terça-feira, 28 de julho de 2015

Instituições financeiras preveem que a crise será pior do que o inicialmente imaginado


Ontem o Banco Fibra anunciou a revisão da sua previsão de queda do PIB em 2015 de -1,7% para impressionantes -3,1%. Para 2016, a expectativa foi de -0,2% para -1%.
A revisão para baixo é a mais dramática entre as instituições financeiras, mas não é a única. No Boletim Focus divulgado hoje, a previsão para o PIB foi de recessão de -1,70% para -1,76% em 2015 e crescimento de 0,20%¨para 0,13% em 2016.
Em junho, a mediana para o ano que vem ainda estava em 1%, mas agora muitos bancos já falam em dois anos seguidos de recessão. O Itaú revisou sua projeção de queda do PIB em 2015 de -1,7% para -2,2% e já prevê queda de -0,2% em 2016.
O Credit Suisse acaba de revisar sua projeção de recessão este ano de -1,8% para -2,4%; para 2016, a previsão de um crescimento de 0,6% virou uma nova contração de 0,5%.
O anúncio da revisão da meta fiscal pelo governo federal sinalizou que o ajuste e a crise serão mais difíceis do que o previsto e mexeu com as expectativas. A previsão do Bradesco BBI foi -2% para -2,2% em 2015 e de 0,3% para -0,8% em 2016.

terça-feira, 21 de julho de 2015

União pagará R$ 1,95 bilhão da Lei Kandir até dezembro: brincadeira?


Os jornais trouxeram a informação no dia de hoje que o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou que a União repassará ainda este ano R$ 1,95 bilhão referentes às perdas que os estados tiveram com a Lei Kandir. Este dado mostra o quão distorcido e injusto está o nosso arranjo federativo fiscal.
Somente ano passado, só o estado do Pará deixou de arrecadar mais de R$ 2,5 bilhões com a isenção tributária imposta pela famigerada Lei Kandir. E o governo federal acena com R$ 1,95 bilhão para todos os estados? Enquanto não houver uma pactuação justa, o esgarçamento federativo continuará em processo.
A título de informação. O Orçamento Geral da União prevê para 2015 o pagamento de R$ 3,9 bilhões como compensações pelas perdas.

Juros deverão subir na semana que vem


Na semana que vem ocorrerá nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Se nenhum fato anormal acontecer tudo indica que o Comitê deliberará pelo sexto aumento consecutivo da taxa básica de juros da economia, elevando a mesma em 0,5 pontos percentuais.
Com a elevação da Selic para 14,25% a.a. o Banco Central espera diminuir ainda mais a pressão inflacionária da economia, tentando convergir o nível geral de preços da economia para o centro da meta da inflação em 2016 que é de 4,5%. Obviamente há um preço a ser pago, desaceleração da economia, aumento do desemprego, aumento do endividamento das famílias e queda do consumo.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O fatídico mês de Maio de 2015: o PIB e o emprego


Dados divulgados referentes ao comportamento da economia brasileira no mês de maio mostram que a crise econômica está longe de sua inflexão. Segundo indicador divulgado na última sexta-feira pelo Banco Central (BC), a atividade econômica no Brasil ficou estagnada em maio, mês no qual registrou um avanço marginal de 0,03%, após dois meses em baixa. O resultado do chamado Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que o BC considera como uma medição prévia do Produto Interno Bruto (PIB), acumulou uma contração de 2,64% nos cinco primeiros meses do ano.
A retração da economia brasileira nos últimos 12 meses fechados em maio foi de 3,08% segundo este indicador de periodicidade mensal. Até agora, as previsões do governo brasileiro admitem que a economia se contrairá este ano cerca de 1,2%, embora as projeções do mercado financeiro apontam para que a queda será de pelo menos de 1,5%.
Em qualquer caso, ambas as projeções representariam o pior dado para a maior economia da América Latina desde 1990. Segundo dados oficiais, a economia brasileira diminuiu 0,2% no primeiro trimestre de 2015 em relação ao período anterior. 
No ano, o emprego acumula baixa de 5% e nos últimos 12 meses, de 4,4%. Pela quinta vez seguida, o emprego na indústria recuou. De abril para maio, a queda foi de 1%, a mais intensa desde fevereiro de 2009 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recuo nesse mês foi o mais intenso desde fevereiro de 2009 (-1,3%) Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda foi ainda maior, de 5,8%.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Medida Provisória cria Fundo de Compensação e Desenvolvimento Regional


Tive conhecimento de que ontem o governo federal publicou, no Diário Oficial da União, Medida Provisória que cria o Fundo de Compensação e Desenvolvimento Regional para os estados e o Fundo de Auxílio à Convergência das Alíquotas do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Pelo que foi divulgado, a medida serve para compensar os estados que perderem com a possível unificação do (ICMS), viabilizando a reforma no tributo. O que não ficou claro para mim, ainda, é de que forma esta medida impactará o estado do Pará.

Comparações entre EUA e Brasil – façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço!


O governo dos EUA informou no dia de ontem que houve revisão nas projeções de crescimento da economia nacional para 2% em 2015, reduzindo a estimativa anterior que era de 3%. Ao mesmo tempo informou que estão aumentando drasticamente a estimativa de déficit fiscal, dos anteriores 128 bilhões de dólares, para 455 bilhões de dólares, em torno de 2,6% do PIB.
No Brasil o Ministro do Planejamento Nelson Barbosa ratificou aontem que a meta brasileira perseguida para 2015 é de um superávit de R$ 66,3 bilhões, 1,1% do PIB. Ao mesmo tempo informou que está sendo discutido no seio do governo a fixação de uma banda (faixa de tolerância) para a meta de superávit primário, em meio ao cenário de dificuldade de cumprimento do alvo fiscal.
De posse disto é inevitável não fazer algumas comparações. Os EUA têm crescimento econômico e o Brasil queda do PIB, as taxas de juros americanas são extremamente baixas se comparadas a Selic brasileira, nos EUA a discussão é pelo aumento do déficit fiscal e no Brasil é a garantia do superávit primário.
Às vezes me pergunto que manuais de macroeconomia eles estão usando lá? Parecem que estudam outra Teoria Macroeconômica? Acho que não, é a lógica do façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço!

terça-feira, 14 de julho de 2015

Governo estuda cobrar consumidor por perdas das hidrelétricas?


A informação divulgada no dia de ontem de que o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, está estudando a possibilidade de repassar para o consumidor o ônus com o déficit na produção de usinas hidrelétricas quando ele for maior que 10%, é no mínimo preocupante.
Pela informação circulante o ministro está em negociação com os agentes do setor elétrico sobre o assunto e já na próxima semana o governo federal deverá ter uma posição concreta sobre o tema.
Para quem não lembra, em junho o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Luiz Eduardo Barata, estimou que o déficit financeiro das hidrelétricas devido à seca terá impacto ainda maior no segundo semestre em função da estratégia adotada pelas empresas para distribuir a energia comercializada ao longo do ano. O executivo indicou que o resultado da alocação de energia feita pelas empresas, um processo chamado de "sazonalização", faz com que a diferença entre a geração e os contratos de venda das usinas fique maior na segunda metade do ano, período em que o nível dos reservatórios tende a uma trajetória de retração. Desta forma, para cumprir com os compromissos, as geradoras precisam contratar energia mais cara no mercado de curto prazo.
Ao que tudo indica, a conta poderá recair mais uma vez nos consumidores.

Para matar o carrapato vamos sacrificar o boi


   O último relatório Focus, do Banco Central, apresenta uma mudança de expectativas com relação à taxa de juros, antecipando o viés de alta a ser chancelado na próxima reunião do COPOM, que acontecerá nos dias 28 e 29 de julho próximos.
   Ao que tudo indica haverá novo aumento de 0,5 p.p., o que elevará a Selic para 14,25% a.a., o dobro da taxa de 7,25% que vigorava antes deste ciclo, fundamentalmente em decorrência do viés de alta da taxa inflacionária apresentada pelo mercado, superior a 9% em 2015.
  Outros números também chamam atenção neste contexto, principalmente o aumento do desemprego, e a queda no PIB nacional projetada para este ano em torno de 1,5%.
   Com esta medida ao lado do ajuste fiscal em curso e o aumento da carga tributária, usando uma figura de linguagem, ao que parece o governo federal “para matar o carrapato está sacrificando o boi.”

Para acesso ao ultimo relatório do Boletim Focus: http://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20150710.pdf