja espaço para um amplo debate
com a militância sobre as teses partidárias e sobre as diretrizes futuras do
partido.
A eleição interna do PT e o futuro político do partido no Pará
Findada
a eleição interna do PT no Pará, com a vitória do Deputado Milton Zimmer, é possível
aventar algumas conclusões e suposições:
1.
As
tendências “Articulação Socialista” e “Democracia Socialista” fortaleceram-se
nos últimos anos;
2.
A
tendência “PT pra valer”, outrora amplamente hegemônica está cedendo espaços na
articulação interna para outras tendências;
3.
O
Paulo Rocha sai fortalecido do processo como virtual candidato ao Senado pelo
partido;
4.
Apesar
do discurso de que a coligação com o PMDB será decidida pela militância, a
composição ainda em primeiro turno com Helder Barbalho parece ganhar a cada dia
mais força;
5.
A
eleição para presidente do PT estadual de um representante do Sul do Pará
dificultará ainda mais o projeto tucano naquela região.
O arco de alianças para 2014
As
articulações políticas caminham para o enfrentamento de três projetos de poder
na eleição para governo do estado do Pará em 2014, tendo como partidos
nucleadores o PSDB, o PT e PSOL. Pelo desenho atual das prováveis coligações são:
Em
torno do projeto do PSDB: PSD, PPS, PEN, PSDC, PTC, PMN, PRP, PTB, PSB, PRB,
PSC, PTdoB, DEM e PP.
Em
torno do projeto do PMDB: PT, PHS, PSL, PPL, PCdoB, Pros, PRTB, PR e PDT.
Em
torno do projeto do PSOL: PSTU, PCB e PCO.
Ainda
indefinidos: PV e PTN.
A corrupção e a questão cultural
Estou
convencido de que o problema da corrupção no Brasil é cultural. Em primeiro
lugar é fato que só existe o corrupto por que existe o corruptor. E quando
pensamos em corrupção no país pensamos logo na figura do político, mas ela está
em todos os ramos de nossa sociedade. Existe corrupção quando alguém tenta se
livrar de uma multa pagando uma “merenda” para o guarda! Existe corrupção
quando ao se fazer um boletim de ocorrência na delegacia é cobrado um valor
para a “cervejinha” do escrivão! Existe corrupção quando em uma sala de aula algum
aluno negocia com o professor facilidades na avaliação! Existe corrupção quando
pagamos para alguém um lugar em uma fila! Existe corrupção quando forjamos
notas fiscais ou recibos para aumentamos a nossa restituição no imposto de
renda! Existe corrupção quando no processo eleitoral o voto é trocado por algum
favor ou vantagem!
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
A vaga para o Senado em 2014: a campanha que esperamos
Muito mais do que bem elaborados
programas de marketing eleitoral,
esperamos que a próxima eleição seja uma arena de discussão democrática acerca
dos desafios que temos como sociedade para superarmos os nossos péssimos
indicadores sociais e a nossa condição de sociedade subdenvolvida e periférica,
mudando com isto a nossa trajetória histórica de desenvolvimento. Neste
contexto, contudo, compete ao eleitor uma participação mais proativa e um voto
mais consciente, estando, portanto, em suas mãos uma importante arma para
mudança deste quadro.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Comentários ao documento base de discussão do XII Congresso Municipal do PPS/Belém
Por uma nova agenda para o Brasil: nova economia, nova política, nova
agenda para o Brasil – comentários ao documento base de discussão do XII
Congresso Municipal do PPS/Belém
As últimas eleições para governo no estado do Pará têm sido caracterizadas pelas disputas por projetos de poder de grupos políticos e/ou econômicos. Claramente as campanhas eleitorais são construídas em torno de centros gravitacionais de poder historicamente bem definidos. Não observamos projetos efetivamente comprometidos com a transformação social e a construção de uma sociedade mais justa, um projeto de Estado capaz de transcender inúmeros governos ou de sobreviver à alternância de poder, e de apontar um horizonte de planejamento de longo prazo dentro de um projeto de sociedade. Mas sim projetos de perpetuação no poder, ou de tomada do poder, simulacros de projetos de governo.
Eduardo José Monteiro da Costa
Este pequeno ensaio tem por objetivo
apresentar algumas reflexões pontuais sobre o papel do Partido Popular
Socialista (PPS) na dinâmica política do município de Belém e do estado do
Pará. Caracteriza-se, portanto, por ser um convite à militância para a discussão
dos rumos do partido para os próximos anos por ocasião do XII
Congresso Municipal do PPS/Belém” organizado pelo Diretório Municipal do PPS de
Belém na data do dia 23 de novembro de 2013.
Movimentos de rua no Pará: a falta da
identidade “cabana”
Indiscutivelmente o ano de 2013 entrou para a
história do Brasil como o ano em que a sociedade mostrou publicamente a sua
indignação para com o cenário político nacional. A sociedade brasileira aparentemente
rompeu o seu imobilismo histórico e foi as ruas protestar principalmente contra
os péssimos serviços públicos. Passe livre no transporte público, melhores
hospitais, 10% do PIB para a educação, diminuição da carga tributária, luta
contra a corrupção, dentre outros, foi o clamor de milhares de manifestantes.
Coloquei propositadamente a palavra
“aparentemente” porque a dimensão das movimentações de rua somente poderá ser
corretamente avaliada dentro de uma análise histórica retrospectiva capaz de
sistematizar os múltiplos determinantes deste processo e de avaliar se as
mesmas foram para além de “espasmos” sociais momentâneos. No correr dos fatos nos
faltam elementos objetivos para avaliarmos a real dimensão e os efetivos resultados
destes movimentos. Pelo menos em sua amplitude.
Especificamente no caso do estado do Pará
mais uma vez a população paraense, ou os manifestantes que foram as ruas, em
grande parte, ficaram a reboque do processo, parafraseando os acontecimentos
germinados noutras partes do Brasil e difundidos via mídias sociais e demais
meios de comunicação, sem a existência de um comando unificado. Em grande parte,
nos limitamos a copiar as lutas de lá sem tentarmos fazer as devidas mediações
para com as necessidades de cá. Muitas reivindicações atendiam a demanda particular
de movimentos organizados. Outras, apesar de socialmente legítimas, enfrentavam
apenas o fenômeno aparente, deixando intacta a essência que perpetua o status quo político e social de nosso
estado, perpetuando com isto a condição de sociedade subdesenvolvida, com
alarmantes indicadores de desigualdade (exclusão) social e regional.
Chama a atenção o fato de que politica e
socialmente não conseguimos ainda resgatar a nossa identidade “cabana”,
colocando na pauta de nossas reivindicações a problemática que realmente nos condiciona
como região periférica, subdesenvolvida, simples “almoxarifado” do
desenvolvimento alheio. Temas como a Lei Kandir, a questão da cobrança do ICMS
de energia elétrica somente no destino, a exigência das condicionantes no
processo de licenciamento ambiental dos grandes projetos, a derrocada do Pedral
do Lourenço, a questão da verticalização minerária, a necessária reforma do
pacto federativo, a problemática do Marajó com seus péssimos indicadores
sociais foram homericamente omitidas. Sucumbiram frente à luta do passe livre!
Definitivamente a superação da condição de
subdesenvolvimento e periferia é antes de tudo um projeto político, que deve
ser legitimado e amparado socialmente. Em parte a nossa “miopia” social frente
aos temas que realmente deveriam estar em nossa pauta social se deve de um lado
de nosso lamentável quadro ético-educacional – neste ponto não podemos
confundir educação com informação –, derivada em parte de nossos específicos
aspectos culturais e institucionais, e de outro da falta de lideranças
políticas comprometidas com um efetivo projeto político de transformação
social. Isto nos remonta de um lado a forma como o processo eleitoral é
construído no estado e ao papel que os partidos políticos atualmente vem
desempenhando.
O processo eleitoral
no estado do Pará: a luta dos projetos de poder
As últimas eleições para governo no estado do Pará têm sido caracterizadas pelas disputas por projetos de poder de grupos políticos e/ou econômicos. Claramente as campanhas eleitorais são construídas em torno de centros gravitacionais de poder historicamente bem definidos. Não observamos projetos efetivamente comprometidos com a transformação social e a construção de uma sociedade mais justa, um projeto de Estado capaz de transcender inúmeros governos ou de sobreviver à alternância de poder, e de apontar um horizonte de planejamento de longo prazo dentro de um projeto de sociedade. Mas sim projetos de perpetuação no poder, ou de tomada do poder, simulacros de projetos de governo.
Neste contexto, no processo eleitoral – no
qual não vemos pautado um projeto de Estado – os projetos de governo sucumbem
ao marketing eleitoral ante ao
pragmatismo político e a uma sociedade que ainda não aprendeu a participar com
maturidade do processo eletivo. As questões que são fundamentais para o
desenvolvimento do estado do Pará apenas margeiam as propostas e os debates. E
quando o fazem, constam apenas como parte de uma estratégia de campanha, sendo
imediatamente abandonadas, ou deixadas em segunda instância, pelo lado
vencedor.
Após a vitória a prioridade do governo passa
a ser condicionada pelo ciclo político eleitoral atualmente de caráter bianual,
com as ações direcionadas para a eleição do maior número de prefeitos e
vereadores e, posteriormente, para a manutenção no poder do grupo político
hegemônico. Qualquer resquício de um projeto de governo sucumbe definitivamente
ao pragmatismo de ações que viabilizem a manutenção no poder. É a lógica do
poder pelo poder.
Se isto já não bastasse, em determinados
espaços a burocracia pública passa a ser inchada para dar lugar a uma
militância em parte descomprometida com o serviço público e com projetos de
sociedade, e que não possui a devida meritocracia para ocupar determinados
cargos. Estão ali para aparelharem politicamente os órgão e operarem em prol de
projetos pessoais ou de grupos. É o fenômeno que chamo de “baixa politização”
de espaços técnico-burocráticos.
Somado a isto, para garantir a
governabilidade, o governo precisa obter maioria no Poder Legislativo,
garantindo maior tranquilidade na aprovação dos projetos que são de seu
interesse e a aprovação de suas contas. Assim, negocia espaços na gestão para
composição de uma base aliada. Contudo, ao ceder espaços para composição
política, em certo grau perde unidade em termos de coordenação da gestão na
medida em que os gestores indicados partidariamente irão gerir, em certa
medida, em prol dos seus interesses. Ao mesmo tempo ainda prevalece o paradigma
da gestão setorializada das políticas públicas, compondo um mosaico de
interesses que dificilmente se coadunam em um projeto de governo, muito menos
de Estado. É a lógica do “cada um no seu quadrado”, promovendo uma gestão
ineficiente, pouco integrada e com baixa capacidade de dar resposta às demandas
sociais.
Neste paradigma, as ações de curto prazo
assumem forte hegemonia e a gestão passa a ser pautada prioritariamente por
ações de marketing político. Pensar o
longo prazo atrelado a um projeto de Estado para a sociedade passa a ser algo
distante, uma mera utopia, coisa para a academia, idealistas ou “velhos”, no
sentido de ultrapassados, militantes (sic.).
Igualmente, visando garantir apoio,
principalmente na época da eleição, a gestão passa a ser eivada de “anéis
burocráticos” comprometidos com grupos privados financiadores das campanhas.
Prevalece a cultura da “captura de renda” com o lobista se configurando como
sendo figura comum em alguns órgãos públicos. Obras são cuidadosamente
selecionadas. Processos licitatórios direcionados. Um circuito favorecido pelo
ainda não fortalecido sistema de controle interno e social. É a rasteira
política do toma lá dá cá!
Mexer em interesses políticos e/ou econômicos
passa a ser desaconselhável para o projeto de perpetuação no poder. Logo, a
tendência é a da manutenção do status quo
político e econômico, com a perpetuação da condição de pobreza e miséria de
grande parte da população. É este contexto que tende a consolidar uma sociedade
subdesenvolvida na qual a desigualdade social passa a ser a sua expressão
maior. Lembremos que a superação da condição de subdesenvolvimento é acima de
tudo um projeto político-social, que representa mudança no status quo político e econômico. Representa em mexer em zonas de
interesse, desarranjar, importunar, constranger os interesses deletérios a
coletividade e ao projeto social. Implica, portanto, na eleição de rumos. E,
para isto, os partidos políticos, no contexto democrático atual, deveriam ser
sujeitos fundamentais deste processo.
Documento base para
discussão dos congressos municipais e estaduais do PPS
Quinta-feira a noite, dia 21 de novembro de
2013, dia anterior a elaboração deste ensaio, tive acesso, na sede municipal do
PPS em Belém do Pará, ao documento denominado “Nova economia, nova política,
nova agenda para o Brasil”, documento que se propõe a servir de base para os
congressos municipais e estaduais do partido. Li atentamente o documento na
esperança de encontrar diretrizes concretas de atuação partidária para os
próximos anos, capaz de enfrentar os desafios postos aos partidos políticos,
dentre eles ao PPS, e a sociedade. Listo alguns: falta de projetos estratégicos
de nação, para a Amazônia e para o estado do Pará; recorrentes casos de
corrupção no cotidiano político; descrédito generalizado e desinteresse da
sociedade, em especial dos jovens, pela política e pelo movimento partidário;
incapacidade do PPS em influenciar a formulação e a gestão de políticas
públicas em sentido amplo; incapacidade do PPS em aglutinar em suas fileiras
uma militância ideológica que tenha o real compromisso com a transformação
social; além da manutenção de uma sociedade da desigualdade e da exclusão.
Ante a esta expectativa, me deparei com um
documento em parte confuso, e superficial no enfrentamento destas questões, mas
que apresenta pontos importantes. Compartilho a seguir alguns pontos que
considero fundamentais para o debate:
1.
Em
alguns momentos o documento parece uma carta de adesão a crítica ao PSDB e um
repto raivoso ao PT. Desta forma, cai na armadilha da polarização entre dois
partidos políticos, deixando a impressão de que não existe via alternativa, ou
quando tanto, parece creditar ao REDE e ao PSB este papel, renunciando o PPS, assim,
ao protagonismo na construção de um projeto alternativo. Será que ao PPS cabe
apenas o papel de partido aderente, ou é necessária maior ousadia na proposição
e no enfrentamento dos desafios postos ao Brasil e ao Pará por parte do partido?
2.
Destaca
que no plano econômico do governo Fernando Henrique Cardoso houve a
consolidação de condições de estabilidade dando início a um ciclo de
crescimento econômico. Continua destacando, dentre outros fatores que o governo
tucano escapou da armadilha cambial e promoveu privatizações. Não resta dúvida
que a estabilidade monetária alcançada com o Plano Real foi importante para a
sociedade brasileira, contudo, o ciclo de crescimento econômico destacado não
passa de proselitismo político aderente. Qualquer aluno de economia sabe que a
década de 1990 foi denominada de “segunda década perdida” em função das baixas
taxas de crescimento econômico. O Plano Real longe de inaugurar um ciclo de
crescimento econômico, em que pese ter obtido sucesso na contenção da inflação,
condicionou a economia brasileira a um período de “voo da galinha”, com um
modelo econômico ortodoxo, pautado em altas taxas de juros, vulnerabilidade
financeira e cambial, aumento da carga tributária, desindustrialização,
crescente comprometimento do orçamento público com pagamento de juros e
amortizações da dívida pública e baixa capacidade de intervenção em termos de
políticas públicas, só para listar alguns desafios;
3.
Cita,
criticamente, que o programa de transferência de renda expandiu-se, ao invés de
diminuir, e que o aumento real do salário mínimo esbarra hoje no baixo
crescimento da economia. Em que pese isto, defende a continuidade das políticas
de transferência de renda existentes, com maior controle sobre a seleção de
beneficiários e a partilha de responsabilidade por sua implementação com os
governos municipais;
4.
Apesar
desta discussão, negligencia o cerne do problema que está hoje num modelo
econômico que condiciona ao Estado brasileiro, e a sua sociedade, o maior e
mais oneroso programa de transferência de renda do mundo, e que compromete mais
de 40% do orçamento público federal somente com pagamento de juros e
amortizações da dívida pública, deixando muito pouco para saúde, educação,
segurança, infraestrutura, saneamento... Este programa de transferência de
renda, que tira recursos da sociedade brasileira e que transfere para o sistema
financeiro é que efetivamente está na raiz da atual incapacidade do Estado
brasileiro de fazer o enfrentamento dos desafios econômicos e sociais. E, o
documento base de discussão elaborado, omite, lamentavelmente, este debate,
apesar de em determinado momento afirmar que a posição do partido é em favor
dos trabalhadores, dos excluídos e das vítimas de discriminação e opressão de
qualquer tipo;
5.
Em
alguns momentos torna-se um documento confuso, abstrato, com ideias pouco
concatenadas que direcionem efetivamente a um projeto partidário para ação
concreta em nossa realidade. É um documento que se apresenta, desta forma,
distante da militância, e que, portanto, não “incendeia”, não agrega, não
instiga concretamente ao debate. Parece um amontoado de argumentações escritas
por várias mãos sem o cuidado de organização necessário para se constituir
efetivamente em uma tese;
6.
Peca
por não apresentar a ousadia de lançar um projeto alternativo de nação, em que
pese propor afirmativamente ações concretas em termos das reformas política,
administrativa e tributária. Defende a reforma política em torno do voto
distrital misto, com lista fechada, alternância de sexos na lista,
financiamento público de campanha e o retorno ao parlamentarismo. Defende a
rediscussão da estrutura do Estado brasileiro ao lado do fortalecimento dos
mecanismos de fiscalização e controle. Defende a rediscussão do pacto federativo
tributário nacional com redefinição do financiamento do Estado e repactuação da
partilha dos recursos e das responsabilidades, ao lado do fortalecimento do
poder local, num direcionamento claramente municipalista. Defende o enxugamento
dos cargos de livre provimento com paralelo fortalecimento dos instrumentos
gerenciais e participativos da gestão pública, com necessária transparência;
7.
Lamentavelmente
omite do debate a questão “Amazônia”. Além de não apresentar um efetivo e
sedimentado projeto de nação, não apresenta, apesar do compromisso com a
sustentabilidade e com o programa cidades sustentáveis, um projeto nacional
para a Amazônia, que lamentavelmente permanece no centro dos interesses
internacionais, mas na periferia do interesse nacional;
8.
Além
do compromisso com a sustentabilidade, apresenta um positivo compromisso com a
equidade e a democracia. Define, inclusive a necessidade de ampliar a
democracia interna do partido, propondo como caminho a prática da direção
coletiva com o rodízio nos cargos de maior responsabilidade decisória, em
especial na presidência, secretaria e tesouraria;
9.
Finalmente,
dentro de um partido que precisa rediscutir amplamente com a militância o
significado moderno da palavra “socialismo”, define o socialismo como “modo de
regulação de sociedades de economia de mercado, como regra de distribuição do
trabalho e seus produtos”. Afirma que ainda é possível pensar uma alternativa
ao capitalismo, mas rejeita o modelo soviético.
Uma agenda
propositiva para o PPS em Belém e no Pará: “O PPS que queremos!”
Atualmente existem mais de 30 partidos
políticos no Brasil. Este grande número é reflexo de um lado do total
descrédito da população frente aos partidos existentes; de outro do campo de
negociação pecuniária que se tornou o processo eletivo. Lamentavelmente o que
corre por aí é que política não é coisa para gente séria – deveria ser o contrário!
Uma
análise mais acurada irá certamente apontar que as manifestações de rua
demonstraram cabalmente o fato de que os brasileiros estão carentes de referências,
de lideranças que sejam capazes de aglutinarem toda esta insatisfação das ruas
canalizando o debate para o seio do processo político, e somente como
consequência disto, para o processo eleitoral.
O Pará é emblemático neste ponto. Não há
dentro dos partidos políticos existentes no estado um amplo debate sobre qual
seria um efetivo projeto de desenvolvimento para o estado do Pará, ou sobre
qual seria a nossa agenda estratégica? O debate é condicionado ao ciclo
político, à eleição seja do candidato majoritário, seja da maior bancada na
eleição proporcional. E, chegando ao poder, em grande medida a meritocracia da
gestão sucumbe ao aparelhamento político-partidário, muitas vezes de uma
militância não preparara para assumir a função de gestor público. É o reino dos
cargos comissionados (DAS como são chamados).
Atualmente os partidos políticos são muito
mais formados por militantes que querem o seu quinhão do que por agentes de
transformação social (idealistas) – observem que não estou generalizando,
existem ainda nichos de uma militância séria, comprometida com a mudança
social, mas, lamentavelmente, em minoria. Esta militância não participa dos
partidos com o intuito de ser um efetivo agente de transformação social, consolidando-se
como parte de uma engrenagem que move a mudança social. Mas aproxima-se, antes
de tudo, com interesse de ocupar espaço, de obter o seu quinhão. O discurso
muitas vezes é politicamente correto. Mas a prática é a da velha política – patrimonialista,
paternalista, assistencialista, clientelista, fisiologista – na qual o apoio
político é dado não por convencimento, por idealismo, mas por negociação de
espaço ou, pior, de valores pecuniários.
Dado este quadro, como podemos esperar que a
população, em grande parte politicamente sem referência, possa com maturidade
ir às ruas dentro de um “novo movimento cabano” lutar pelos interesses do Pará?
Finalmente, do que foi até agora exposto
deduz-se que a mudança na trajetória de desenvolvimento do estado do Pará
perpassa, em parte, pela mudança na postura dos eleitores e dos partidos
políticos. Assim, atendo-se especificamente na questão dos partidos, destaco
para reflexão 10 fundamentos para a construção de um partido político sério na
atualidade, reflexão esta que considero fundamental para os congressos
municipais e estadual do PPS:
1. Não adianta fundar novos partidos, mudar de nome
ou fundir siglas, se o elemento básico de sua constituição, o "ser
humano", está, em geral, corrompido nos seus valores éticos;
2. Como consequência, um dos principais desideratos
de um partido sério deveria ser o resgate dos valores éticos e a seletividade
moral dos seus quadros;
3. Um partido político sério se sustenta em teses
partidárias democraticamente debatidas e sedimentadas;
4. Possui uma dinâmica de formação política que não
se sustenta na promoção de "lavagem cerebral" ou de doutrinação
ideológica, mas na construção de uma consciência crítica e na ampliação da
visão de mundo quer seja de sua militância em sentido estrito, quer seja da
sociedade em sentido amplo;
5. Assenta-se sobre um projeto de sociedade, e não
em projetos de poder, quer sejam individuais ou de grupos;
6. Não pensa na dinâmica eleitoral apenas em formar
grandes bancadas, mas em eleger quadros que tenham compromisso com as teses
partidárias e com a sociedade. Quadros que façam efetivamente a diferença em
prol da sociedade;
7. Fomenta a participação política com base no
altruísmo e não nas vantagens individuais;
8. É formada por uma militância que orbita os
mandatos com o objetivo de exercer o controle social das políticas públicas e
com a finalidade de contribuir para o exercício legislativo ou administrativos,
e não para se prevalecer de favores e benesses. É composto, portanto, por uma
militância que quer servir ao público e não se servir da coisa pública;
9. Assenta-se na renovação de ideias e na gestão
colegiada (democrática);
10. Precisa incorporar em suas bandeiras de luta
uma agenda efetivamente cabana, com ações e políticas concretas de
desenvolvimento para o estado do Pará, capazes de mudar a trajetória histórica
e excludente de desenvolvimento do estado. O Pará precisa deixar de ser mero
almoxarifado do desenvolvimento alheio e ser reconhecido como espaço concreto
de inclusão e desenvolvimento social!
A corrupção: o tamanho do rombo!
De acordo com estimativas da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) nos últimos 10 anos foram desviados
no Brasil aproximadamente 720 bilhões de reais dos cofres públicos. Anualmente
são desviados cerca de 85 bilhões de reais pela corrupção. É um dado alarmante.
Ou seja, cerca de 2,3% do PIB nacional anualmente são desviados por burocratas
e políticos corruptos que em vez de servirem a coisa pública acabam ocupando
cargos para se servirem da coisa pública. O Estado em vez de estar a serviço da
população acaba a serviço de uma pequena elite política e econômica que
circunda a burocracia pública em troca de favores e oportunidades ilícitas de
enriquecimento.
Com o que é desviado anualmente dos cofres
públicos seria possível construir 28 mil escolas públicas; formar 312 mil
médicos; concluir com sobras todas as obras da Copa do Mundo do Brasil em 2014
e das Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016; pagar 17 milhões de sessões de
quimioterapia para tratamento do câncer; custear 32 milhões de diárias em UTIs
nos melhores hospitais particulares; construir 241 quilômetros de metrô nas
principais cidades brasileiras; construir 33 mil unidades de pronto atendimento
24h; construir 36 mil quilômetros de estradas, ampliando a malha rodoviária do
país em aproximadamente 20%; construir 1,5 milhão de casas populares; custear
em apenas um ano mais de duas usinas do porte de Belo Monte; e erradicar a
miséria do Brasil, tirando desta situação mais de 16 milhões de pessoas.
Estes dados mostram
que a população brasileira paga um preço muito alto pela corrupção no país. Não
dá mais para ignorar este problema. Não tem como fingir que ele não nos afeta.
Precisamos dar um basta nisto. A sociedade precisa ser levada a sério!
A vaga para o Senado em 2014: o que esperamos do próximo senador
Não resta dúvida de que independente de quem
serão os efetivos candidatos ao Senado ano que vem, esta disputa será bastante
concorrida, podendo até mesmo ser mais disputada que a vaga ao Palácio dos
Despachos.
O fato é que após o
exercício democrático do eleitorado paraense, espera-se que o próximo senador
eleito represente dignamente o Pará no Senado, lutando contra o injusto pacto
federativo imposto à população paraense, tendo como principais querelas a Lei
Kandir e as injustas compensações financeiras ao estado, a ilógica cobrança do
ICMS de energia no consumo, deixando no Pará somente o ônus de mitigação dos impactos
sócio-ambientais dos grandes empreendimento de geração de energia elétrica, a
relutância do governo federal de executar os projetos de infraestrutura
necessários ao desenvolvimento do estado do Pará, tais como a derrocada do
Pedral do Lourenço, o prolongamento da Ferrovia Norte-Sul até Barcarena e as
demais obras integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento no estado.
Logo, o próximo Senador eleito terá a árdua missão de tentar mudar o quadro
histórico de posicionamento secundário do estado no cenário de ações e
políticas públicas do governo federal, atraindo mais investimentos e políticas
públicas para o território paraense.
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Controle interno mostra sua força no combate à corrupção
Compartilho
o excelente artigo sobre o papel do controle interno escrito por José Mauricio
Conti (Juiz de Direito em São Paulo, professor associado da Faculdade
de Direito da USP, doutor e livre-docente em Direito Financeiro pela USP)
publicado na Revista Consultor
Jurídico em 19 de novembro de 2013. Vale a pena ler para
entender a visão moderna das unidades de controle interno, que está para além a
simplória visão de conformidade processual.
Controle
interno mostra sua força no combate à corrupção
Por José Mauricio Conti
Nas últimas semanas o noticiário
ocupou-se com as denúncias de corrupção envolvendo servidores da administração
pública do município de São Paulo. O desvio de recursos públicos causado pela
corrupção é um mal que parece difícil, se não impossível, de extirpar[1]. Mas
há que se trabalhar sempre tendo como meta a sua erradicação total. Trata-se de
tema de grande interesse do Direito Financeiro, mas não pretendo abordá-lo
nesta coluna, o que certamente será feito em outra oportunidade. Pretendo,
neste texto, chamar a atenção e destacar o trabalho de um órgão ainda muito
pouco conhecido, mas que foi o responsável por dar início e realizar as
investigações que trouxeram a público a existência destes lamentáveis
acontecimentos: o controle interno.
A intensa atividade financeira do
Estado envolve imensas quantias de dinheiro, que cada um de nós entrega ao
Poder Público para delas fazer bom uso, retornando à sociedade em forma de
obras, serviços, enfim, ações governamentais que atendam as necessidades
públicas. Apropriar-se desses recursos, como se vê nestes e em outros
escândalos que envolvem atos de corrupção, como os ora mencionados, é fato que
se sabe ocorrer com indesejada frequência, cabendo ao Estado saber prevenir e
combater.
Para isso, são fundamentais os
sistemas e órgãos que atuam nesse sentido, e são muitos. Enumerar todos
certamente importará em omissões, mas vê-se destacarem o Poder Judiciário,
Ministério Público, Procuradorias, e muitas organizações governamentais e não
governamentais.
No âmbito do Direito Financeiro,
nossa Constituição prevê um bem organizado sistema de fiscalização da atividade
financeira do setor público, que é fundamental para evitar e combater não
somente a corrupção, mas toda e qualquer forma de desvio e malversação de
recursos públicos.
O artigo 70 da Constituição
estabelece que essa fiscalização é exercida de duas formas: pelos sistemas de
controle externo e de controle interno. O controle externo é exercido pelo
Poder Legislativo, com o auxílio dos Tribunais de Contas; o controle interno,
pelos órgãos de controle interno presentes no âmbito de cada um dos poderes, em
todas as unidades da federação[2]. Os
Tribunais de Contas e os órgãos de controle interno têm papel fundamental nas
ações de fiscalização das contas públicas. E, curiosamente, são pouco
conhecidos, o que é de se lamentar, pela relevância das suas atribuições.
No caso da Prefeitura de São Paulo,
sobressaiu a atuação do controle interno, motivo pelo qual dedicarei esta
coluna a tecer algumas considerações, ainda que de forma sucinta, sobre este
órgão tão importante. Mas não me esquecerei dos Tribunais de Contas, sobre os
quais falarei em muitas outras oportunidades.
O controle interno tem atualmente
suas atribuições delineadas no artigo 74 da Constituição, em que está previsto
que cada um dos poderes deverá manter sistema de controle interno, com as
finalidades descritas nos incisos I a IV, destacando-se a avaliação do
cumprimento das metas previstas nas leis orçamentárias, comprovar a legalidade
dos atos relacionados à gestão pública, avaliar a qualidade do gasto público e
dar apoio ao sistema de controle externo.
Inicialmente, o controle interno era
exercido pelo Poder Executivo, aperfeiçoando-se sua estrutura após a
Constituição de 1988, quando passou a ser exigido no âmbito de cada um dos
poderes, em respeito à autonomia e separação de poderes. Constata-se também
que, em sua origem, exercia uma avaliação meramente formal da atividade
financeira do Estado, baseada na legalidade e regularidade documental dos atos
de despesa pública.
Esta forma de atuação não se mostra
mais compatível com a modernização da administração pública, hoje com suas
preocupações voltadas ao planejamento e à qualidade do gasto público, que não
prescinde de um sistema de controle adequado a esses novos tempos. A
Constituição de 1988 andou bem em estabelecer esse novo sistema de controle
interno, com uma atuação que tenha por foco não a forma, mas sim a finalidade
do gasto público.
Vê-se que a administração pública tem
sido lenta ao cumprir o que foi estabelecido pela Constituição, sendo muitas
vezes recente a estruturação dos órgãos de controle interno e adaptação de suas
rotinas às novas funções. Não obstante esta demora, o importante é que se
observa um avanço nos órgãos de controle interno, que têm se modernizado com
vistas a cumprir bem a missão que lhes foi confiada.
Muitos municípios e estados, e os
Poderes Legislativo e Judiciário, demoraram a instituir seus órgãos de controle
interno. No âmbito do Poder Judiciário, a maior parte dos Tribunais somente os
implantou a partir de 2009, em função da determinação constante da Resolução
70/2009 do Conselho Nacional de Justiça.
No município de São Paulo, o órgão de
controle interno encontra-se junto à Controladoria Geral do Município, que tem
atribuições mais amplas, exercendo, além das funções próprias do controle
interno, as de defesa do patrimônio público, auditoria pública, prevenção e ao
combate à corrupção, ouvidoria, promoção da ética no serviço público, o
incremento da moralidade e da transparência e o fomento ao controle social da
gestão, dentre outras (Lei Municipal 15.764, de 2013, artigos 118 e seguintes).
Segue modelo semelhante a outros entes da federação, como a União, em que o
principal órgão é a Secretaria Federal de Controle Interno, que integra a
Controladoria Geral da União (CGU), que também tem se destacado no combate ao
desvio de recursos públicos.
As tarefas do controle interno exigem
que o órgão seja dotado de autonomia, o que lhe deve ser assegurado, a fim de
que possa ter liberdade de ação e apurar irregularidades, como as recentemente
noticiadas. Daí porque precisa estar subordinado tão somente ao dirigente máximo
do órgão[3], a
quem deve se reportar diretamente.
Além destas ações que foram
noticiadas, que permitiram nesta e em outras vezes identificar atos de
corrupção, é importante destacar que o controle interno é mais do que um órgão
fiscalizador, que apura irregularidades, a fim de que sejam tomadas as medidas
punitivas com relação aos responsáveis pelos atos, e indique as demais providências
voltadas corrigir as falhas que permitiram a ocorrência dos desvios. Trata-se
de órgão que tem importantes funções de assessoramento para toda a
administração pública.
Um prefeito, governador ou presidente
de ente da federação, do Poder Legislativo, ou mesmo de um Tribunal do Poder
Judiciário, e tantos outros órgãos da administração pública, são responsáveis
por gerenciar por vezes bilhões de reais, e não são necessariamente
especialistas em gestão pública. Precisam de um órgão em que possam confiar que
lhes dê apoio e orientação técnica para serem bons gestores.
Por isso, o controle interno deve
cada vez mais evoluir no sentido de atuar com base na prevenção, orientação e
correção dos atos de gestão[4].
A Constituição mostra o caminho, no
já citado artigo 74, deixando claras as finalidades do sistema de controle
interno no que tange à qualidade do gasto público, avaliando os resultados,
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial da administração pública (Constituição Federal, artigo 74, inciso
II) e no que se refere à responsabilidade na gestão fiscal, acompanhando as
metas de planejamento governamental e execução dos programas de governo
(Constituição Federal, artigo 74, inciso I), bem como fiscalizando as normas da
Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101, de 2000, artigo 59). Cabe
aos órgãos de controle interno continuar avançando, tendo em vista o papel
fundamental que estão desempenhando para melhorar a administração pública.
Melhorar a gestão dos recursos
públicos, exigindo que os governantes apliquem correta e adequadamente o
dinheiro público, é interesse de todos e nossa obrigação. E a luta contra a
corrupção deve ser permanente. Todos nós podemos colaborar com isso. É bom
lembrar que qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para denunciar irregularidades ou ilegalidades (Constituição Federal,
artigo 74, parágrafo 2º). O cidadão é, sem dúvida, o melhor fiscal da aplicação
dos recursos públicos. Façamos a nossa parte, o controle interno e os demais
órgãos de fiscalização agradecem!
[1] Verdadeira
violência aos direitos humanos, como ressalta Regis de Oliveira (Curso de
Direito Financeiro, RT, 2013, p. 311).
[2]
Exceção feita aos Municípios, em que há um único órgão de controle interno para
os Poderes Executivo e Legislativo (Constituição Federal, art. 31).
[3]
Tribunal de Contas da União, Acórdão 1074, rel. min. Weder de Oliveira,
publicado DOU de 22 de maio de 2009.
[4] Como
já escrevemos em: CONTI, José Mauricio; CARVALHO, André Castro. O controle
interno na Administração Pública brasileira: qualidade do gasto público e
responsabilidade fiscal. In Direito Público, ano VIII, n. 37,
jan/fev 2011, Porto-Alegre-Brasília: Síntese-IDP, p. 203.
A corrupção: mal crônico da sociedade brasileira
Não resta dúvida de que a corrupção vem se
constituindo como um mal crônico da sociedade brasileira. É reflexo de uma
sociedade que vive um momento na qual os valores estão seriamente invertidos e
de uma cultura individualista na qual o bem estar coletivo permanece em segundo
plano. O problema é que a corrupção acaba afetando a qualidade de vida da
população como um todo na medida em que os recursos dos desviados deixam de
cumprir a sua finalidade, com a prestação de serviços públicos permanecendo
precária. Falta saúde, educação, segurança, saneamento... Mais do que isto,
começa a faltar a esperança!
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