sábado, 15 de março de 2014

Quando chega a hora de cortar o orçamento - Parte I


Por Francisco Ferraz. Publicado em 17/01/2014 no sitio eletrônico de Política para Políticos.

Há momentos em que é preciso “cortar” o orçamento e inibir despesas para “fechar as contas”. Este é sempre um momento difícil para o administrador. Cortar o orçamento é obviamente muito mais difícil do que incrementá-lo. Muitas vezes os cortes precisam ser feitos durante um período de crise, ou imediatamente antes da crise se instalar. Nestas situações, a análise feita é inevitavelmente menos detalhada e minuciosa do que aquela que foi realizada quando se produziu  o orçamento.
Além disso, cortar implica em afetar a vidas das pessoas dentro  e fora da administração: empregos, projetos, prestígio, necessidades básicas, redução da prestação de serviços etc.
O desgaste político, então, é inevitável, a imagem pública sofre, e explicações são exigidas. Por isso, é fundamental conhecer as verdadeiras razões que tornaram o corte necessário, para adotar as medidas corretas, na quantidade certa, de forma a evitar, de um lado,  a prática de uma “mutilação” desnecessária do orçamento, e de outro, cortes que se revelem insuficientes. É preciso encontrar a medida exata para corrigir o problema.

Rever estimativas de receitas

Algumas vezes ocorre que os administradores fazem cortes expressivos nos programas, sem antes rever as estimativas de receita que haviam sido projetadas. Pode acontecer que, as estimativas de despesas foram previstas corretamente, mas as de receita foram calculadas de forma conservadora, abaixo do seu real comportamento. Nestes casos, os cortes poderão se revelar desnecessários. Uma revisão mais realista da receita pode restabelecer o equilíbrio orçamentário.
Esta hipótese não é desprezível. Muitas vezes os funcionários fazem estimativas de receita “a menor” para se garantir. A censura por não alcançar a receita estimada é sempre muito mais grave do que por excedê-la. Sobretudo a imprensa, raramente critica estimativas conservadoras. 

Ajuste(rightsizing) não é o mesmo que redução(downsizing)

A redução generalizada de despesas (downsizing) é uma forma de equilibrar o orçamento num período de crise, procedendo a cortes generalizados. A idéia é que o mesmo pacote de serviços continue sendo provido, embora com menos recursos. Em geral nestas situações, cada departamento ou setor da administração sofre o mesmo percentual de corte. Supõe-se que a crise é passageira, e que tão logo seja superada, as despesas voltem ao padrão anterior.
O ajuste (rightsizing) por outro lado, implica numa análise mais qualitativa da situação. Alcança-se a  meta quantitativa da redução, deslocando recursos entre os programas, de acordo com critérios qualitativos. Assim, programas considerados prioritários são mantidos nos mesmos níveis, “financiados” com os recursos liberados pelo corte de programas menos prioritários. Outra forma de praticar o ajuste é a revisão mais rigorosa da estrutura da administração, aglutinando órgãos assemelhados, extinguindo outros, descontinuando alguns tipos de serviços.
O principio básico do “rightsizing” é que a crise enseja a oportunidade de fazer mudanças de longo prazo, alterações recomendadas e que se consideram permanentes. Trata-se pois de uma ação mais estratégica, e não meramente quantitativa.
Embora os dois conceitos sejam diferentes, eles não são mutuamente excludentes. Muitas vezes faz-se primeiro a redução indiscriminada (downsizing) para depois, passados alguns meses, proceder ao ajuste (rightsizing); outras vezes praticam-se os dois simultâneamente.
 
É aconselhável encarar a crise e a necessidade de fazer cortes no orçamento como uma oportunidade e não como uma catástrofe
 
É sempre aconselhável encarar a crise e a necessidade de fazer cortes no orçamento, como uma oportunidade e não como uma catástrofe. Situações excepcionais legitimam medidas excepcionais e que habitualmente são proteladas. Você pode, então, aproveitar a crise para fazer aquelas reformas que tornarão sua estrutura mais ágil e mais moderna.
A própria gravidade da situação desarma grande parte das resistências que normalmente você encontraria, e retira delas a legitimidade que porventura tenham conseguido adquirir.
Diante de crises as pessoas aceitam que os governantes sejam mais agressivos, que se antecipem ao seu agravamento, que tomem decisões mais duras e até mais antipáticas. Neste sentido, a crise funciona como um escudo para proteger o governante, pelo menos em parte, dos inevitáveis desgastes políticos de suas decisões.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Aos que desejam estudar economia


Por Hugo Eduardo Meza Pinto e Marcus Eduardo de Oliveira*


Alan Greenspan (ex-presidente do Banco Central dos Estados Unidos), Peter Druker (guru da Administração), Philip Kotler (guru dos Negócios Empresariais), Kofi Anan (ex-Secretário Geral da ONU), Mick Jagger (astro pop do rock), Arnold Schwarzenegger (ator e ex-governador da Califórnia), Ivan Zurita (presidente da Nestlé), Roger Agneli (presidente da Vale) e Bernardinho (técnico de vôlei da Seleção Brasileira). Essas personalidades listadas acima têm algo em comum: todos eles, sem exceção, passaram por uma faculdade de Economia.

Apesar de não exercerem a profissão de economista, certamente eles utilizaram e ainda utilizam alguns dos conceitos da ciência econômica em suas vidas profissionais ou mesmo pessoais.

Qual o motivo de comentarmos isso? Durante os últimos anos tem-se falado de maneira generalizada em Economia (enquanto ciência), principalmente sobre alguns dos conceitos que envolve este ramo do conhecimento.

Atualmente, percebe-se uma tendência em discutir conceitos econômicos na sociedade. Muito se fala, por exemplo, na importância da chamada Educação Financeira.

Nesse pormenor, já há estudos que apontam para a viabilidade de inserir conceitos sobre educação financeira na grade curricular do ensino médio. Nessa mesma linha, é comum presenciarmos em programas de TV e rádio alguém se dedicando aos diversos assuntos do universo da Economia. Não por acaso, sempre aparece especialistas no assunto, falando em tom de conselhos.

Diante disso, uma pergunta se faz oportuna: Como explicar a diminuição de demanda de estudantes pelo curso de Economia no Brasil, e em alguns outros lugares do mundo? A Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Economia (Anges) aponta para essa diminuição desde a década de 1980. Corrobora para isso os dados apresentados pelo Censo da Educação Superior Brasileira do Ministério da Educação (MEC) mostrando que somente 3,2% do total de matrículas, no Brasil, são do curso de Economia.

Nos Estados brasileiros há uma tendência dramática da diminuição de vagas preenchida para a graduação em Economia, quer seja em instituição privada ou nas universidades públicas e federais.

Talvez uma das razões disso seja o fato dos próprios economistas pecarem muito ao se apresentarem dando tons demasiadamente teóricos; pouco compreensíveis, portanto, para os não familiarizados com os jargões econômicos.

Não por acaso, nós economistas, “inventamos” até mesmo um linguajar complexo e sofisticado ("economês") na tentativa de explicar os fatos. É a linguagem tecnicista e rebarbativa, sibilina, por conceito, que, na verdade, mais atrapalha que ajuda as pessoas na compreensão dos problemas econômicos.

Para complicar ainda mais a pouca compreensão do público em geral, nós economistas acreditamos piamente no uso de modelos matemáticos para explicar quase tudo, como se as relações sociais e econômicas fossem previsivelmente exatas e, ademais, como se a vida de todos nós se resumisse a números, taxas e índices.

Ora, isto mostra, na essência, a frieza de uma ciência que, ao contrário, tem um lado de estudo muito humano, voltado a entender a sociedade em suas múltiplas manifestações, principalmente no aspecto social, mas que, por não raras vezes acaba “camuflado” nas análises pouco assimiláveis da matemática.

No entanto, ao insistirmos em teorizar de forma estritamente acadêmica e, por vezes, pouco popular, criamos com isso uma espécie de ranço na aceitação social que prejudica, sobremaneira, a imagem do profissional economista. Não raro, esses profissionais são muitas vezes vistos como arautos do apocalipse; ou o que é pior: de estimuladores e entendidos apenas de crise, de geração de caos, de confusão.

Uma segunda questão – que se alinha a primeira - sobre a dificuldade em angariar novos interessados em estudar Economia recai na pouca familiaridade em tentar explicar para a sociedade o campo de atuação do economista.

Por vezes, não somos claros em explicar que este profissional pode ocupar espaços em atividades públicas e privadas; dada a abrangência de conhecimentos sólidos que um curso de economia fornece. Esta abrangência somente é possível por se tratar de uma formação sólida que não se limita a dados técnicos, mas que abrange a discussão dos processos históricos e sociais que construíram o pensamento econômico desde os escritos seminais dos clássicos ingleses.

Conquanto, nunca é tarde para se promover mudanças. O momento que se apresenta é muito propício para tentar recuperar o interesse pelo estudo das Ciências Econômicas. A nossa profissão de economista no Brasil tem pouco mais de 60 anos de existência, desde o reconhecimento formal, regulamentada pela Lei n° 1.411, de 13 de agosto de 1951.

No entanto, nessas seis décadas, poucos foram os momentos em que professores, conselheiros, profissionais da área e estudantes se reuniram para discutir os caminhos, os valores, a missão, o propósito e a atuação do economista no exercício de suas atividades.

Excetuando-se os congressos e encontros profissionais realizados, são raros os momentos de profunda reflexão em torno do objetivo de orientar os jovens futuros economistas sobre o modo de atuar e, mais que isso, sobre como a Economia – tanto na teoria, quanto na prática – age e influencia no cotidiano das pessoas.

Outro fito de nossas palavras aqui está, justamente, em poder, de alguma maneira, contribuir para a orientação futura do jovem estudante de Economia, visando também resgatar as demandas verificadas no passado, quando se formavam muitos e muitos economistas.

Para isso, nos sentimos encorajados a esboçar algumas linhas direcionadas especificamente ao debate sobre a atuação e o papel do economista em nossa sociedade. Desnecessário afirmar, contudo, que não nos apresentamos aqui como conselheiros e/ou donos da verdade; não temos a prerrogativa do tom professoral.

É oportuno reiterar, contudo, que apenas desejamos, tão somente, contribuir para o aprofundamento de temas que cercam a natureza da ciência econômica no que toca a discorrer sobre os propósitos mais interessantes dessa ciência – para aquilo que se convenciona entender ser, de fato e de direito, uma boa e adequada maneira de “fazer economia”. O que mais queremos é que aumente o interesse pelo curso superior em Ciências Econômicas.

No sentido de discutir os propósitos da economia, um primeiro ponto a ser ressaltado é que o economista que constrói hipóteses deve, obrigatoriamente, a seguir, confrontar seus modelos com a realidade social.

Somente o mundo real poderá validar ou não suas ideias. É imprescindível não perder de vista que os modelos da economia são imperfeitos; sua verificação é aproximativa. A realidade social - em todas as suas manifestações - é passível de soluções econômicas.

Por sinal, todo problema social exige, como contrapartida, uma solução econômica. Dessa constatação emerge afirmarmos que a economia precisa, para ser aceita definitivamente como uma ciência capaz de promover boas ações, colocar o progresso a serviço dos mais pobres.

Talvez o principal papel da economia seja o de ser uma ferramenta construtiva capaz de “esboçar” uma sociedade mais bem estruturada social e economicamente. Para isto, não se deve perder de vista que atualmente um terço da humanidade continua mergulhado na miséria. E cabe à ciência econômica, à sua maneira, priorizar e combater as questões sociais mais agudas, tal qual a miséria que vitima milhões de pessoas todos os anos, todos os dias, a cada hora.

Por isso entendemos que o desenvolvimento econômico, objetivo tão caro aos valores sociais, quando proferido e ensinado pela economia em suas bases conceituais, só faz sentido se levar bem-estar (qualidade de vida) aos que mais sofrem.

Gandhi, uma das almas mais brilhantes que já pisou no planeta Terra, a esse respeito disse que “o desenvolvimento seria bom e justo somente se elevasse a condição dos mais necessitados”.

Estamos convencidos que os jovens futuros economistas precisam, nesse pormenor, ao se lançarem na busca do equilíbrio econômico-social, encarar que a justiça social é um imperativo que deve predominar sobre a produção.

O “mundo da economia” não deve, pois, ser reduzido, quase que exclusivamente, à condição de mercado, muito menos de mercadoria. Antes disto, é fundamental que todos tenham noção que existe algo de mais valioso que cerca a economia: a vida humana.

Aos jovens futuros economistas em processo de graduação, e aos que desejam se inscrever num curso superior, recomenda-se que não se recusem ao exercício de ver a sociedade tal qual (e como) ela é.

Se os economistas de hoje, de ontem e, espera-se que os do amanhã, têm uma função a cumprir na sociedade, entendemos que essa é, essencialmente, a de se envolver no processo de transformação econômica e social.

Cristovam Buarque, engenheiro de formação e economista por opção do doutorado, diz brilhantemente que “não faz sentido ser economista se não for para lutar contra a fome e a pobreza que marca a vida de muitos brasileiros”.

Entendemos que o futuro economista deve, caso concorde com essa premissa e se predisponha a lutar por uma sociedade de iguais, ter clara a ideia central que a economia precisa ser inclusiva.

Definitivamente, a economia não funciona sem a inclusão das pessoas por um motivo bem simplista: ela – a ciência econômica - é feita pelos homens e para os homens. Por fim, reitera-se que entendemos por inclusão uma vida sem dificuldades básicas; antes disso, uma vida de acesso e de oportunidades e critérios iguais, sem diferenciação de classe, cor, sexo e condição financeira.

Concordamos plenamente que a finalidade do economista e a da ciência econômica seria aquilo que Carl Menger, em seu tempo, argumentou: “a economia precisa satisfazer as necessidades humanas”.

Detalhe: não estamos nos referindo ao conspícuo. Estamos nos referindo, apenas, as ditas e conhecidas necessidades básicas: comer, se vestir, se abrigar, trabalhar, buscar a todo instante ser feliz.

A você, caro estudante que deseja ingressar no curso de Economia, sinta-se tocado no seguinte aspecto: esta ciência tem todas as ferramentas para ajudar no seu progresso e, especialmente, no progresso da sociedade.

Contamos contigo, caro estudante de economia, para a consolidação dessa árdua tarefa. Assim como a Economia (enquanto ciência) precisa de você, você também precisa da Economia (enquanto atividade) para fazer avançar a qualidade de vida de todos. O desafio está lançado. Venha estudar Economia!

Podemos lhes garantir que vale a pena estudar economia. A maioria dos economistas que sentem nas veias essa profissão não titubeia em afirmar isso. Venha estudar Economia e ajude-nos a pensar o Brasil.

(*) Hugo Eduardo Meza Pinto é economista, Doutor pela (USP). É Diretor Geral das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba - Brasil. meza@santacruz.br
Marcus Eduardo de Oliveira é economista, mestre pela (USP), professor de Economia da FAC-FITO / UNIFIEO (S. Paulo - Brasil) - prof.marcuseduardo@bol.com.br

Orçamento x Democracia


Relatório do Senador Francisco Dornelles a propostas de Senadores (Tasso Jereissati à frente), na CAE do Senado: a tramitação pode ser acompanhada em: http://bit.ly/MD0oOa. Ele tem destacado que: orçamento é um dos pilares da democracia, há séculos. O Brasil é democrático, mas não se preocupa em atualizar lei que regula o orçamento. Projeto foi objeto de matéria de Ribamar Oliveira, no Valor (19/06/2012) "Projeto padroniza processo orçamentário",http://bit.ly/1i9bOZD e do Editorial do Estadão (20/06/2012) "Projeto no Senado melhora o processo orçamentário" http://bit.ly/MoE0pU

50 Anos da Lei Geral dos Orçamentos


50 Anos da Lei Geral dos orçamentos - Lei 4320 de 17/3/1964 evento promovido pelo IDP e FGVProjetos em comemoração aos 50 anos da lei que  regula o processo orçamentário, contábil e a administração financeira e patrimonial dos governos brasileiros. A abertura do evento será realizada pelo Ministro Gilmar Mendes e contará com a participação de diversos especialistas e autoridades, em Brasília, no dia 18 de março, pela manhã. O evento será transmitido em tempo real pela internet.

Verificar em: http://bit.ly/1iienZS

quinta-feira, 13 de março de 2014

O escândalo político: o ponto alto da política espetáculo

Publicado originalmente no sitio eletrônico de Política para Políticos em 22/01/2014


Por Francisco Ferraz 

 As denúncias e acusações de ilegalidades e corrupção, que com tanta frequência são divulgadas pelos veículos de comunicação, trouxeram novamente para o primeiro plano a temática do escândalo político.
Mais uma vez são gravações, documentos, declarações e fotos os elementosque determinam o grau de gravidade dos fatos e, se eles possuem combustível suficiente, para criar um escândalo político.
Sem elementos factuais que ensejem uma forte desconfiança sobre a culpabilidade dos acusados, dificilmente um escândalo político toma corpo. É esta desconfiança que atrai a curiosidade dos leitores/expectadores e o interesse dos veículos de comunicação.
A política então, como é praticada pelos políticos e relatada pelos jornais, revistas e TV, adotou as características de um grande espetáculo, no qual o escândalo tornou-se o seu programa de maior atração. 
Dentre os desastres que podem atingir um homem público, o escândalo é um dos acontecimentos mais temidos, pelos seus efeitos  letais para a carreira política.  Nada apavora mais um político do que ver-se subitamente às voltas com um escândalo.   Sim, subitamente, pois é normalmente dessa forma que o escândalo político faz a sua aparição.
O escândalo atinge diretamente a sua reputação e imagem e se constitui numa ameaça muito real de destruição de ambos.
Escândalo político, entretanto tornou-se um conceito próprio do mundo da política. Assim, nem tudo que é escandaloso classifica-se como escândalo político.
Escândalo não é o mesmo que denúncia; também não se aplica o conceito a fatos negativos mas que são considerados pelo eleitor como de pouca relevância; ou a fatos que são percebidos como escandalosos por um segmento limitado de pessoas; ou ainda que não demandem uma ação corretiva ou punitiva da parte de órgãos políticos ou do judiciário; ou enfim que não ganhem uma expressiva exposição pública pela mídia.
Escândalo político, neste contexto, é a revelação de atos, fatos ou declarações comprometedores, apoiados em indícios e/ou elementos de prova parciais, configurando uma forte suspeita de ilegalidade ou imoralidade que, pelas declarações dos adversários e pelo tipo de cobertura da mídia, criam uma imediata presunção de culpabilidade.
Como na política, a percepção é mais importante que a realidade, os indivíduos tendem a julgar e fazer suas escolhas pelo que percebem. Daí a conhecida expressão que é uma lei para os políticos: seja, mas também pareça.
A reputação de um político, portanto, constrói-se, em grande medida sobre aparências, embora, se estas aparências não estiverem lastreadas numa razoável base de veracidade, elas tendem a ser, mais cedo ou mais tarde, desmascaradas.
Por isso, o significado da frase citada precisa  ser completado com a outra frase: pareça, mas também seja.
Desta forma o escândalo, tornado pauta obrigatória da mídia, em razão do interesse garantido do leitor/expectador, leva os jornalistas a se desdobrarem na busca de mais elementos sobre as acusações, em torno da pista que foi deixada pela denúncia inicial, e a veiculá-los com destaque.
Surge assim, em toda a sua dimensão o escândalo, e com ele o estigma que se associa à imagem e reputação do homem público, e pelo qual passará a ser identificado.
Por essas razões, o escândalo é tão temido.
A reputação é importante lembrar, pertence ao mundo das percepções e não da realidade. Por isso ela pertence aos outros e não ao político e, por isso ele pode perdê-la. 
Não há como sair de um escândalo ganhando, ou mesmo incólume, depois que a mídia decide dar-lhe cobertura privilegiada, e os adversários – externos e internos - dele se aproveitam por óbvias  razões políticas.
O objetivo dos políticos ao lidar com o escândalo, não é portanto necessariamente vencê-lo, e sim sobreviver a ele nas melhores condições possíveis, dentro das circunstâncias.

TCE realizará auditoria operacional na segurança pública do Pará


O Pleno do Tribunal de Contas do Estado do Pará deliberou pela realização de uma auditoria operacional na segurança pública do estado do Pará. Considero tal medida importantíssima, pois com este procedimento será possível identificar os principais problemas na prestação dos serviços de segurança pública. Bem utilizada, esta auditoria pode ajudar a tomada de decisão dos gestores no que tange a melhoria das ações e correção de rumos.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Artigo: Gestão Pública Brasileira – Fernando Abrucio


Recomendo a leitura do artigo Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas de Fernando Luiz Abrucio. "Este artigo reconstitui, em linhas gerais, a trajetória da administração pública brasileira nos últimos 20 anos, analisando tanto os principais avanços e novidades, quanto os erros de condução das reformas e os problemas de gestão que ainda persistem..."

Verificar em: http://bit.ly/1itfngo

terça-feira, 11 de março de 2014

Como planejar sua campanha para reeleição ao Legislativo


Por Francisco Ferraz - Publicado originalmente no sitio eletrônico de Políticas para Políticos em 14/01/2014


As eleições para os cargos legislativos no Brasil ocorrem em condições mais incertas do que a disputa para os cargos nos executivos. Uma eleição para os executivos ocorre por meio da fórmula majoritária em dois turnos.
Os prefeitos, governadores e presidentes elegem-se a partir da obtenção da maioria dos votos, e podem contar com uma gama de recursos incomensuravelmente superior aos recursos disponíveis para os candidatos a vereador, deputado estadual ou federal.
Dentre tais recursos cabe destacar o tempo muitíssimo maior  nos horários gratuitos de rádio e TV, de exposição na mídia, além das pesquisas de intenção de voto, que muitas vezes são divulgadas pela imprensa sem custos para candidatos e partidos.
Para as eleições legislativas o Brasil adota  o sistema proporcional de lista aberta. Nesse sistema os partidos políticos não possuem nenhum mecanismo para controlar a distribuição das cadeiras conquistadas entre os candidatos.
A fórmula eleitoral é chamada de lista aberta porque a posição do candidato na lista depende exclusivamente da sua votação pessoal e da transferência dos votos de outros candidatos com menor votação do mesmo partido ou de um partido coligado.
Os candidatos que recebem mais votos individuais, obviamente são os que têm mais chances de serem eleitos ou reeleitos.


 A disputa pelo primeiro mandato

Por incrível que pareça, as chances de quem disputa o primeiro mandato e de quem já ocupa uma cadeira no legislativo não são tão diferentes quanto possa parecer.
A conseqüência desse fenômeno é que, a cada eleição ingressam nos legislativos um grande número de novatos que tomam o lugar dos parlamentares mais antigos.
Para que se tenha uma idéia do quanto isso representa em termos numéricos, as pesquisas acadêmicas na área de ciência política mostram que entre 1945 e1998 ataxa de renovação da Câmara dos Deputados oscilava entre 35% a 40%.
De outra parte, enquanto os candidatos aos cargos executivos precisam conquistar votos em todas regiões e segmentos do eleitorado, os que disputam uma vaga no legislativo podem dirigir-se a segmentos sociais, categorias profissionais ou regiões especificas.
Em outras palavras, os candidatos aos legislativos podem apresentar-se aos eleitores como representantes autênticos do grupo, ou dos grupos aos que se propõe representar.
Para tanto, a estratégia de campanha deve estar direcionada para os segmentos que potencialmente podem se sentir  identificados com a proposta e o candidato.
Os roteiros, as visitas, o material gráfico, os discursos, enfim todas atividades de campanha devem concentrar esforços no sentido de convencer os eleitores de que o candidato vai  trabalhar dia e noite na defesa dos interesses dos seus eleitores no parlamento.


A busca da reeleição no parlamento

A rotina no interior do parlamento, muitas vezes, afasta o parlamentar de seus eleitores e aqui entram dois complicadores a mais. O primeiro é que, quanto mais elevado for o âmbito do legislativo, maior é a distância em relação à respectiva base eleitoral, e o segundo é que os cargos de maior visibilidade pública são também os mais disputados no interior do parlamento.
O âmbito do legislativo está diretamente relacionado com a proximidade geográfica do parlamentar com os eleitores. Assim, por exemplo, um vereador tem seu eleitorado localizado no seu município o que facilita o contato “corpo a corpo”.
Já os deputados estaduais e os deputados federais são eleitos por eleitores de todo seu estado, o que exige um amplo roteiro de viagens, e com o agravante de que no caso dos deputados federais a sede do parlamento é em Brasília, portanto, fora do estado.
A ocupação de postos no interior do parlamento como mesa diretora, presidência de comissões, liderança de bancada, liderança de governo, etc, pode garantir alguns espaços na mídia, o que torna o parlamentar, uma figura pública mais visível e transmite para os eleitores a imagem do político que trabalha.
Embora escassos, esses postos representam uma estratégia disponível para a minoria marcar sua presença.
Para a maioria dos parlamentares, que não têm acesso a esses postos nem a exposição na mídia, a busca da reeleição deve ser feita através de uma estratégia de constituição de uma rede permanente de contato a fim de divulgar seu trabalho e dirigir sua mensagem na campanha eleitoral.

Os principais componentes dessa estratégia de busca da reeleição são:
- foco de ação e público alvo
- rede de contato e estratégia de comunicação
- roteiro de visitas.


Foco de ação e público alvo


Certamente você foi eleito com base em alguma proposta, seja em que área for.  A partir dessa área você deve focalizar sua atuação na Casa Legislativa. Assim, por exemplo, se você é médico deve procurar fazer parte da comissão de saúde pública.
Mesmo sem conseguir aprovar projetos, você pode protocolá-los e divulgá-los  para o público interessado.  

Rede de contatos

Definido o foco de ação e o público alvo, você deve montar uma rede de contatos com pessoas que tenham alguma ligação com o tema de sua ação no parlamento.
Com o desenvolvimento das redes sociais na internet (Facebook p.ex.) a criação de redes ficou facilitada para os usuários da web. Com a rede de contato montada, sua estratégia de comunicação deve mantê-la viva e em crescimento, para aproximar os potenciais eleitores do seu trabalho e dos seus projetos.
A internet e o correio eletrônico (e-mail) são ferramentas ágeis e baratas de comunicação o que faz com que a criação de um site pessoal ou de um Blog, e uma boa lista de pessoas para receber e-mails com “noticias do mandato” seja uma estratégia de comunicação cada vez mais útil. Todavia nem todos os seus eleitores têm acesso a Internet.    Neste caso, a utilização de material impresso e do correio tradicional ainda são úteis  ferramentas.
Por fim, o roteiro de visitas é um elemento essencial na estratégia de reeleição. Como diz a sabedoria popular “Quem não é visto, não é lembrado”. Traduzindo isso do ponto de vista de uma estratégia para a reeleição, significa que nada substitui a presença física do parlamentar junto aos eleitores.
Mas para que sua presença física tenha o impacto desejado, são  necessários roteiros bem traçados e encontros bem preparados.
O planejamento do roteiro de “visitas às bases” precisa levar em conta visitas periódicas, durante o mandato, aos mesmos locais para que não se crie a imagem do político que só aparece no momento de pedir voto.
Nesse sentido, as datas comemorativas, de caráter religioso ou não, são boas oportunidades para que os parlamentares sejam vistos. Além das datas comemorativas é importante aceitar certos convites para festas de casamento, aniversários, pois estas sempre são oportunidades para conversar com eleitores e pessoas que possam ser futuros cabos eleitorais.

Governo Dilma e o desempenho da economia brasileira: Mediocridade esférica


Recomendo a leitura do artigo “Governo Dilma e o desempenho da economia brasileira: Mediocridade esférica” do economista Reinaldo Gonçalves (UFRJ). "Nunca antes na história desse país, os ricos mandaram tanto capital para o exterior - algumas dezenas de milhares de brasileiros, de gente rica e muito rica. Por outro lado, no que se refere ao povo, às massas, não há as alternativas de sonegação, corrupção, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, fuga de capitais e proteção frente ao risco-Brasil e ao Desenvolvimento às Avessas..."

 
Verificar em: http://bit.ly/1dzaP3M

segunda-feira, 10 de março de 2014

Palestra: Pará Estratégico - uma agenda para o desenvolvimento estadual

      Acontecerá no próximo dia 17 de março, no Auditório B do ICED/UFPA  às 18h30min, a aula inaugural da Faculdade de Economia da UFPA com o tema “Pará Estratégico - uma agenda para o desenvolvimento estadual”, a ser ministrada pela Dra. Maria Amélia Rodrigues da Silva Enriquez.

Curso: Curso Licitações – Pregão Eletrônico e Presencial


O Conselho Regional de Economia do Pará (CORECON-PA) realizará no próximo dia 25 de março o Curso Licitações – Pregão Eletrônico e Presencial. Maiores informações podem ser obtidas no link:  http://www.coreconpara.org.br/curso_capacitacao_pregoeiros.php

sexta-feira, 7 de março de 2014

Corecon-Pa realizará 5ª edição do “Dialogando”


“Emprego e renda: impactos na economia paraense” é o tema escolhido para a 5ª edição do Dialogando Economia com a Sociedade, que acontece no dia 11 de março, a partir das 19h, no auditório do Conselho Regional de Economia do Pará. O debate contará com a presença de um representante da Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Renda, do supervisor técnico do Dieese Roberto Sena e do professor universitário José Stênio. Entre os assuntos que devem ser abordados, merece destaque o cenário atual da geração de emprego e renda no Pará, o modelo econômico do Estado, os indicativos para o desenvolvimento local, entre outras temáticas de interesse social.